segunda-feira, 30 de março de 2015

PERIGO SÓ DO CONHECIMENTO SUPERFICIAL TEOLOGICO


Relativismo, absolutismo e a burrificação da teologia brasileira



Durante dois anos dediquei parte do meu tempo para discutir com relativistas ateus acerca da existência de uma verdade universal e absoluta. Sabe o que eu descobri? Que algumas pessoas têm uma vontade enorme de discordar, mesmo em face das maiores evidências. A segunda grande lição que tirei foi que o relativista é um debatedor desleal; como debater a verdade com alguém que crê que todas as proposições são igualmente verdadeiras (não havendo, conseqüentemente, nenhuma verdade?).
Mas se há (e eu tenho absoluta certeza que há!) uma verdade acerca da verdade, é que ela independe da nossa opinião sobre ela. Antigamente a humanidade achava que a terra era plana, mas a crença daquele homem primitivo e medieval não pode mudar a verdade de que a terra é redonda. Eles estavam bem intencionados, mas fracassaram. A verdade sempre existirá, independente do modo como nos relacionamos com ela.
Neste mundo pós-moderno com sua porteira aberta para o absurdo, não faltam cidadãos politicamente corretos para tratar de convencer-nos que a moralidade, por exemplo, nada mais é do que uma convenção social. Não existe um comportamento certo ou errado; não há regras exteriores a nós para se cumprir, tudo começa e termina em nós mesmos. Contudo, mesmo o maior dos relativistas abominará a idéia de ter uma esposa “relativamente fiel”. Neste caso, ele está absolutamente seguro que a fidelidade é um padrão moral legítimo, verdadeiro. Para muitos, todo comportamento é correto, até o dia que um tarado pervertido estupre a sua filhinha indefesa. Isso acontece porque a verdade nem sempre é evidente em nossas ações, mas pode ser percebida em nossas reações.
A exegese e a hermenêutica também tem sofrido influencia do relativismo. Há uma multidão de crentes relativizados, tratando de convencer-nos que o balão é azul, roxo e verde ao mesmo tempo. Para estes pseudo-pensadores, as palavras de Jesus tem um milhão de interpretações possíveis (e igualmente válidas). Quanta frescura! É claro que a Bíblia às vezes usa metáforas, analogias e parábolas, mas nestes casos o sentido do texto é claro. Do mesmo modo, há inúmeras passagens que são literais, e o sentido destas palavras é igualmente claro.
Às vezes penso que esta idéia burrificada de que cada um deve interpretar a Bíblia a sua maneira, e que verdades contradizentes podem ser igualmente verdadeiras é produto do péssimo sistema educativo brasileiro. A grande maioria dos alunos do ensino médio é incapaz de interpretar textos simples! Entende a gravidade do problema? Os nossos queridos relativistas morais e religiosos são, em grande parte, vítimas deste processo.
Por tudo isso que eu afirmo sem medo de errar: “não é o excesso de intelectualidade que está sufocando a igreja brasileira, mas a ausência dela”. E nestes dias confusos, quando os homens “chamam o mal de bem e o bem de mal”, nada pode ser mais normal do que uma multidão de ignorantes sendo aclamados como pensadores e filósofos, enquanto os verdadeiros pensadores são relegados ao anonimato. A burrice virou sinônimo de intelectualidade, e aqueles que usam o cérebro e contrariam as convenções pós-modernistas são chamados de intolerantes e irracionais.
Lamentável, desconcertante, triste, mas… não menos verdadeiro.

 

 

A letra assassina e o ladrão destruidor: os perigos da superficialidade bíblica


 “Era pouco mais de 20 horas de uma sexta-feira chuvosa. Luizinho, recém convertido através do “encontro com Deus” e com muita vontade de saber mais sobre a fé que lhe fora anunciada, chega para sua primeira aula na “escola de líderes” em uma grande igreja neopentecostal adepta ao G12.
Luizinho, muito empolgado e feliz por ter a oportunidade de aprender mais sobre a Bíblia, indaga ao professor:
– Estou louco para começar a estudar teologia com vocês, meus irmãos!
O professor, com ar de reprovação, responde:
– Luizinho, aqui nós não aprendemos teologia, pois você pode esfriar espiritualmente e desviar-se da fé, porque a Bíblia diz que a letra mata, mas o espírito vivifica.
Luizinho conferiu o versículo na Bíblia e convenceu-se do que o professor afirmou. A partir de então, não se preocupou em estudar a Bíblia a fundo, concentrando-se na “busca espiritual sobrenatural” e nos estudos dos manuais de estratégias G12, dos quais o transformou num produtivo multiplicador de células. Porém, depois de algum tempo não se teve mais notícias de Luizinho. Alguns dizem que o mesmo desviou-se da fé por não ter conseguido bater as metas de multiplicação, impostas pelo apóstolo líder da Igreja.
Outro dia, irmã Mariazinha dirigiu-se ao templo de sua Igreja para um círculo de oração, juntamente com o Pastor e demais irmãos. Logo, começaram uma oração forte pela restituição financeira. Mariazinha, de forma desesperada, pede uma oração ao Pastor afirmando que estava preocupada, pois além de desempregada, todo o dinheiro que ela tinha recebido de um acerto trabalhista havia se perdido em apenas um dia, gasto compulsivamente com roupas e eletrônicos. O Pastor, ao orar, proclamou:
– Satanás, devolva o dinheiro que você roubou da Mariazinha, em nome de Jesus!
– Pastor, então foi Satanás que roubou meu dinheiro? – de forma duvidosa a irmã pergunta.
– Claro irmã, você nunca leu, na Bíblia, que o diabo veio para roubar, matar e destruir? Está escrito lá em João 10:10 – responde o Pastor.”
Estas são histórias fictícias, porém realísticas no sentido ilustrativo do que acontece em muitas igrejas. Trata-se de um dos maiores problemas enfrentados em muitas denominações brasileiras, principalmente neopentecostais: a falência da correta interpretação bíblica. Ou, se preferirem: a superficialidade bíblica!
Interpretar as escrituras de maneira alegórica, pegando textos isolados de seus respectivos contextos, transformando-os em pretextos para justificar a espiritualidade mística particular, é o que podemos denominar de “neomisticismo herético”. Trata-se de uma perniciosa prática de interpretação que ignora totalmente a análise teológica dos textos bíblicos, pois defende que o necessário para se ler a Bíblia é unicamente à oração e o jejum, posteriormente a iluminação do Espírito Santo virá sobre o texto como revelação. Em muitas Igrejas contemporâneas, esta prática é defendida com afinco, embora não seja algo novo.
Este método é errado e perigoso, pois ignora totalmente o entendimento correto dos textos bíblicos e exprime alegoricamente o significado segundo a interpretação particular de quem lê. Neste caso, a Bíblia deixa de ser a palavra de Deus para tornar-se palavra individual de quem interpreta, proporcionando assim as mais absurdas interpretações místicas.
Calvino defendia a hermenêutica “orare et labutare”, ou seja, a oração para buscar a iluminação do Espírito Santo, juntamente com o estudo diligente da Bíblia através do método gramático-histórico[1]. Para ilustrar este método, Lutero empregou uma figura como exemplo: “um barco com dois remos, o remo da oração e o remo do estudo. Com um só destes remos, navega-se em círculo, perde-se o rumo, e corre-se o risco de não chegar a lugar algum.”[2]
Oração e estudo são princípios básicos fundamentais para compreender as Escrituras. Para tanto, você não precisa ser um exímio exegeta acadêmico, embora reconheça a grande importância do preparo teológico para todos. Em todo caso, para detectar os erros de interpretação bíblica, em primeira instância basta analisar o contexto direto, ou seja, os versículos que precedem e os que seguem imediatamente nas passagens bíblicas.
O contexto imediato informa o verdadeiro entendimento consistente na passagem, bem como o pano de fundo em que o autor escreveu (tema, propósitos do autor, cenário histórico, tipo de literatura – parábola – poesia – apocalíptica – ensino, a quem foi escrito etc.). Deve-se levar em conta também o contexto amplo nas Escrituras (quais são as outras passagens na Bíblia que abordam sobre o mesmo assunto) e por último, caso seja necessário, incluir no estudo a identificação de termos chaves (palavras difíceis que necessitam de análise textual), nos quais um bom dicionário linguístico e uma concordância bíblica podem ajudar. Com estes importantes passos hermenêuticos, chegaremos ao correto entendimento bíblico[3].
Depois desta explicação básica, agora vamos pegar os exemplos das passagens bíblicas citadas no começo do artigo, para analisar o nível de gravidade que um texto mal interpretado pode ocasionar.
A primeira passagem citada de forma superficial é a segunda parte de 2Co 3:6, onde diz: “porque a letra mata, mas o espírito vivifica“.
Conforme foi utilizado no caso fictício apresentado, muita gente cai no mesmo erro ao afirmar que a “letra” (o ensino teológico) “mata” a fé do crente, enquanto o “espírito” vivifica. Ou seja, o ensino teológico é amplamente marginalizado com esta afirmação, transformando-o em motivo para esfriamento de fé.
Neste caso, estaria o Apóstolo Paulo afirmando que o estudo das escrituras seria um suicídio espiritual? Ou melhor: Estaria Paulo indo contra a sua própria erudição e conhecimento teológico, dos quais ele mesmo utilizou diversas vezes para pregar o evangelho (Atos 17, 18 e 19)?
Na verdade, o contexto direto desta passagem nos dá a resposta:
“3: Estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações. 4: E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus; 5: não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus, 6: o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica. 7: E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de glória, a ponto de os filhos de Israel não poderem fitar a face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, ainda que desvanecente, 8: como não será de maior glória o ministério do Espírito!” (2 Co 3:3-8, negrito meu)
Após a leitura do contexto direto, não é difícil perceber que Paulo estava falando da superioridade da nova aliança sobre a antiga! A “letra” que o apóstolo fala não é o ensino teológico, mas sim uma alusão à lei mosaica (vs 3 e 7), na qual a mesma “mata” pelo fato da necessidade de obediência irrestrita, algo inalcançável, devido o peso de glória contraposto ao corrompido ser humano em pecado, trazendo assim morte espiritual (Gl 3:10). Porém, o espírito vivifica pelo ato de escrever a lei de Deus nas “placas de carne”, ou seja, em nossos corações (vs 3).
Portanto, esta passagem não dá qualquer margem de interpretação para afirmar uma condenação ao ensino teológico. Na verdade, é importante colocar o significado da palavra Teologia: no grego théos = Deus + logos = conhecimento[4]. A teologia então, simplesmente é uma forma de se organizar o estudo sobre Deus, sobre os ensinos bíblicos. Em outras palavras, quando você estuda a Bíblia, você está fazendo teologia!
A segunda passagem interpretada de forma superficial é: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.” (Jo 10.10)
Estaria Jesus afirmando nesta passagem que o ladrão que mata, rouba e destrói é Satanás? Embora eu reconheça que as intenções do adversário, de fato são essas, o contexto direto da passagem nos dá uma pista de quem é o “ladrão” que Jesus está se referindo, bem como no contexto amplo mostra com exatidão o sentido da metáfora de Jesus, vejamos:
“8:Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não lhes deram ouvido. 9: Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará passagem. 10: O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. 11: Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. 12: O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa. 13: O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado com as ovelhas. 14: Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, 15: assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas.”(Jo 10:8-15, negrito meu)
Juntando todo o contexto da passagem, notamos que Jesus não está especificando alguém em particular como “ladrão supremo”. Mas direciona um conceito genérico para aqueles que tomam o bem alheio de forma indevida, mesmo que tal atitude inclua matar e destruir. Ao contrário da obra de Cristo que é trazer vida em abundância (leia-se vida espiritual, vida eterna), os “falsos mestres” agiam como verdadeiros ladrões mercenários. O mercenário que pastoreia as ovelhas para fins lucrativos, no primeiro momento de perigo as abandona (vs 12). Ele não tem genuíno cuidado para com as ovelhas, pois é falso pastor (vs 13), desta maneira o rebanho torna-se presa fácil para lobos. O bom pastor conhece as suas ovelhas e dá a vida por elas (vs 15). Este era o foco metafórico de Jesus.
Enfim, após o exame detalhado das duas passagens que pegamos como exemplo, podemos ver o quanto uma interpretação alegórica pode prejudicar o correto entendimento bíblico.
Precisamos corrigir este problema de maneira urgente. A Hermenêutica deve ser matéria obrigatória em todas as escolas bíblicas dominicais e grupos de estudos, pois se não interpretarmos a Bíblia da maneira correta, como vamos conhecer a vontade de Deus através de sua Palavra? Para tanto, precisamos de preparo adequado para compreender corretamente os ensinos bíblicos. Isto é obrigação de todos, principalmente das lideranças da Igreja.
Sola Scriptura!
NOTAS:
[1] Para maiores informações sobre o método Hermenêutico Gramático-Histórico, veja no link abaixo:
http://tempora-mores.blogspot.com.br/2006/06/por-que-prefiro-o-mtodo-gramtico.html
[2] Citado por Paulo R. B. Anglada em: Hermenêutica Reformada das Escrituras. Fides Reformata 02/01/1997.
[3] Para um melhor entendimento sobre como fazer uma hermenêutica correta, veja este excelente guia:http://www.monergismo.com/textos/hermeneuticas/guia_interpretacao_biblica_white.htm
[4] Dicionário Bíblico Strong – Léxico Hebraico, Aramaico e Grego – SBB – 2002, págs. 1401 e 1488.

 

 

Ser como Cristo praticando a Palavra


 “Meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós” (Gl 4.19).
A epístola aos Gálatas foi escrita às igrejas do Sul da Galácia fundada por Paulo e Barnabé quando de sua primeira viagem missionária, ou seja, quando eles estiveram em Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra e Derbe (At 13.13-14.25).
Esta carta teve dois motivos básicos quando foi escrita: a defesa do apostolado de Paulo e frear as heresias que estavam entrando nessas igrejas. As igrejas da Galácia haviam sido invadidas pelos falsos mestres judaizantes logo após a primeira viagem missionária de Paulo e Barnabé. Esses mestres judaizantes estavam ensinando que os gentios deveriam ser circuncidados e que deveriam observar a Lei de Moisés para serem salvos, ou seja, eles estavam dizendo que a graça de Cristo não era suficiente para que eles alcançassem a salvação. Eles interpretavam tanto a Lei quanto o Evangelho erradamente.
Eles não entendiam que o papel da Lei não é salvar, mas revelar o pecado. A função da lei não é levar a homem ao céu, mas conduzi-lo ao Salvador.
Podemos dizer que a carta aos Gálatas é um tratamento de choque para uma igreja que está com o pé na estrada da apostasia [1].
Por isso que o apóstolo dos gentios diz com tanta veemência: “sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós” (Gl 4.19b).
SER COMO CRISTO PRATICANDO A PALAVRA é andar nos passos do Mestre sem olhar para trás. Como disse Jesus:“Porque não procuro a minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou” (Jo 5.30).
SER COMO CRISTO PRATICANDO A PALAVRA é nos posicionarmos contra as heresias que hoje tem invadido as nossas igrejas. Como disse Paulo a Tito: “Porque existem muitos insubordinados, palradores frívolos e enganadores, especialmente os da circuncisão. É preciso fazê-los calar, porque andam pervertendo casas inteiras, ensinando o que não devem, por torpe ganância” (Tt 1.10,11).
Se realmente queremos ser como Cristo praticando a palavra, nós precisamos estar como o apóstolo Paulo atento as heresias que tentam destruir a igreja nos dias de hoje, pois o próprio apóstolo nos diz que era imitador de Cristo (1Co 11.1). Dentro desse contexto desta carta vemos que Paulo se apresenta como uma mãe em agonia de parto (Gl 4.19b). Por isso quero destacar algumas coisas básicas que Paulo fez e que serve de exemplo para todos nós hoje:
A primeira coisa que observamos é que o apóstolo Paulo lutou em defesa do Evangelho:
“Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo” (Gl 1.6,7).
O apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos 1.16 disse: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego”.
Existem três tipos de pessoas: os que se envergonham do evangelho, os que são vergonha para o evangelho e os que não se envergonham do evangelho.
Os que não se envergonham do Evangelho o defendem com unhas e dentes. Foi isso que Paulo fez. As igrejas da Galácia estavam trocando o verdadeiro evangelho por um falso evangelho. Trocando a liberdade de Cristo pela escravidão da Lei.
Hoje não estamos vivendo dias diferentes da época de Paulo, pelo contrário, o mesmo espírito que agiu naquela época é o mesmo espírito maligno que atua hoje tentando perverter o verdadeiro Evangelho. Como está escrito em 1Tm 4.1:“Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios”.
Se não, vejamos o que tem atuado em muitas igrejas hoje:
O Evangelho da Prosperidade – onde a benção e a graça de Deus sobre a pessoa é medida pelos bens que ela possui. Teologia esta que está na maioria dos púlpitos das igrejas pentecostais e neopentecostais. Descobri recentemente um detalhe interessante nesta teologia, que Cristo morreu na Cruz do Calvário para que eu tivesse muita saúde, carro zero, casa na praia e ser muito rico, ou seja, Jesus não passa de um gênio da lâmpada.
Teologia Inclusiva – A Teologia Inclusiva, como a própria denominação sugere, é um ramo da teologia tradicional voltado para a inclusão, prioritariamente, dos homossexuais. Segundo os seus adeptos, a Teologia Inclusiva contempla uma lacuna deixada pelas estruturas religiosas tradicionais do Cristianismo, pois, por meio da Bíblia, compreende que todos os que compõem a diversidade humana, seja ela qual for, têm livre acesso a Deus por meio do sacrifício de Jesus Cristo na cruz. É o famoso venha como está e fique como está.
Alguns textos que condenam o homossexualismo: Gn 19; Lv 18.22, 20.13; Rm 1.24-28,32; 1Co 6.9,10; 1Tm 1.8-10. Mas Deus é poderoso para mudar a vida dessas pessoas.
Teísmo Aberto ou Teologia Relacional – O atributo mais importante de Deus é o amor. Todos os demais estão subordinados a este. Isto significa que Deus é sensível e se comove com os dramas de suas criaturas. Deus não é soberano. Deus ignora o futuro, pois ele vive no tempo, e não fora dele. Ele aprende com o passar do tempo. Deus se arrisca. Ao criar seres racionais livres, Deus estava se arriscando, pois não sabia qual seria a decisão dos anjos e de Adão e Eva. E continua a se arriscar diariamente. Deus corre riscos porque ama suas criaturas, respeita a liberdade delas e deseja relacionar-se com elas de forma significativa.
Igrejas Emergentes – As igrejas emergentes estão mais preocupadas com o ouvinte do que com a mensagem em si, e em seu desejo de pregar um evangelho que seja “aceitável” ao homem pós-moderno, acabam por negligenciar os pressupostos básicos do cristianismo, chegando mesmo a negar a literalidade do nascimento virginal de Cristo, seus milagres, a ressurreição de Jesus e a existência do inferno eterno. É “a preferência pela vivência correta ao invés da doutrina correta”. Teologia passa longe dessas igrejas.
Missão Integral – Esse evangelho não passa de uma variante protestante da Teologia da Libertação. Os que defendem essa teologia são líderes cristãos que continuam trancados no armário do socialismo [2].
Teologia Liberal (ou liberalismo teológico) A “Teologia Liberal é um movimento que, iniciado no final do século XIX na Europa e Estados Unidos, tinha como objetivo extirpar da Bíblia todo elemento sobrenatural, submetendo as Escrituras ao crivo da crítica científica (leia-se ciências humanas) e humanista. No liberalismo teológico, geralmente, não há espaço para os milagres, profecias e a divindade de Cristo Jesus”. Relativizando a autoridade da Bíblia, o liberalismo teológico estabeleceu uma mescla da doutrina bíblica com a filosofia e as ciências da religião. Ainda hoje, um autor que não reconhece a autoridade final da Bíblia em termos de fé e doutrina é denominado, pelo protestantismo ortodoxo, de “teólogo liberal”. Um pequeno exemplo nós encontramos em relação à existência de Jó. Para os liberais ele não passa de uma alegoria, mas então eu me questiono porque que em Ez 14.14,20; Tg 5.11 falam dele como se ele fosse um personagem real. Então eu fico com a Bíblia e não com os defensores dessa teologia.
Bem disse Jesus “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” (Mt 22.29).
Por eu lutar contra essas coisas que estão entrando em muitas igrejas eu tenho sido taxado de conservador. Como se isso fosse uma ofensa para mim, mas lhes digo que não é.
A segunda coisa que observamos é que o apóstolo Paulo lutou pela singularidade do Evangelho:
“Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema” (Gl 1.8,9).
Depois de falar da apostasia da igreja e da ação nociva dos falsos mestres, Paulo reafirma a singularidade do Evangelho, afirmando que todos aqueles que pervertem o evangelho e perturbam a igreja com falsas doutrinas estão debaixo da maldição divina. Três coisas nós observamos aqui:
Em Primeiro lugar – o evangelho é maior que os apóstolos. A mensagem é maior que o mensageiro. A prova do ministério de uma pessoa não é a sua popularidade: “Levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos”(Mt 24.11), nem os sinais e prodígios miraculosos que ela realiza: “Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis; porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos” (Mt 24.23,24), mas sim sua fidelidade à Palavra de Deus:“Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.14-17).
Em Segundo lugar – o evangelho é maior que os anjos. (Hb 1.14: “Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação?” Tem igrejas que ouvem e veem anjos voando pra lá e pra cá e ouvem os seus “recados”, mas estão surdas a voz de Deus através de Sua Palavra.
Em Terceiro Lugar – o evangelho puro e simples traz bênção, mas o evangelho adulterado gera maldição. A palavra ANÁTEMA quer dizer banimento divino.
A terceira coisa que observamos é que o apóstolo Paulo mostrou qual era a sua verdadeira motivação em pregar o Evangelho:
“Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo” (Gl 1.10).
O apóstolo Paulo não era um político nem agia como tal, mas um embaixador do Reino de Deus. Seu propósito não era agradar aos homens, mas levar a eles a mensagem da salvação que lhe fora designada.
Duas coisas eu quero destacar aqui:
Em primeiro lugar: Paulo não negociou a verdade para procurar o favor dos homens (v 10a). No Evangelho Emergente o apóstolo Paulo seria banido, pois ele não estaria agradando aos seus ouvintes com a sua teologia.
Em segundo lugar: Paulo estava a serviço de Cristo e não dos homens (v 10b). Paulo não pregava para agradar, pois não negociava a verdade da Palavra.
Charles Spurgeon dizia para seus alunos: “Meus filhos, se a rainha da Inglaterra vos convidar para serdes embaixadores em qualquer país do mundo, não vos rebaixeis de posto, deixando de serdes embaixadores do Rei dos reis e Senhor dos senhores”.
Diante da situação que se encontrava as igrejas da Galácia nós temos uma pequena ideia porque o apóstolo Paulo disse “sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós”. Porque na verdade Paulo era apóstolo, mas também era pastor. E na condição de pastor ele sofria por ver a igreja sendo atacada de forma tão cruel pelos judaizantes. Paulo se apresenta como uma mãe que sofre por seus filhos, mas não deixa de exortá-los (Gl 4.19): “Meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós”.
1) Paulo na condição de pastor aprofunda relacionamentos com os membros dessas igrejas – 19a – Paulo os chama de meus filhos. Como pai da fé dos Gálatas demonstra profundo desgosto pela imaturidade dessas igrejas, mas não deixa de lhes chamar a atenção por estarem errando.
2) Paulo na condição de pastor quer gerar filhos espirituais sadios – 19b– Não filhos deformados espiritualmente, mas perfeitos em Cristo.
3) Paulo na condição de pastor busca a maturidade dos crentes – 19c – Não basta nascer, é preciso crescer rumo à maturidade espiritual. Portanto qualquer sistema religioso que não produza o caráter de Cristo na vida de seus adeptos não é realmente cristão, mas um pseudo cristianismo.
SER COMO CRISTO PRATICANDO A PALAVRA é mais que pastorear, é lutar pela sã doutrina com todas as forças. É não esmorecer diante das adversidades e nem se vender a esse sistema corrompido institucionalizado que temos visto por aí.
Paulo defendeu o seu apostolado com a vida e não só com palavras. Ele viveu o que pregou e pregou o que viveu. Que o Senhor nos ajude a sermos assim também.
Notas:
[1] LOPES, Hernandes Dias. Gálatas, a carta da liberdade cristã. Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2011: p. 9.
[2] VENÂNCIO, Norma Braga. A Mente de Cristo Conversão e Cosmovisão Cristã. Ed. Vida Nova, São Paulo, SP, 2012: p. 49.

FONTE NAPEC.ORG

 

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