METEOROS QUE CAÍRAM
DO CÉU?
Ellen. G. White,
profetisa e baluarte da Igreja Adventista do Sétimo Dia e da Igreja Adventista
da Reforma, tem nos seus escritos grande credibilidade e admiração por todos os
membros dessas seitas. Diz, em êxtase, o autor do livro Sutilezas do Erro (p.
30): ...Os testemunhos orais ou escritos da Sra. White preenchem plenamente
este requisito, no fundo e na forma. Tudo quanto disse e escreve foi puro,
elevado, cientificamente correto e profeticamente exato.
A Palavra de Deus diz
que de uma mesma fonte não pode sair bênção e maldição ao mesmo tempo (Tg
3.10). Ou é de Deus ou não. Como nos foi dito por certo adventista: se um elo
da corrente está podre, toda corrente está comprometida. Baseado nesse
raciocínio, gostaria de levar o leitor ao questionamento, pois a inerrância só
pertence a Deus e sua Palavra. Se a Sra. White errou em um ponto, ela pode ter
errado em muitos outros, e até comprometido a salvação de alguém. O que vamos
relatar abaixo não é com o intuito de ofender ninguém, mas trazer à tona a
falibilidade do homem.
Percebemos, no texto
extraído do livro O Futuro Decifrado, como a profetisa adventista se preocupa
em fazer uma cronologia de eventos que se encaixem na pseudoprofecia de 22 de
outubro de 1844 — dia marcado pelos adventistas para a volta de Cristo. Ela
citou um evento isolado e o usou para florear a doutrina do suposto advento
que, mais tarde, passou a ser chamado de Juízo Investigativo, quando Jesus
teria saído do santo lugar e entrado no santíssimo (referindo-se ao templo judaico).
Até hoje esse evento é amplamente difundido em seus livros a fim de mostrar que
aquele engodo teve fundamento. Não só a doutrina da volta de Cristo e o Juízo
Investigativo estavam errados como também os fatos astronômicos citados pela
Sra. White estão fora de contexto. Mas os atuais adventistas insistem em
admitir que cientificamente estão corretos.
Tivemos, portanto, a
alegria de escrever para o Planetário e Escola Municipal de Astrofísica de São
Paulo sobre o fato descrito pela Sra. White e ficamos surpresos com o que
obtivemos. É claro que, através da Palavra de Deus, já sabíamos que tudo não
passava de um engano, mas depois da carta recebida percebemos que usar esse
argumento até hoje é abusar da ingenuidade cultural do povo brasileiro.
1) Ela associa a
chuva de meteoros ao texto de Ap 6.13. No entanto, ela se esquece que o v.14
está dentro de um contexto. Se um dos fatos tivesse ocorrido, o outro não
poderia passar desapercebido. Vejamos, então, o que nos diz os vv. 13 e 14: E
as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os
seus figos verdes, abalada por um vento forte. E o céu retirou-se como um livro
que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares. É
fato concreto que o v.14 não ocorreu, pois todas as ilhas e montes ainda estão
intactos, mostrando que esta teoria adventista é, com certeza, infundada. Se a
predição do v.14 não ocorreu, por conseqüência a do v. 13 também não. Isso
deveria ser compreendido facilmente pelos adventistas, mas o problema é a
afirmação de E.G. White, considerada por eles como o espírito da profecia: Esta
profecia teve notável e impressionante cumprimento na grande chuva meteórica de
13 de novembro de 1833. Se ela disse que tal profecia teve o seu cumprimento,
como dizer o contrário? Como seguidores de E.G.White, os adeptos do Adventismo
não têm como desmentir ou corrigir a edificadora e codificadora das doutrinas
dessa denominação.
2) De acordo com o
Planetário e Escola Municipal de Astrofísica de São Paulo, o evento em pauta só
ocorre com essa intensidade de 33 em 33 anos. Leiamos a carta que nos foi
enviada: ...Apesar de a Leonídea (chuva de meteoro) ocorrer anualmente, em
intervalos de 33 anos, aproximadamente, as chuvas são mais intensas, fato
vinculado ao cometa com a qual os Leonídeos estão associados: O Tempel (1866
I), cujo período orbital é de 32,2 anos. (parênteses nosso.) Ou seja, assim
como o cometa de Halley não é um evento apocalíptico, também não o é a chuva de
meteoros.
3) Há registros desse
acontecimento desde o ano 902 d.C. Assim, esse evento fica desqualificado como
sendo sinais eminentes da volta de Cristo. O que percebemos é que os
adventistas querem mistificar o dia 22/10/1844, sendo que foi o fato ocorrido
em 1833 que concebeu a idéia da suposta volta de Jesus Cristo. O que a Sra.
White não imaginava é que, num futuro próximo, a sua teoria a colocaria na
posição de falsa profetisa. Vejamos: Há registros de sua ocorrência desde o ano
902 de nossa era. Entretanto, somente a partir do final do século XVIII é que
os registros são mais freqüentes, provavelmente pelo fato de os astrônomos
profissionais e amadores terem sido despertados ...
A Sra. White errou no
fato descrito acima e qualquer estudante da Bíblia que observar as doutrinas
adventistas perceberá que eles estão equivocados. Não há dúvidas, esses erros
qualificam a Sra. E.G. White como falsa profetisa. A Palavra de Deus diz o
seguinte: Mas o profeta que tiver a presunção de falar em meu nome alguma
palavra que eu não tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros
deuses, esse profeta morrerá. E, se disseres no teu coração: Como conheceremos
qual seja a palavra que o Senhor falou? Quando o profeta falar em nome do
Senhor e tal palavra não se cumprir, nem suceder assim, esta é a palavra que o
Senhor não falou; com presunção a falou o profeta; não o temerás (Dt 18.20-22).
Em seu livro O Futuro
Decifrado, Ed.32º, p.36, a Sra. White narra o seguinte: Em 1833... apareceu o
último dos sinais prometidos pelo Salvador como indícios de seu segundo advento.
Disse Jesus: As estrelas cairão do céu (S. Mateus 24.29). E S. João, no
Apocalipse, declarou, ao contemplar em visão as cenas que deveriam anunciar o
dia de Deus: E as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira
lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte (Apocalipse 6.13).
Esta profecia teve notável e impressionante cumprimento na grande chuva
meteórica de 13 de novembro de 1833.
DOMINGO - O DIA QUE O
SENHOR FEZ!
“Este é o dia que o
Senhor fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele”
(Sl 118.24)
Por Edmar Cunha de
Barcellos
“Domingo, no Novo
Testamento, é chamado de ‘O dia do Senhor’. Em latim, dominica die, de onde
deriva seu nome nas línguas neolatinas, por exemplo: no espanhol, ‘domingo’; no
italiano, ‘domenica’; e no francês, ‘dimanche’, faladas por cerca de 400
milhões de pessoas”.
Domingo é um vocábulo
exclusivo do cristianismo. Essa palavra, bem como as suas análogas, não existia
em nenhuma língua do mundo até o final do século 1o, quando o apóstolo João criou
a expressão grega: Kuriakh ‛mera (kyriake hemera), vertida para o latim como:
dominica die.
Antigos documentos da
Igreja primitiva, transcritos para o russo, relatam que João, encarcerado na
ilha de Patmos, chorava muito ao chegar o primeiro dia da semana, ao lembra-se
das uniões para a Ceia do Senhor, celebrada sempre nesse dia: “No primeiro dia
da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão...” (At 20.7). E foi
justamente em um “primeiro dia da semana” que Jesus, ressuscitado, lhe apareceu
e lhe revelou os maravilhosos eventos do Apocalipse (Ap 1.10).
Certamente que todo o
livro não foi elaborado naquele mesmo dia. Mas o fato indiscutível é que Jesus
apareceu a João exatamente no “primeiro dia da semana”. Isso explica porque a
Ucrânia e a Rússia trocaram os nomes do primeiro dia da semana, que entre os
pagãos era chamado “dia do sol”, por uma expressão tão ou mais significativa do
que aquela adotada nos países de línguas neolatinas.
Lemos na Bíblia
ucraniana João afirmando que foi arrebatado no “dia da ressurreição” (Dien
voscrecii). De igual modo, na Bíblia russa também lemos: “Eu fui arrebatado em
espírito, no dia da ressurreição”. Aliás, na língua russa, todos os dias da
semana ficaram subordinados ao dia da ressurreição! Por exemplo: segunda-feira,
em russo, é pondielnik (“o dia após a ressurreição”); terça-feira, voftornik
(“o segundo dia após a ressurreição”); quarta-feira, sreda (“terceiro dia após
a ressurreição”), e assim por diante.
Vale realçar que o
apóstolo João, ao frisar o dia da semana em que Jesus lhe apareceu, criou uma
nova expressão na língua grega: Kuriakh hmera (kyriake hemera). Expressão esta
que deu origem à palavra “domingo”, conforme explanaremos a seguir. Mas antes
de continuarmos, para melhor compreensão dos nossos argumentos, recorreremos à
etimologia, que nos revelará a origem das palavras, o seu desenvolvimento
histórico e as possíveis mudanças de seu significado.
Vejamos alguns
exemplos de como as palavras evoluem:
•A palavra
“efeméride” provém de dois termos gregos: epi (“sobre”) e ‛he hemera, que
significa “dia”, de onde veio também o adjetivo efêmero, ou seja, “o que é
breve, transitório, passageiro”.
•A palavra “castigar”
provém do latim: castus (“irrepreensível”, “puro”, “fiel”) + agere (“fazer”).
Temos um emprego bíblico neste sentido quando o escritor aos hebreus declara
que Deus “castiga a quem ama” com a finalidade de nos tornar puros e fiéis a
Ele (Hb 12.6).
•As palavras “mouco”
(ou surdo) e “domingo” possuem também sua origem num texto de João. Vejamos:
“Então Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a, e feriu o servo do sumo
sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. E o nome do servo era Malco” (Jo
18.10). Malcus, do latim, deu origem à palavra “mouco”, em português,
significando aquele que não ouve, ou que ouve pouco ou mal; surdo.
Analisemos, agora,
Apocalipse 1.10 à luz do original grego, da etimologia, da hermenêutica
bíblica, da história e dos escritos patrísticos.
Eis o que os mais
abalizados biblicistas afirmam sobre a expressão joanina: kyriake hemera:
“Temos aqui a palavra
kyriakos, em um sentido adjetivado, isto é, “pertencente ao Senhor”.
Originalmente, esta palavra era usada com o sentido imperial, como algo que
pertencia ao César romano. ‘Os crentes primitivos [...] aplicaram-na ao
domingo, o primeiro dia da semana’. Esse é o uso que se encontra em Didaché 14
e Inácio, Magn. 9, que foram escritos não muito depois do Apocalipse”.
“‘O dia do Senhor’,
em Apocalipse 1.10, é tido pela maioria dos autores como o domingo”.
“O primeiro dia da
semana é, sem dúvida. ‘o dia do Senhor’, referido em Apocalipse 1.10”.
“A frase: ‘O dia do
Senhor’, Kuriakh ‛mera (kyriake hemera), ocorre uma só vez, e isto se dá no
último livro. Apocalipse 1.10 [...] expressava a convicção de que o domingo era
o dia da ressurreição, quando Cristo Jesus conquistou a morte e se tornou Senhor
de todos” (Ef 1.20-22; grifo do articulista).
Nem mesmo no texto
grego da Septuaginta encontramos a expressão Kuriakh‛mera, criada pelo apóstolo
João para aludir ao dia da ressurreição! A expressão hebraica “dia do Senhor”
sempre foi vertida para o grego como ‛ (hemera tou kyriou). Mas o que João
escreveu foi: Kuriakh ‛mera. Por que João teria usado uma expressão jamais
encontrada em qualquer outro escrito, sagrado ou profano? Cremos que pelas
seguintes razões:
1) Para indicar algo
também inédito na história da humanidade: a ressurreição de Cristo.
2) Para deixar bem
claro que se referia ao dia da ressurreição, o domingo, e não aos eventos
escatológicos da segunda vinda de Cristo, a parusia, que também é chamada “dia
do Senhor”, como nestes versículos:
a) “O sol se
converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes de chegar o grande e glorioso
dia do Senhor” (At 2.20).
b) “... Seja entregue
para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor” (1Co
5.5).
c) “Porque vós mesmos
sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite” (1Ts 5.2).
d) “Mas o dia do
Senhor virá como o ladrão de noite” (2Pe 3.10).
Há uma significativa
diferença entre a expressão “dia do Senhor”, alusiva à segunda vinda de Cristo,
e a expressão que encontramos escrita em Apocalipse 1.10, “dia do Senhor”,
referindo-se ao dia da ressurreição.
Kyriakos é uma forma
adjetivada da palavra KurioV (Kýrios – Senhor) e significa literal e
exatamente: “que diz respeito ao Senhor”; “concernente ao Senhor”; “pertencente
ao Senhor”; “senhorial”, ou “dominical”, e não “do Senhor”, como lemos em
algumas das nossas traduções.
A tradução literal de
Apocalipse 1.10 seria: “Eu fui arrebatado pelo espírito no dia senhorial”. Mas
este adjetivo, “senhorial”, derivado do termo “senhor”, raramente é usado. O
seu sinônimo é “dominical”, porque o português é uma língua neolatina.
“Senhor”, em latim, é Dominus. Assim, quando dizemos Dom Pedro II ou Dom
Evaristo Arns, estamos abreviando a palavra Dominus, para dizer: Senhor Pedro
II, Senhor Evaristo Arns. O mesmo processo etimológico acontece com o adjetivo
“popular”. Quando algo pertence ao povo, não dizemos “povoal”, mas “popular”,
porque, em latim, populus, significa “povo”.
Acertadamente,
Jerônimo verteu Kuriakh ‛mera (kyriake hemera) para a Vulgata Latina como
Dominica die (“dia dominical”, “domingo”) e não como dia domini (“dia do
Senhor”). Veja:
“Fui in spiritu in
dominica die et audivi post me vocem magnam tamquam tubae”(Ap 2.10).
Daí, a clássica
versão de Antônio Pereira de Figueiredo traduzir: “Eu fui arrebatado em
espírito hum dia de domingo, e ouvi por detrás de mim huma grande voz, como de
trombeta” (1819).
Resgatando verdades
históricas
Documentos escritos
nos três primeiros séculos, muito antes de Constantino existir (280-337),
adotaram e conservam, todos eles, a mesma expressão concebida pelo apóstolo
João para referir-se ao glorioso dia da ressurreição de Jesus Cristo.
Século 1º: O ensino
dos apóstolos
Possivelmente, contemporâneo
do Apocalipse: “E no dia do Senhor Kyriake hemera, congregai-vos para partir o
pão e dai graças”.
Século 2º : Escritos
de Melito de Sardes
Nestes escritos, há
um tratado sobre a adoração no domingo, intitulado: peri kyriakes (acerca do
dia dominical), “dia do Senhor”, isto é, “domingo”.
Ano 115: Epístola de
Inácio aos magnesianos
“Porque se no dia de
hoje vivermos segundo a maneira do judaísmo, confessamos que não temos recebido
a graça [...] Assim pois, os que haviam andado em práticas antigas alcançaram
uma nova esperança, já sem observar os sábados, porém modelando suas vidas
segundo o ‘dia do Senhor’ (Kyriaken zontes)”.
Ano 130: O “evangelho
de Pedro”
É um documento
histórico comprovadamente escrito no princípio do século 2o, e também se refere
ao dia da ressurreição usando o mesmo adjetivo kyriakes, que, na edição de
Jorge Luís Borges, é traduzido corretamente por “domingo”.
Ano 132, ou antes:
Epístola de Barnabé
“Portanto, também nós
guardamos o oitavo dia ( Kyriake hemera, ‘domingo’) para nos alegrarmos em que
também Jesus se levantou dentre os mortos e, havendo sido manifestado, ascendeu
aos céus”.
150—168: Justino
Mártir, Eusébio, Clemente de Alexandria
Escritores dos
séculos 2º e 3º, todos eles também adotaram o Kyriake hemera criado por João
para o “dia da ressurreição”, vertido para o latim como Domínica die (“dia
dominical”) e passado para o português como “domingo”!
A singularidade do
nome domingo
“E Jesus, tendo
ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana...” (Mc 16.9).
Alguns alegam que a
palavra “domingo” não consta na Bíblia. É verdade. Não encontramos nos textos
originais a palavra portuguesa “domingo”, como também não encontramos as palavras:
Deus, casa, livro, amor ou sábado, mas, sim, as suas correspondentes nas
línguas hebraica, aramaica ou grega.
Domingo é a tradução
literal da expressão criada pelo apóstolo João: Kuriakh ‛mera (kyriake hemera),
vertida para o latim como Domínica die e corretamente traduzida em todas as
versões da Vulgata para as línguas neolatinas como dominu lui, domingo, mingo,
domenica, dimanche, e outros nomes semelhantes no galego, no provençal, no
franco-provençal, no romeno, no reto-romano, no sardo e no dalmático, faladas
por mais de 400.000 000 de pessoas!
As seguintes
traduções: de Antônio Pereira de Figueiredo, do Centro Bíblico Católico, dos
Monges de Maredsous, de João José Pedreira de Castro, do dr. José Basílio
Pereira, do Mons. Vicente Zioni e Matos Soares, bem como qualquer outra versão
do Novo Testamento para o português ou para o espanhol, feita da Vulgata
Latina, trazem em Apocalipse 1.10 a palavra “domingo”.
Domingo não é um nome
importado do paganismo, como saturday (“dia de Saturno”), nem do judaísmo, como
shabath (“descanso”).
Domingo não é dia
comemorativo da criação do mundo nem da libertação do povo de Israel, tampouco
dia de descanso, pasmaceira, televisão, futebol, pescarias, clubes ou jogatina.
Domingo é dia de
oração, de adoração, dia de cultuarmos a Deus, dia de atividade espiritual,
como evangelismo, visita aos necessitados, aos encarcerados ou enfermos!
Domingo é o nome de
um dia exclusivo do cristianismo, criado por João para caracterizar e
distinguir o dia da vitória de Jesus sobre a morte, consumando a libertação de
toda a humanidade.
Domingo é o dia
aclamado por Davi, em sua jubilosa profecia sobre o dia da ressurreição: “Esta
é a porta do SENHOR, pela qual os justos entrarão. Louvar-te-ei, pois me
escutaste, e te fizeste a minha salvação. A pedra que os edificadores
rejeitaram tornou-se a cabeça da esquina. Da parte do SENHOR se fez isto;
maravilhoso é aos nossos olhos. Este é o dia que fez o SENHOR; regozijemo-nos,
e alegremo-nos nele” (Sl 118.20-24).
Observemos a exatidão
do cumprimento de cada sentença, de cada afirmação, de cada palavra desta
impressionante profecia escrita por volta de mil anos antes de Jesus nascer.
Esta é a porta
“Eu sou a porta; se
alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens” (Jo
10.9).
“Tendo sido, pois,
justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm
5.1).
“Porque por ele ambos
temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito” (Ef 2.18).
A pedra
“Ele é a pedra que
foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina”
(At 4.11).
Os edificadores
rejeitaram
“Diz-lhes Jesus:
Nunca lestes nas Escrituras: A pedra, que os edificadores rejeitaram, essa foi
posta por cabeça do ângulo; pelo Senhor foi feito isto, e é maravilhoso aos
nossos olhos? Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será
dado a uma nação que dê os seus frutos” (Mt 21.42,43).
Da parte do Senhor se
fez isto
“O Deus de nossos
pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro” (At
5.30).
Maravilhoso é aos
nossos olhos
“Ao qual Deus
ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido
por ela” (At 2.24).
Este é o dia que fez
o SENHOR
“E, no fim do sábado,
quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria
foram ver o sepulcro” (Mt 28.1).
“E, no primeiro dia
da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do sol” (Mt 16.2).
“E no primeiro dia da
semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que
tinham preparado, e algumas outras com elas” (Lc 24.1).
“E no primeiro dia da
semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu
a pedra tirada do sepulcro” (Jo 20.1).
“Chegada, pois, a
tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os
discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no
meio, e disse-lhes: Paz seja convosco” (Jo 20.19).
“E no primeiro dia da
semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de
partir no dia seguinte, falava com eles; e prolongou a prática até a
meia-noite” (At 20.7).
“No primeiro dia da
semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua
prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar (1Co 16.2).
Regozijemo-nos, e
alegremo-nos nele
“Assim também vós
agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração
se alegrará, e a vossa alegria ninguém vo-la tirará” (Jo 16.22).
“Regozijai-vos sempre”
(1Ts 5.16).
“Regozijai-vos sempre
no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos” (Fp 4.4).
Notas:
Enciclopédia Encarta
99. 1993-1998 Microsoft Corporation, sobre o verbete: domingo.
Patrísticos. Escritos
dos proeminentes líderes cristãos dos primeiros séculos, também chamados “pais
da Igreja”.
Enciclopédia de
Bíblia Teologia e Filosofia. Editora e distribuidora Candeia, 1991, vol. 2, p.
213.
HENRY Mattthew.
Comentário Bíblico. Editorial Clie (Barcelona),1999, p.1924-c
PETTINGILL William D.D. Bible Questions Answered, p.177. “The first day
of the week is doubtless ‘the Lord’s day’ refereed to in Ap 1.10”. Zondervan Publishing
House, Ninth Printing, Michigan, 1974.
ELWELL A. Walter.
Enciclopédia Histórica Teológica da Igreja Cristã. Soc. Religiosa Edições Vida
Nova, 1988.
Septuaginta, Versão
dos LXX, ou Alexandrina, é uma tradução do Antigo Testamento hebraico para o
grego feita em Alexandria, a mando de Ptolomeu II (Filadelfo) (284-247 a.C.).
Alguns livros não pertencentes ao cânon judaico foram incluídos nessa versão: (Tobias,
Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, I e II Macabeus, e acréscimos aos
livros de Ester e Daniel). Jerônimo verteu para a Vulgata Latina, explicando
que tais livros não pertenciam às Escrituras Sagradas judaicas. Mas o Concílio
de Trento, em 1548, os anexou ao Antigo Testamento, classificando-os como
“Deuterocanônicos”. Para os judeus, e para os evangélicos, porém, continuam
sendo “apócrifos”, úteis apenas como subsídios ao estudo da história e da
cultura judaica, mas sem a autoridade dos livros canônicos, inspirados por
Deus.
IUXTA VULGATAM
VERSIONEM Robertus Weber, Editio Altera Emendata, Stuttgart,1975.
Primeira edição
completa da Bíblia Católica. Lisboa, MDCCC XVIIII. Na Officina da Acad. R. das
Sciencias com licença da Meza do Desembargo do paço e privilégio.
(Didaché Ton
Apostollon). O Ensino dos Apóstolos, XIV. Libros Clie. Barcelona, Espanha.
R.N.Chaplin &
J.M. Bentes. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. 1991, vol. 2, p.213.
IGNÁCIO. (Pros tous
magnesiai). Aos magnesianos IX.
Evangelios Apócrifos.
Vol. 1, p.323-5. Hyspamérica ediciones S.A.Santiago, 12. 28013 Madrid, 1985.
Epístola de Barnabé,
15. LIGHTFOOT, J. B. Los Padres Apostólicos, p. 299-301- Libros Clie.
Barcelona, Espanha.
R.N.Chaplin &
J.M. Bentes. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. 1991, vol. 2, p. 214.
O DESAPONTAMENTO
ADVENTISTA
Por João Flávio
Martinez
Dissertando sobre as
frustrações emocionais pelas quais muitas pessoas passam em determinados
movimentos religiosos, o psicólogo Henry Gleitman, em seu artigo: “A teoria da
dissonância cognitiva”, elucida, do ponto de vista psicológico, a persistente
confiança do adepto de seita na doutrina, no grupo ou em seu líder, mesmo após
freqüentes decepções. Diz ele em sua introdução:
“As pessoas tentam
dar um sentido ao mundo ao redor, mas como? Procuram uma analogia entre as
próprias experiências e lembranças, e buscam uma confirmação de que a analogia
está certa na opinião dos outros. Se tudo vai dar certo, ótimo. Mas o que
acontece quando encontram-se incoerências?”.
Deparar-se com
incoerências doutrinárias (heresias) é uma constante que alguns sectários
sinceros são incapazes de negar. Prosseguindo em sua declaração, Henry diz que:
“O estudo de Asch (Solomon Asch, 1956) mostrou o que acontece quando há
discordância entre as próprias experiências (e as crenças fundadas nelas) e as
das outras pessoas. Mas, e se a incoerência estiver no interior das próprias
experiências ou nas crenças das pessoas? Isso vai provocar uma inclinação a
reconstruir uma coerência cognitiva, ou seja: a reinterpretar a situação de
maneira a tornar menor o desacordo encontrado. De acordo com as teorias de Leon
Festinger, isso acontece porque cada incoerência percebida entre os aspectos do
conhecimento, dos sentimentos e do comportamento é causa de angústia —
dissonância cognitiva — que as pessoas logicamente tentam aliviar (Festinger,
1956)”.
Cabe salientar que
muitos grupos denominados “cristãos” passaram por isto. Entre eles está o grupo
religioso da senhora Ellen G. White. Pela analogia, o leitor irá perceber que a
“teoria da dissonância cognitiva” explica, de modo satisfatório, o fenômeno
vexatório chamado pelos adventistas de “o grande desapontamento de 1844”. Cabe
ressaltar, ainda, que a Sra. White fazia parte do movimento adventista de então,
que esperava a parousia (o aparecimento de Cristo em glória) para aquela época.
Mais tarde, porém, ela se tornou uma das fundadoras e profetisa da Igreja
Adventista do Sétimo Dia, grupo religioso com fortes raízes na doutrina do
advento.
A “arte” de “interpretar
determinada situação com o objetivo de esconder incoerências foi, sem dúvida,
um artifício que envolveu os adventistas daquela época. Henry propõe um fato
ilustrativo que se encaixa perfeitamente na frustrante experiência do movimento
adventista. Ele explica isso empregando o exemplo de uma seita esotérica que,
por meio de sua profetisa, havia recebido uma mensagem dos “guardas do
universo” para esperarem o fim do mundo em uma data fixa, à meia-noite, ocasião
em que aconteceria uma inundação enorme e apenas os verdadeiros fiéis se
salvariam, sendo arrebatados por discos voadores. Empregaremos aqui o mesmo
método para traçar um paralelo com o que ocorreu com os adventistas.
Observe que,
semelhantemente, os adventistas da primeira geração acreditavam, por meio das
teorias de Guilherme Miller (um leigo pregador batista), que Jesus voltaria em
1843. O principal pilar da teoria de Miller eram os 2.300 dias e, ligado a
isto, estava a idéia da purificação terrestre do santuário, ambos contidos no
livro do profeta Daniel. Como nada aconteceu na data fixada, remarcaram a data,
desta vez para 1844. Novamente, a profecia falhou. A Sra. White fazia parte
daquela geração que esperava o retorno de Cristo para aquele tempo, conforme
acreditavam os adventistas. Posteriormente, Ellen White declarou que os estudos
de Miller foram guiados por Deus, confirmando, assim, a crença na predição do
segundo advento com data fixa.
Mas o que o
desapontamento adventista tem de comum com o grupo esotérico apontado por
Henry? Deixemos que a profetisa White nos ajude a encontrar a resposta.
A primeira pergunta
é: Há alguma prova de que Miller havia recebido seu cálculo profético de Deus?
Veja o que pensava Ellen G. White acerca disso: “Deus encaminhou a mente de
Guilherme Miller para as profecias, e deu-lhe grande luz quanto ao livro do
Apocalipse”.1
Mas será que os
adventistas acreditavam, de fato, que seriam arrebatados naquela ocasião?
Segundo Ellen White, os adventistas que vivenciaram aquela frustração não
“desejavam ser instruídos ou corrigidos por aqueles que estavam indicando o ano
em que acreditavam expirarem os períodos proféticos, e os sinais que mostravam
estar Cristo perto, às portas mesmo2 [...] Os santos esperaram ansiosamente
pelo seu Senhor, com jejuns, vigílias, e oração quase constante”.3
Como podemos
perceber, a Sra. White não só afirmava em seus escritos que Miller fora
instruído por Deus como também dizia que Cristo voltaria num dia prefixado para
buscar os que acreditavam naquela profecia, circunstância em que se daria o fim
do mundo.
Acompanhe o exemplo
mencionado por Henry e veja como os membros da seita amenizaram o problema
(correlacione o fato com a IASD): “No Dia do Juízo, os membros da seita
reuniram-se à espera da inundação. À hora prevista para o pouso dos discos
voadores chegou e passou, a tensão era maior com o passar das horas, quando a
líder da seita recebeu a suposta mensagem ‘aliviadora’: o mundo foi poupado
como prêmio pela confiança dos fiéis. Houve muita alegria e os crentes
tornaram-se mais fiéis”.
Da mesma forma, com
os adventistas, o tempo foi passando e as expectativas aumentando cada vez
mais. Alguns dizem que os adventistas até mesmo se vestiram de roupas brancas
para esperar o grande acontecimento, contudo, isto é hoje negado veementemente
pela IASD. Seja como for, os alardes das predições de Guilherme Miller
arrastaram multidões de crédulos na crença de que Jesus voltaria na data
marcada. Entretanto, a predição falhou mais uma vez. Mas isso não foi o
suficiente, pois muitos preferiram permanecer na pertinácia, procurando
alternativas para a falha profética.
Atente para os fatos
que envolveram esta circunstância. Qual foi o resultado desta grande
expectativa? Jesus realmente voltou? Ellen White responde: “Vi que os que
estimavam a luz olhavam para o alto com ardente desejo, esperando que Jesus
viesse e os levasse para si. Logo uma nuvem passou sobre eles, e seus rostos
ficaram tristes. Indaguei a causa dessa nuvem, e foi-me mostrado que era o seu
desapontamento. O tempo em que esperavam o seu Salvador havia passado, e Jesus
não viera”.4
Qual foi então a
desculpa, ou “nova mensagem”, que a Sra. White encontrou para explicar esse
fracasso e amenizar a angústia dos desapontados? Ela explicou a questão nos
seguintes termos: “Estão de novo desapontados em suas expectações. Jesus não
pode ainda vir à terra. Precisam suportar maiores provações por seu amor. Devem
abandonar erros e tradições recebidos de homens e voltar-se inteiramente para
Deus e sua Palavra. Precisam ser purificados, embranquecidos, provados. Os que
resistirem a essa amarga prova obterão eterna vitória. Jesus não veio à terra
como o grupo expectante e jubiloso esperava, a fim de purificar o santuário
mediante a purificação da terra pelo fogo. Vi que eles estavam certos na sua
interpretação dos períodos proféticos; o tempo profético terminou em 1844, e
Jesus entrou no lugar santíssimo para purificar o santuário no fim dos dias. O
engano deles consistiu em não compreender o que era o santuário e a natureza de
sua purificação. Ao olhar de novo o desapontado grupo expectante, pareciam
tristes. Examinaram cuidadosamente as evidências de sua fé e reestudaram a
interpretação dos períodos proféticos, mas não lograram descobrir erro algum”.
Mas isso não é tudo.
A Sra. White continua: “Foi-me mostrado o doloroso desapontamento do povo de
Deus por não ter visto a Jesus no tempo em que o esperava. Não sabiam porque
seu Salvador não viera; pois não podiam ter evidência alguma de que o tempo
profético não houvesse terminado. Disse o anjo: ‘Falhou a Palavra de Deus?
Deixou Deus de cumprir suas promessas? Não; Ele cumpriu tudo o que prometera.
Jesus levantou-se e fechou a porta do lugar santo do santuário celestial, abriu
uma porta para o lugar santíssimo, e entrou ali para purificar o santuário’.
Todos os que pacientemente esperarem compreenderão o mistério. O homem errou;
mas não houve engano da parte de Deus. Tudo o que Deus prometeu foi cumprido;
mas o homem erroneamente acreditou que a terra era o santuário a ser purificado
no fim do período profético. Foi a expectativa do homem, não a promessa de
Deus, que falhou”.5
Observe que Ellen
White confirmou que os crentes, na teoria do advento pregado por Miller, se
reuniram para esperar, no dia marcado, o retorno de Cristo, porém, o dia chegou
e passou e Cristo não veio, para o desapontamento de todos. Daí, ela alegou que
alguns receberam de Deus algumas explicações para o fracasso ocorrido. Entre
essas explicações, a que dizia que Deus resolveu, de “última hora”, provar o
seu povo, adiando, assim, a oportunidade para que outros aceitassem a mensagem
do advento. Aqueles que aceitaram essa explicação tornaram-se ainda mais fiéis.
Novamente, retomando
o paralelo com a seita esotérica, Henry comenta: “Com o ridículo fracasso de
uma profecia tão exata, era lógico imaginar, como reação, o abandono daquelas
crenças e o afastamento dos fiéis da seita. Mas a teoria da dissonância
cognitiva explica este comportamento: deixando de acreditar nos ‘guardas do
universo’, a pessoa tem de aceitar uma dissonância entre o atual cepticismo e
as crenças antigas, e isso é causa de dor”. Trazendo para o contexto
adventista, isso quer dizer que se os adventistas deixassem de acreditar na
profecia, teriam de aceitar e reconhecer a enorme incoerência que envolveu o
episódio, e isso lhes traria uma frustração ainda maior.
Ellen White explica a
persistência dos adventistas na derrocada doutrina dos 2300 dias? Ao invés de
reconhecerem o erro, passaram a acreditar numa suposta resposta (forjada) para
o acontecido, a fim de amenizar a decepção que tiveram. “Aqueles fiéis e
desapontados, que não puderam compreender porque seu Senhor não viera, não
foram deixados em trevas. De novo foram levados às suas Bíblias, a fim de
examinar os períodos proféticos. A mão do Senhor removeu-se dos algarismos, e o
erro foi explicado. Viram que o período profético chegava a 1844, e que a mesma
prova que haviam apresentado para mostrar que o mesmo terminava em 1843,
demonstrava terminar em 1844. Ao passar o tempo, os que não haviam recebido
inteiramente a luz do anjo se uniram com os que haviam desprezado a mensagem, e
voltaram-se contra os desapontados, ridicularizando-os”.6
Naturalmente, com
tamanho erro de predição era de se esperar que aquela idéia da volta de Cristo
com data marcada se encerraria por aqueles dias. Mas confirmando a teoria da
“dissonância cognitiva”, a dor da decepção foi “superada” por uma nova teoria.
Comentando a
desilusão que acometeu alguns adeptos da seita esotérica, Henry diz: “A sua
antiga fé seria agora uma humilhante idiotice. Alguns membros da seita chegaram
até a perder o trabalho e a gastar todo o seu dinheiro, e, agora, recusando a
ideologia dos ‘guardas do universo’, tudo isso teria parecido como uma ridícula
bobagem sem sentido. A dor da dissonância teria sido intolerável. Assim foi
reduzida de importância acreditando na nova mensagem, e, vendo outros membros
aceitá-la sem dúvida nenhuma, a fidelidade saiu até fortalecida. Agora podiam
se considerar como heróicos e leais membros de um corajoso grupo que salvou o mundo”.
Da mesma maneira, os
adventistas procuraram esconder os erros cometidos atrás de eufemismos sutis.
Os adventistas mais radicais não deram “o braço a torcer” reconhecendo seu erro
e, ao invés disso, procuraram amenizar o problema, interpretando de outra
maneira o cálculo profético das 2.300 tardes e manhãs, espiritualizando-o: o
tabernáculo não era mais a terra, mas o céu. Portanto, não havia fim de mundo,
ou volta literal de Cristo, que apenas havia passado de um compartimento do
santuário celestial para outro. Essa nova interpretação, admitida
paulatinamente, desembocou na aberração teológica da doutrina do “Santuário”,
do “Juízo Investigativo” e do “Bode Emissário”. E tudo isso debaixo de uma
suposta visão que Hiram Edson teve após o “grande desapontamento”. É importante
esclarecer que tudo isso não passou de uma desculpa acanhada para tentar
remendar o desastre teológico de Miller. Assim, o grupo poderia novamente
assegurar-se de que estava no rumo certo. Ou seja, não eram mais considerados
fanáticos ou he
réticos, pois tinham
recebido uma nova revelação de Deus como resposta para o fiasco anterior.
Os adventistas que
perseveraram nessa idéia da nova revelação sofreram algumas privações. “Os que
não ousaram privar os outros da luz que Deus lhes dera foram excluídos das
igrejas; mas Jesus estava com eles, e estavam alegres ante a luz de seu
semblante. Estavam preparados para receber a mensagem do segundo anjo7 [...] De
igual maneira, vi que Jesus considerou, com a mais profunda compaixão, os
desapontados que haviam aguardado a sua vinda; e enviou os seus anjos para
dirigir-lhes a mente, de maneira que pudessem segui-lo até onde Ele estava.
Mostrou-lhes que a terra não é o santuário, mas que Ele devia entrar no lugar
santíssimo do santuário celestial, a fim de fazer expiação por seu povo e
receber o reino de seu Pai e, então, voltaria à terra e os tomaria para ficar
com Ele para sempre”.8
160 anos depois
Ainda muito poderia
ser comentado sobre o desapontamento adventista, todavia, acreditamos ter sido
possível compreender, pelo paralelo entre o movimento do advento e o exemplo
que Henry forneceu, as técnicas psicológicas empregadas pelos então pioneiros
adventistas, com o objetivo de aliviar a frustração angustiante (dissonância
cognitiva) por uma profecia não cumprida. A fim de amenizar a seriedade do
fracasso e da incoerência da predição, inventaram uma nova teoria (supostamente
revelada por Deus), que tornou menor o desacordo encontrado. Com isso,
conseguiram tirar a atenção dos adeptos dos pontos mais críticos do erro
profético ocorrido em 1843-4. E hoje, cerca de 160 anos após esse grande desvio
ter ocorrido, a IASD continua acreditando que é a única igreja verdadeira na
face da terra — os remanescentes. Estes foram os resultados do desapontamento adventista.
• Todas as citações
de Henry Gleitman foram extraídas da obra Basic Psychology, Norton (1983),
traduzida por A. Maria De Florim M. Martinelli.
Notas:
1 Primeiros escritos
de Ellen Gould White. Tradução de Carlos A. Trezza. Casa Publicadora Brasileira.
Santo André: São Paulo, 1967, p. 231.
2 Ibid., p. 234.
3 Ibid., p. 239.
4 Ibid., p. 241.
5 Ibid., p.250-1.
6 Ibid., p. 246.
7 Ibid., p. 237.
8 Ibid., p. 244.
FONTE ICP
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