segunda-feira, 30 de março de 2015

A IGREJA PRIMITIVA NUNCA PRATICOU O MOVIMENTO CELULAR


A Igreja Apostólica nunca praticou o movimento celular


O movimento da igreja em células, com toda a sua estrutura bem articulada e planejada, consiste de um artifício moderno que nunca passou pela cabeça dos apóstolos. O método de evangelização proposto por esse movimento também é totalmente estranho à evangelização apostólica. Nos livros dos proponentes do movimento, nada encontramos ali de significativo que prove a originalidade apostólica do movimento em células. Os textos mais comuns usados pelo movimento são At. 2.46 e At. 5.42.
Ainda que Paulo e os demais apóstolos, esporadicamente tivessem usado reuniões em lares, o método apostólico que fez a igreja se multiplicar estrondosamente no primeiro século foi unicamente a pregação da Palavra no templo (na verdade no pátio do templo) e na sinagoga, para grandes concentrações, e não reuniões em lares, (Atos 3:1,11; 5:12,20,21;9:2,20; 11:26; 13:5,14,15,16; 13:42,43; 14:1; 17:1,4; 18:4,19,26; 19:8; 19:9; 19:31).Como o evangelho é poder (Rm 1:16;I Co 1:18,24; 2:4), ele não precisa de acomodações de locais e nem de circunstâncias, nem de persuasão, pois é poderoso para salvar os pecadores onde eles estiverem e como estiverem. Os apóstolos tinham essa visão (I Ts 2.5), e por isso preferiam grandes conglomerados de gente para a pregação do evangelho. O evangelho da igreja em células só funciona nas células porque é comprometido com a bajulação de pecadores e persuasão de sabedoria humana, essa é razão porque eles menosprezam o templo e os grandes conglomerados de gente. Possivelmente o evangelho das células não tem poder para converter pecadores no meio das multidões. O método da bajulação e persuasão é muito mais eficaz em pequenos grupos, corpo a corpo, ou pessoalmente, porque só dessa maneira acontecem os laços sociais que prendem seus fiéis muito mais rápido do que a verdadeira conversão pelo poder da Palavra.
Durante os dias apostólicos havia a necessidade das credenciais apostólicas serem vivenciadas pelo maior número de pessoas que representassem nações e cidades; este era o instrumento do primeiro século para expandir o evangelho por todas as partes do mundo em pouco tempo. É por essa razão que o Pentecostes ocorreu em Jerusalém, bem como essa cidade tornou-se o centro do Cristianismo para o mundo: as multidões convergiam para Jerusalém. Depois das pregações apostólicas em mega reuniões (o que nunca poderia ter ocorrido em lares) acompanhadas por suas credenciais, cada pessoa voltava para seu país de origem com a mensagem do evangelho. Mais tarde, quando os apóstolos chegam a esses lugares, já existe uma base evangélica de poucos cristãos que tiveram contato com a mensagem apostólica. Isto nunca seria possível se o método de evangelização fosse igreja em células.
Pelos dados bíblicos do Novo Testamento, o crescimento espantoso da igreja primitiva nos dias apostólicos se deu exclusivamente pela pregação pública a grandes auditórios, e não em pequeninas reuniões domésticas providas de articulações pré-definidas e modelos enformados. Além do mais, o método apostólico de evangelização pela pregação da Palavra era muito distinto do que o movimento das células propõe. O método apostólico continha apenas a pregação, e nada mais. No Novo Testamento nunca se ouve falar do método “quebra-gelo” antes da pregação de Pedro, nem do método de se tomar refrescos depois da pregação de Paulo, nem tampouco se ouve falar no livro de Atos que os apóstolos fizeram reuniões em lares que consistiam de uma mistura de lazer somado a uma caricatura de culto com participação de pagãos.
O cristianismo primitivo foi incendiado em seus primeiros dias pela simples pregação da Palavra no templo, e depois, continuamente, nas sinagogas. Esse era o método apostólico de evangelização.
O texto é do Rev. Moisés C. Bezerril e o artigo todo está no site www.monergismo.com

 

 

NMovimento Celular: O encontro com Deus

por Enviado por email - qua mai 07, 4:36 am

O que é o Encontro com Deus
O Encontro com Deus é um retiro espiritual de três dias precedido pelo pré-encontro – um período preparatório para o mesmo no qual alguns estudos bíblicos são ministrados na igreja local – e sucedido pelo pós-encontro (também um período de estudos bíblicos).
Terra Nova define o encontro como três dias reservados para se estar a sós com Deus “debaixo de uma organização que objetiva absorção máxima”. Diz, ainda, se tratar “de um encontro espiritual 100% baseado nos princípios bíblicos”, cujos efeitos podem ser verificados “na vida de cada encontrista”. Ele termina sua definição com o jargão o encontro é “tremendo!”.[1]
Dentre os objetivos desse retiro, pode-se destacar a introdução da visão dos 12. Para o Apóstolo manauara, esse objetivo é importante porque “acelera o processo de crescimento e manuseio da Palavra” para os novos convertidos e desperta o desejo de ganhar almas. Não são apenas os novos convertidos que recebem edificação, pois quem trabalha volta para a casa restaurado, com a vocação despertada, a alegria recobrada e a vontade de ganhar vidas mais acesa.[2]
Renê cita uma estatística própria dizendo que mais de “um milhão de pessoas já passaram legalmente pelos Encontros em 24 meses, e outras milhares já fizeram sua decisão ao lado de Cristo, através da Visão Celular”.[3] Ele só se esquece de contar quantas pessoas de outras denominações foram “pescadas” nesses encontros.
O Pré-Encontro
Conforme já comentamos, o Pré-Encontro é um dos pontos do degrau consolidar. Consiste em quatro reuniões de estudos bíblicos, os quais visam preparar o “encontrista” para participar do evento que se diz tremendo.
Renê define esses primeiros encontros como “um tempo de ministração específica e direcionada para que o novo convertido entenda os processos espirituais nos quais está envolvido”, além de um tempo de “aprender a ouvir a voz de Deus através da Palavra ensinada”, no qual o candidato a encontrista poderá se “auto-avaliar”, “pensar sobre sua conversão e seu interesse em prosseguir nos caminhos de Jesus”.[4]
Pode até acontecer do professor desses pré-encontros adiar a participação do candidato. Caso este não esteja atendendo aos processos da visão dos 12, será aconselhado a não participar.
Uma vez por semana, então, os candidatos a encontristas se reúnem para estudar os seguintes assuntos: 1) O pecado e suas consequências; 2) O primeiro Adão e o último Adão; 3) Somos santos e filhos de Deus e 4) Quem somos em Cristo Jesus.
A primeira lição aborda um tema de importância no cristianismo. Mostra que o pecado entrou através de Adão e corrompeu toda a humanidade. A consequência do pecado é a separação do homem com Deus que só pôde ser restituída em Cristo.
O estudo, entretanto, é bem resumido e fica devendo na explicação de nossa culpa em Adão e de nossa necessidade de justificação. Outra dívida é na explicação da teoria da expiação. Renê até cita que “Jesus, o último Adão, é quem nos resgata”,[5] mas não induz o discipulador-professor a explicar a quem Cristo pagou o resgate. Isso é importante porque algumas pessoas acabam ressuscitando a heresia origenista de que Cristo pagou este resgate a satanás.
A segunda lição aborda a obra de Cristo na cruz e seu efeito para com os eleitos. É o paradoxo entre o primeiro e o segundo Adão. Trata-se do benefício da justificação e da santificação.
Fica por conta do orientador explicar sobre a regeneração, pois nenhuma das duas lições abordam o tema. Se na primeira a subjetividade em relação à expiação de Cristo acontecia, na segunda, a sugestão de que Cristo pagou por nossa liberdade ao diabo é ainda mais perigosa.
Terra Nova compara a redenção de Cristo com o “ato de águem rico ir a uma feira de escravos e pagar a carta de alforria de um escravo, dando-lhe a liberdade. Foi exatamente o que Jesus fez por nós”, diz Renê.[6] Fica implícita em sua fala a ideia de que Cristo pagou ao diabo por nossa liberdade.
A terceira lição aborda o amor de Deus para conosco e a necessidade de lutarmos pela santificação. Além disso, há a exortação para ganhar almas.
A última lição preparatória para o Encontro aborda a filiação do crente e a necessidade de mudança de vida. Uma dessas mudanças é a entrega total da vida a Deus, deixando de confiar em si mesmo e confiando nEle.
Ainda no Pré-Encontro, os candidatos deverão ser informados do dia, local e horário do Encontro, bem como o que se deve ou não levar para o evento. Dentre os objetos que não devem ser levados encontram-se “gravador, rádio, walkman, livros, materiais extra de trabalho, telefones celulares, pager, etc”.[7]
O Encontro
Alguns dias depois é iniciado o evento esperado. Normalmente o Encontro é feito num final de semana, iniciando-se na Sexta à noite e terminando no Domingo após servir o almoço. Se ele era secreto, deixará, doravante de ser.
Inicia-se o encontro com algumas orientações sobre vestimentas, horários e outras coisas necessárias para a organização do mesmo. Em seguida, abre-se com a primeira ministração, cujo tema é “Peniel”.
Esta primeira palestra é baseada na passagem em que Jacó tem um encontro teofânico no vau de Jaboque (Gn 32). A definição da mensagem define como ela será ministrada: “Peniel é um lugar de encontro com Deus, lugar de luta, de arrependimento, de guerra, de choro, de pranto, de sentir profunda dor pelos pecados, de confronto consigo mesmo e com Deus (…) Em Peniel, Deus mostrará quem você é”.[8]
O propósito dessa palestra é mostrar que durante o Encontro as pessoas estarão num constante Peniel, ou seja, lutarão contra suas dificuldades, seus pecados e o diabo. Os encontristas devem até mesmo lutar com Deus, para que assim como Jacó, não saiam de lá sem que sejam abençoadas.
Peniel propõe, ainda, uma mudança de estilo de vida. Assim como Jacó teve uma mudança considerável após se tornar Israel, o encontrista deve abandonar o pecado.
Após a palestra é passada uma lista com alguns nomes de pecado, na qual as pessoas devem marcar o que já fizeram e confessa-los a Deus. Essa confissão deve conter inclusive as épocas em que ocorreram.
Segundo Terra Nova, este tempo em que os encontristas estiverem assinalando seus pecados, “toma no mínimo 40 minutos, até que todos sejam convencidos pelo Espírito Santo sobre seus pecados”.[9]
Após essa ministração, as pessoas vão jantar e inicia-se o período de silêncio entre os encontristas. Esse período varia de igreja para igreja, mas é estipulado no manual até o dia seguinte na hora do almoço.
No Sábado ocorrem 5 ministrações: 1) A importância do Encontro com Deus; 2) Libertação; 3) No Encontro ampliamos nossa visão espiritual; 4) Cura Interior e 5) Indo à Cruz (esta foi fundida com a Cura Interior no último manual).
Na primeira palestra o assunto a ser abordado é simples. Ela deve ocorrer bem cedo, pois a ministração sobre libertação tomará maior parte do tempo matinal.
Esta primeira palestra pode ser dividida em quatro tópicos: 1) Existem dois tipos de encontro: com Deus e com o mundo; 2) As causas de um encontro: causal e preparado. 3) A preparação que o encontrista deve se submeter para ter seu encontro com Deus e 4) Os efeitos desse encontro: reconhecimento dos pecados, restauração emocional, restauração espiritual, transformação e restituição.[10]
Após um intervalo de 10 minutos, iniciar-se-á a palestra sobre libertação.[11] O tempo que se demora para completar toda essa ministração, desde a mensagem até a oração final, é em torno de três horas.
Esta palestra inicia-se com a explicação do que é maldição: “é a permissão dada ao diabo para causar danos à vida das pessoas”.[12] Ela pode ter origem de várias formas: através de pecados pessoais e de palavras de maldição proferidas por terceiros. Até mesmo crentes genuínos podem, segundo o manual do encontro, estar sob madições.
As maldições podem ser classificadas em: hereditárias, voluntárias, da nação, involuntária, familiares e provenientes de traumas, palavras e pecados ministeriais. Cada uma dessas classificações são expostas e explicadas na palestra em questão.
Após essa exposição, o palestrante sugere se as pessoas querem continuar sob a maldição ou se querem ser libertas. As que querem, devem sentir a necessidade, arrepender-se do pecado, não ter medo da libertação, lutar pela mesma e lembrar e rejeitar os pactos demoníacos do passado.
Para ajudar o encontrista a se lembrar desses pecados é passada uma lista com centenas de práticas pecaminosas (anexo I), utilizada como um mapeamento espiritual da pessoa. Esta lista, entretanto, fica com o próprio encontrista e será queimada na última palestra do sábado.
Depois que a lista é preenchida, o palestrante fará orações de libertação com os encontristas e eles renunciarão a pecados de gerações posteriores (terceira, quarta e em alguns casos até a décima).[13]
Depois desse período, o silêncio é quebrado e as pessoas são liberadas para almoçar. Vale lembrar que nem todas as igrejas que realizam o encontro finalizam o silêncio aqui. Nos encontros que eu participava, quebrava-se na maioria das vezes no sábado à noite. Em alguns poucos casos foi quebrado no Domingo de manhã.
Após o almoço começa uma nova palestra. Desta vez, o tema é “No Encontro Ampliamos nossa Visão Espiritual”. Esta é uma mensagem simples. Consiste em contar a vida de Paulo, desde o período em que perseguia a Igreja até sua conversão e ministério.
O propósito é mostrar que Paulo teve seu “encontro” com Deus e que após esse encontro sua vida foi transformada. Assim sendo, o encontrista quando sair do evento precisa ter uma nova vida. As obras da carne devem ser eliminadas e o fruto do Espírito deve ser absorvido.[14]
Após esta palestra, o encontrista é liberado para um café e depois volta para a ministração sobre cura interior. Esta, novamente, é uma palestra longa e dura cerca de três horas. Na última versão do Guia Oficial do Encontro, o intervalo do almoço para a palestra seguinte é um pouco maior, sendo a comida servida às 13:00 h e a palestra sobre Paulo somente às 16:00 h. Sendo assim, a palestra sobre Cura Interior começaria apenas às 18:00 h.
Todavia, nem todos seguem essa sugestão. Normalmente, a maioria das igrejas dá menor intervalo de descanso após o almoço e iniciam a palestra sobre Cura Interior por vota das 17:00 h.
A palestra sobre Cura Interior, portanto, tem o objetivo de trabalhar o processo de “renovação da mente, ordenada por Deus em Romanos 12.1,2”.[15] A ideia é trabalhar a cura da alma (sentimentos, emoções e lembranças desagradáveis).
Após explicar o que é a Cura Interior aos encontristas, o palestrante agora apresentará um passo a passo sobre como obter essa cura. As etapas são: 1) Dar crédito à Palavra de Deus; 2) Perceber a dor das lembranças; 3) Perceber comportamentos limitadores e 4) Entender o porquê de ter esses comportamentos limitadores.
Uma lista de rejeições são expostas verbalmente: a) família desestruturada; b) nome próprio pejorativo; c) morte dos pais; d) gravidez indesejada; e) divórcio dos pais; f) preferência dos pais; g) abandono dos pais; h) descaso do matrimônio; i) adultério; j) palavras depreciativas, xingamentos e apelidos; l) carência afetiva; m) desinteresse dos pais em relação aos filhos; n) vícios dos pais; o) suicídio de um dos pais; p) falta de liderança dos pais; q) discriminações racial, sexual e cultural.
Além disso existe a auto-rejeição, causada por aspectos como deficiência física, magreza, obesidade, culpas, etc. Outra possível porta de entrada para as feridas da alma, seriam os abusos e desvios sexuais.
Para que o encontrista receba a cura de suas feridas da alma, ele deve: 1) admitir que precisa de cura; 2) acreditar que os comportamentos limitadores podem ser modificados; 3) entrar em contato com as lembranças dolorosas e 4) externar tanto as lembranças dolorosas como os comportamentos limitadores.
Após a palestra, as cadeiras são retiradas a fim de que as pessoas fiquem mais a vontade. A equipe de intercessão começa a orar e uma música é tocada no fundo enquanto o palestrante profere palavras de cura psicológica.
A sugestão do Guia Oficia do Encontro é que o palestrante faça regressão com os encontristas:
Peça a cada um que:
1.       1.   Tente visualizar o encontro do espermatozoide do seu pai com o óvulo de sua mãe. Ali Deus já planejava cada momento de sua vida. (Cite trechos do Salmo 139).
2.       2.   Veja-se no útero materno sendo formado…
3.       3.   Veja-se em cada momento da gestação…
4.       4.   Tente lembrar os sentimentos que recebeu: amor, ódio, rejeição, tentativa de aborto, perigo de vida por conta de doenças, insegurança quanto ao nascimento…
5.       5.   Veja-se nascendo, sendo recebido por sua mãe. Saiba que nesses momentos Jesus também estava recebendo e te amando (talvez seu pai não estivesse lá, mas Jesus estava). Jesus He recebeu e lhe colocou no colo…
6.       6.   Veja-se crescendo…
– com um ano de idade…
– dois…
– três…
Obs.: em cada faixa etária, desde a infância até a vida adulta, o ministrador deverá instruir os encontristas a se lembrarem dos momentos difíceis, amargos, traumatizantes, etc.[16]
Em seguida o manual do encontro sugere que seja liberado perdão a pai, mãe, irmãos e familiares. Na primeira edição do Guia Oficial do Encontro com Deus, havia inclusive a orientação de liberar perdão a Deus. Após muitos questionamentos e censuras, este trecho foi removido do material.
Na versão mais antiga do manual do Encontro, haveria mais alguns momentos de quebrantamento e de confissões de traumas do passado, uma oração final e o término da palestra de Cura Interior.
Logo em seguida, inicia-se a ministração sobre a cruz. Esta é também uma palestra objetiva e mais curta. Seu propósito é mostrar que através da cruz Cristo pagou as nossas dívidas, trouxe-nos reconhecimento de pecados, arrependimento genuíno, anulou a maldição, deu-nos a remissão dos pecados pelo sangue e concedeu a vida eterna com Deus.
Os momentos de Jesus pela via dolorosa são recontados, Seu sofrimento nesse trajeto e na cruz são narrados e enquanto se faz isso, uma música de fundo ajuda na manipulação emocional.
Após este período, as pessoas pegam suas folhas (aquelas que escreveram durante as palestras Peniel e Libertação) e levam para uma cruz que foi confeccionada enquanto os encontristas participavam das palestras. As folhas são afixadas lá. Se alguém levou cigarros ou outros materiais indecentes ou pecaminosos, também fixam naquela cruz e em seguida ateiam fogo, gritando “ESTÃO ANULADOS TODOS OS ARGUMENTOS SOBRE MINHA VIDA”.[17]
Há, em seguida, um momento de comunhão. Cânticos de vitória são tocados, as pessoas pulam, se divertem, dançam, cantam e se abraçam. Vão jantar e descansar para o Domingo e finalização do Encontro.
No Domingo pela manhã a primeira palestra é “Oração como estilo de vida”. É uma palestra rápida e simples que mostra a importância da oração e aborda os principais pontos da oração do           “Pai Nosso”.[18]
A segunda palestra acontece logo na sequencia. É um estudo sobre a visão celular no modelo dos 12 e uma iniciação aos encontristas.[19]
São apresentadas as etapas do G-12 (ganhar, consolidar, discipular e enviar) e uma defesa “bíblica” do número 12.
Doze é o número que fala da totalidade perfeita; na economia de Deus é a perfeição na ciência, no conhecimento. Israel tinha 12 estandartes quando saiu do Egito (Nm 10:11-28). Jacó teve 12 filhos dos quais saíram as doze tribos de Israel (Ex 28:21). Josué separou 12 pedras, e nelas escreveu os nomes das 12 tribos (Js 4:1-10). Doze homens foram espiar a Terra Prometida. Davi tinha 12 chefes das tribos de Israel (1 Cr 29:6), Salomão tinha 12 chefes, chamados príncipes (1 Rs 4:7) (…) Para formar uma comunidade legal em Israel, era necessário 12 homens (dez homens além do oficiante e da autoridade rabínica).[20]
Termina-se esta palestra mostrando que a Visão nasceu para conquistar a Terra. Os encontristas são ungidos para receber a unção de multiplicação e cumprir os processos da Visão Celular no Modelo dos 12.
Chegamos à última palestra do Encontro: “Batismo no Espírito Santo. A ideia em questão se difere da doutrina pentecostal clássica em que o batismo é evidenciado pelo falar em línguas. À semelhança de outros grupos pentecostais, o “falar em línguas” é uma das evidências.
Algumas manifestações estranhas que aconteciam durante a ministração pelo Batismo no Espírito Santo foram duramente criticadas no passado, tais como a unção do riso, o fenômeno cai-cai e imitação de animais (embora esta última graças a Deus eu nunca tenha visto).[21] Essas manifestações tiveram sua influência no movimento canadense da Toronto Airport Christian Fellowship.
Apesar de ser a última palestra, o Encontro ainda não termina aqui. Há mais um momento de muita força emocional. Enquanto os encontristas estão participando do evento, uma equipe, denominada “correio”, está do lado de fora buscando cartas e mensagens dos familiares e amigos dos encontristas.
Depois dos momentos de êxtase da palestra anterior, as pessoas são convocadas a se assentarem e fecharem os olhos. Enquanto adoram a Deus, os membros do correio entregam essas cartas e alguns presentes para os encontristas sem que estes percebam.
Depois que abrem os olhos e leem suas cartas, há um momento de muito choro misturado com risadas e todo tipo de emoção. Este, bem como as palestras de libertação e cura interior, é um dos momentos mais marcantes do Encontro, pois a carta de alguns familiares que estavam brigados e de amigos que não viam há certo tempo emocionam profundamente as pessoas neste momento final.
Eis o desfecho. É feita uma oração final e o dirigente conclama todos a repetirem o jargão que a partir de agora fará parte da vida deles: “O ENCONTRO É TREMENDO!”. Em seguida, eles repetem um termo de compromisso: “eu me comprometo a não mencionar nada do que aconteceu no Encontro. Terei a responsabilidade de incentivar outros a fazerem o Encontro e a experimentar como o Encontro é TREMENDO!”.[22]

O Pós-Encontro
Depois que o encontrista passa pelo Encontro, ainda terá a fase final no culto à noite. As famílias são convidadas a participarem da festa e o culto deixa seu lugar tradicional para uma verdadeira celebração.
As etapas seguintes são a matrícula na Escola de Líderes e a realização do Pós-Encontro. Este, consiste em mais quatro encontros semanais, para à semelhança do Pré-Encontro, estudar temas bíblicos.
As lições a serem estudadas são as seguintes: 1) A Importância do Pós-Encontro; 2) Conservando a Libertação e a Cura Interior; 3) As Áreas de Contra-Ataque e 4) Como Posso deter satanás?
Como podemos ver, as lições são completamente voltadas para os temas neopentecostais de guerra espiritual. Já na primeira lição, o crente será advertido que satanás criará muitas situações para tentar prendê-lo novamente.
A aparente visão dualística permanece. “No Encontro, Deus realizou uma obra maravilhosa e específica em sua vida. Isto foi um ataque ao reino das trevas, pois o diabo perdeu mais uma batalha em sua vida; E, como estamos em meio a uma guerra, o reino inimigo está preparando um contra-ataque”. [23]
A segunda lição aborda Efésios 6, a fim de mostrar ao crente a necessidade de tomar a armadura de Deus para guerrear de forma eficaz essa batalha espiritual. Uma dessas armas é até mesmo a confissão positiva.[24]
A terceira lição aborda a necessidade de uma nova rotina e de novos hábitos. Amigos do passado que não edificam devem ser evitados. Todavia, satanás entrará com toda sua “providência” para usar esses amigos do passado e pessoas da família para desanimar o crente. Outras áreas que satanás contra atacará são a saúde, as finanças e a mente.[25]
Já que satanás atua de forma poderosa e providencial, a quarta lição promete explicar como vencê-lo. Uma das formas é amarrar as forças do mal, a outra é usar a autoridade do Nome de Jesus e a última é evitar as brechas. Além disso, conhecer os inimigos (mundo, carne e diabo) e guerrear contra satanás, são conselhos complementares para êxito nessa empreitada.[26]

O silêncio e o segredo
Conforme vimos sucintamente, o Encontro trabalha com duas práticas que angariaram para si muitos questionamentos e críticas. Tratam-se do pacto do silêncio e do segredo sobre o que acontece lá.
Nosso propósito nesta seção é apenas conceituar melhor essas práticas. O silêncio, por exemplo, não se trata de uma doutrina, mas de uma “estratégia de reflexão”, conforme assinala Terra Nova.[27]
Alguns questionam esse método alegando que se trata de uma prática das religiões orientais. Não podemos ser injustos e comparar a prática do silêncio dos encontros com uma meditação transcendental ou ioga, por exemplo. São coisas bem diferentes.
O alvo das meditações orientais é o auto-esvaziamento, enquanto que nos encontros é para reflexões e para evitar conversas vãs no decorrer da programação. Os exageros dessa prática são igualmente dignas de nossa repreensão e repúdio.
Outra coisa estranha é a maneira como Terra Nova usa a Bíblia para defender seu uso. Ele recorre a passagens que não tem nenhum apelo ao uso do silêncio.
Ele cita o caso de Zacarias, pai de João Batista, que ficou sem falar por nove meses (cf Lc 1.5-25). Todavia, esta passagem é apenas descritiva e narra como Deus o puniu por sua incredulidade. Não podemos tomar este trecho das Escrituras como algo prescritivo.
Ele usa, ainda, de passagens como Ap 8.1 (silêncio no céu por 30 minutos) e Mc 9.5-8 (na transfiguração no monte quando Pedro foi infeliz em seus comentários).[28] Não é porque a Bíblia cita determinado assunto que ela apoia esse mesmo assunto.
A passagem que mais poderia ajuda-lo em sua tentativa de aprovar biblicamente o silêncio nem sequer é mencionada: as voltas de Josué e os israelitas ao redor das muralhas de Jericó (Js 6).
Sobre o segredo ele usa a mesma tática e cita passagens sem o devido apoio. Uma delas é quando Jesus diz a Pedro, Tiago e João para guardarem segredo sobre o que viram no dia da transfiguração (Mc 9.2-9). Outra passagem é a de Jesus solicitando aos discípulos que não contassem a ninguém sobre sua identidade messiânica (Mt 16.13-20). E uma última passagem é a da cura de um leproso, em que Cristo lhe diz para não contar sobre esse milagre a ninguém (Mt 8.4).
O propósito em manter segredo do Encontro não é com o intuito de criar algo misterioso. Nisso também não podemos ser injustos com o movimento. O intuito é, na verdade, gerar expectativa, curiosidade para que as pessoas queiram saber o que tem de tão tremendo.[29]
Penso que seria mais justo dizer isso diretamente, ao invés de tentar arrumar alguma base bíblica para tal prática. Não obstante, Renê destaca que, se quem estiver querendo adotar os Encontros, não necessariamente precisa seguir o segredo, pois “cada um anda na luz que tem”.[30]
[1][1] NOVA, Renê Terra. Guia Oficial do Encontro com Deus. Semente de Vida. São Paulo, 2008, p. 8.

 

Movimento Celular: O encontro com Deus


O que é o Encontro com Deus
O Encontro com Deus é um retiro espiritual de três dias precedido pelo pré-encontro – um período preparatório para o mesmo no qual alguns estudos bíblicos são ministrados na igreja local – e sucedido pelo pós-encontro (também um período de estudos bíblicos).
Terra Nova define o encontro como três dias reservados para se estar a sós com Deus “debaixo de uma organização que objetiva absorção máxima”. Diz, ainda, se tratar “de um encontro espiritual 100% baseado nos princípios bíblicos”, cujos efeitos podem ser verificados “na vida de cada encontrista”. Ele termina sua definição com o jargão o encontro é “tremendo!”.[1]
Dentre os objetivos desse retiro, pode-se destacar a introdução da visão dos 12. Para o Apóstolo manauara, esse objetivo é importante porque “acelera o processo de crescimento e manuseio da Palavra” para os novos convertidos e desperta o desejo de ganhar almas. Não são apenas os novos convertidos que recebem edificação, pois quem trabalha volta para a casa restaurado, com a vocação despertada, a alegria recobrada e a vontade de ganhar vidas mais acesa.[2]
Renê cita uma estatística própria dizendo que mais de “um milhão de pessoas já passaram legalmente pelos Encontros em 24 meses, e outras milhares já fizeram sua decisão ao lado de Cristo, através da Visão Celular”.[3] Ele só se esquece de contar quantas pessoas de outras denominações foram “pescadas” nesses encontros.
O Pré-Encontro
Conforme já comentamos, o Pré-Encontro é um dos pontos do degrau consolidar. Consiste em quatro reuniões de estudos bíblicos, os quais visam preparar o “encontrista” para participar do evento que se diz tremendo.
Renê define esses primeiros encontros como “um tempo de ministração específica e direcionada para que o novo convertido entenda os processos espirituais nos quais está envolvido”, além de um tempo de “aprender a ouvir a voz de Deus através da Palavra ensinada”, no qual o candidato a encontrista poderá se “auto-avaliar”, “pensar sobre sua conversão e seu interesse em prosseguir nos caminhos de Jesus”.[4]
Pode até acontecer do professor desses pré-encontros adiar a participação do candidato. Caso este não esteja atendendo aos processos da visão dos 12, será aconselhado a não participar.
Uma vez por semana, então, os candidatos a encontristas se reúnem para estudar os seguintes assuntos: 1) O pecado e suas consequências; 2) O primeiro Adão e o último Adão; 3) Somos santos e filhos de Deus e 4) Quem somos em Cristo Jesus.
A primeira lição aborda um tema de importância no cristianismo. Mostra que o pecado entrou através de Adão e corrompeu toda a humanidade. A consequência do pecado é a separação do homem com Deus que só pôde ser restituída em Cristo.
O estudo, entretanto, é bem resumido e fica devendo na explicação de nossa culpa em Adão e de nossa necessidade de justificação. Outra dívida é na explicação da teoria da expiação. Renê até cita que “Jesus, o último Adão, é quem nos resgata”,[5] mas não induz o discipulador-professor a explicar a quem Cristo pagou o resgate. Isso é importante porque algumas pessoas acabam ressuscitando a heresia origenista de que Cristo pagou este resgate a satanás.
A segunda lição aborda a obra de Cristo na cruz e seu efeito para com os eleitos. É o paradoxo entre o primeiro e o segundo Adão. Trata-se do benefício da justificação e da santificação.
Fica por conta do orientador explicar sobre a regeneração, pois nenhuma das duas lições abordam o tema. Se na primeira a subjetividade em relação à expiação de Cristo acontecia, na segunda, a sugestão de que Cristo pagou por nossa liberdade ao diabo é ainda mais perigosa.
Terra Nova compara a redenção de Cristo com o “ato de águem rico ir a uma feira de escravos e pagar a carta de alforria de um escravo, dando-lhe a liberdade. Foi exatamente o que Jesus fez por nós”, diz Renê.[6] Fica implícita em sua fala a ideia de que Cristo pagou ao diabo por nossa liberdade.
A terceira lição aborda o amor de Deus para conosco e a necessidade de lutarmos pela santificação. Além disso, há a exortação para ganhar almas.
A última lição preparatória para o Encontro aborda a filiação do crente e a necessidade de mudança de vida. Uma dessas mudanças é a entrega total da vida a Deus, deixando de confiar em si mesmo e confiando nEle.
Ainda no Pré-Encontro, os candidatos deverão ser informados do dia, local e horário do Encontro, bem como o que se deve ou não levar para o evento. Dentre os objetos que não devem ser levados encontram-se “gravador, rádio, walkman, livros, materiais extra de trabalho, telefones celulares, pager, etc”.[7]
O Encontro
Alguns dias depois é iniciado o evento esperado. Normalmente o Encontro é feito num final de semana, iniciando-se na Sexta à noite e terminando no Domingo após servir o almoço. Se ele era secreto, deixará, doravante de ser.
Inicia-se o encontro com algumas orientações sobre vestimentas, horários e outras coisas necessárias para a organização do mesmo. Em seguida, abre-se com a primeira ministração, cujo tema é “Peniel”.
Esta primeira palestra é baseada na passagem em que Jacó tem um encontro teofânico no vau de Jaboque (Gn 32). A definição da mensagem define como ela será ministrada: “Peniel é um lugar de encontro com Deus, lugar de luta, de arrependimento, de guerra, de choro, de pranto, de sentir profunda dor pelos pecados, de confronto consigo mesmo e com Deus (…) Em Peniel, Deus mostrará quem você é”.[8]
O propósito dessa palestra é mostrar que durante o Encontro as pessoas estarão num constante Peniel, ou seja, lutarão contra suas dificuldades, seus pecados e o diabo. Os encontristas devem até mesmo lutar com Deus, para que assim como Jacó, não saiam de lá sem que sejam abençoadas.
Peniel propõe, ainda, uma mudança de estilo de vida. Assim como Jacó teve uma mudança considerável após se tornar Israel, o encontrista deve abandonar o pecado.
Após a palestra é passada uma lista com alguns nomes de pecado, na qual as pessoas devem marcar o que já fizeram e confessa-los a Deus. Essa confissão deve conter inclusive as épocas em que ocorreram.
Segundo Terra Nova, este tempo em que os encontristas estiverem assinalando seus pecados, “toma no mínimo 40 minutos, até que todos sejam convencidos pelo Espírito Santo sobre seus pecados”.[9]
Após essa ministração, as pessoas vão jantar e inicia-se o período de silêncio entre os encontristas. Esse período varia de igreja para igreja, mas é estipulado no manual até o dia seguinte na hora do almoço.
No Sábado ocorrem 5 ministrações: 1) A importância do Encontro com Deus; 2) Libertação; 3) No Encontro ampliamos nossa visão espiritual; 4) Cura Interior e 5) Indo à Cruz (esta foi fundida com a Cura Interior no último manual).
Na primeira palestra o assunto a ser abordado é simples. Ela deve ocorrer bem cedo, pois a ministração sobre libertação tomará maior parte do tempo matinal.
Esta primeira palestra pode ser dividida em quatro tópicos: 1) Existem dois tipos de encontro: com Deus e com o mundo; 2) As causas de um encontro: causal e preparado. 3) A preparação que o encontrista deve se submeter para ter seu encontro com Deus e 4) Os efeitos desse encontro: reconhecimento dos pecados, restauração emocional, restauração espiritual, transformação e restituição.[10]
Após um intervalo de 10 minutos, iniciar-se-á a palestra sobre libertação.[11] O tempo que se demora para completar toda essa ministração, desde a mensagem até a oração final, é em torno de três horas.
Esta palestra inicia-se com a explicação do que é maldição: “é a permissão dada ao diabo para causar danos à vida das pessoas”.[12] Ela pode ter origem de várias formas: através de pecados pessoais e de palavras de maldição proferidas por terceiros. Até mesmo crentes genuínos podem, segundo o manual do encontro, estar sob madições.
As maldições podem ser classificadas em: hereditárias, voluntárias, da nação, involuntária, familiares e provenientes de traumas, palavras e pecados ministeriais. Cada uma dessas classificações são expostas e explicadas na palestra em questão.
Após essa exposição, o palestrante sugere se as pessoas querem continuar sob a maldição ou se querem ser libertas. As que querem, devem sentir a necessidade, arrepender-se do pecado, não ter medo da libertação, lutar pela mesma e lembrar e rejeitar os pactos demoníacos do passado.
Para ajudar o encontrista a se lembrar desses pecados é passada uma lista com centenas de práticas pecaminosas (anexo I), utilizada como um mapeamento espiritual da pessoa. Esta lista, entretanto, fica com o próprio encontrista e será queimada na última palestra do sábado.
Depois que a lista é preenchida, o palestrante fará orações de libertação com os encontristas e eles renunciarão a pecados de gerações posteriores (terceira, quarta e em alguns casos até a décima).[13]
Depois desse período, o silêncio é quebrado e as pessoas são liberadas para almoçar. Vale lembrar que nem todas as igrejas que realizam o encontro finalizam o silêncio aqui. Nos encontros que eu participava, quebrava-se na maioria das vezes no sábado à noite. Em alguns poucos casos foi quebrado no Domingo de manhã.
Após o almoço começa uma nova palestra. Desta vez, o tema é “No Encontro Ampliamos nossa Visão Espiritual”. Esta é uma mensagem simples. Consiste em contar a vida de Paulo, desde o período em que perseguia a Igreja até sua conversão e ministério.
O propósito é mostrar que Paulo teve seu “encontro” com Deus e que após esse encontro sua vida foi transformada. Assim sendo, o encontrista quando sair do evento precisa ter uma nova vida. As obras da carne devem ser eliminadas e o fruto do Espírito deve ser absorvido.[14]
Após esta palestra, o encontrista é liberado para um café e depois volta para a ministração sobre cura interior. Esta, novamente, é uma palestra longa e dura cerca de três horas. Na última versão do Guia Oficial do Encontro, o intervalo do almoço para a palestra seguinte é um pouco maior, sendo a comida servida às 13:00 h e a palestra sobre Paulo somente às 16:00 h. Sendo assim, a palestra sobre Cura Interior começaria apenas às 18:00 h.
Todavia, nem todos seguem essa sugestão. Normalmente, a maioria das igrejas dá menor intervalo de descanso após o almoço e iniciam a palestra sobre Cura Interior por vota das 17:00 h.
A palestra sobre Cura Interior, portanto, tem o objetivo de trabalhar o processo de “renovação da mente, ordenada por Deus em Romanos 12.1,2”.[15] A ideia é trabalhar a cura da alma (sentimentos, emoções e lembranças desagradáveis).
Após explicar o que é a Cura Interior aos encontristas, o palestrante agora apresentará um passo a passo sobre como obter essa cura. As etapas são: 1) Dar crédito à Palavra de Deus; 2) Perceber a dor das lembranças; 3) Perceber comportamentos limitadores e 4) Entender o porquê de ter esses comportamentos limitadores.
Uma lista de rejeições são expostas verbalmente: a) família desestruturada; b) nome próprio pejorativo; c) morte dos pais; d) gravidez indesejada; e) divórcio dos pais; f) preferência dos pais; g) abandono dos pais; h) descaso do matrimônio; i) adultério; j) palavras depreciativas, xingamentos e apelidos; l) carência afetiva; m) desinteresse dos pais em relação aos filhos; n) vícios dos pais; o) suicídio de um dos pais; p) falta de liderança dos pais; q) discriminações racial, sexual e cultural.
Além disso existe a auto-rejeição, causada por aspectos como deficiência física, magreza, obesidade, culpas, etc. Outra possível porta de entrada para as feridas da alma, seriam os abusos e desvios sexuais.
Para que o encontrista receba a cura de suas feridas da alma, ele deve: 1) admitir que precisa de cura; 2) acreditar que os comportamentos limitadores podem ser modificados; 3) entrar em contato com as lembranças dolorosas e 4) externar tanto as lembranças dolorosas como os comportamentos limitadores.
Após a palestra, as cadeiras são retiradas a fim de que as pessoas fiquem mais a vontade. A equipe de intercessão começa a orar e uma música é tocada no fundo enquanto o palestrante profere palavras de cura psicológica.
A sugestão do Guia Oficia do Encontro é que o palestrante faça regressão com os encontristas:
Peça a cada um que:
1.       1.   Tente visualizar o encontro do espermatozoide do seu pai com o óvulo de sua mãe. Ali Deus já planejava cada momento de sua vida. (Cite trechos do Salmo 139).
2.       2.   Veja-se no útero materno sendo formado…
3.       3.   Veja-se em cada momento da gestação…
4.       4.   Tente lembrar os sentimentos que recebeu: amor, ódio, rejeição, tentativa de aborto, perigo de vida por conta de doenças, insegurança quanto ao nascimento…
5.       5.   Veja-se nascendo, sendo recebido por sua mãe. Saiba que nesses momentos Jesus também estava recebendo e te amando (talvez seu pai não estivesse lá, mas Jesus estava). Jesus He recebeu e lhe colocou no colo…
6.       6.   Veja-se crescendo…
– com um ano de idade…
– dois…
– três…
Obs.: em cada faixa etária, desde a infância até a vida adulta, o ministrador deverá instruir os encontristas a se lembrarem dos momentos difíceis, amargos, traumatizantes, etc.[16]
Em seguida o manual do encontro sugere que seja liberado perdão a pai, mãe, irmãos e familiares. Na primeira edição do Guia Oficial do Encontro com Deus, havia inclusive a orientação de liberar perdão a Deus. Após muitos questionamentos e censuras, este trecho foi removido do material.
Na versão mais antiga do manual do Encontro, haveria mais alguns momentos de quebrantamento e de confissões de traumas do passado, uma oração final e o término da palestra de Cura Interior.
Logo em seguida, inicia-se a ministração sobre a cruz. Esta é também uma palestra objetiva e mais curta. Seu propósito é mostrar que através da cruz Cristo pagou as nossas dívidas, trouxe-nos reconhecimento de pecados, arrependimento genuíno, anulou a maldição, deu-nos a remissão dos pecados pelo sangue e concedeu a vida eterna com Deus.
Os momentos de Jesus pela via dolorosa são recontados, Seu sofrimento nesse trajeto e na cruz são narrados e enquanto se faz isso, uma música de fundo ajuda na manipulação emocional.
Após este período, as pessoas pegam suas folhas (aquelas que escreveram durante as palestras Peniel e Libertação) e levam para uma cruz que foi confeccionada enquanto os encontristas participavam das palestras. As folhas são afixadas lá. Se alguém levou cigarros ou outros materiais indecentes ou pecaminosos, também fixam naquela cruz e em seguida ateiam fogo, gritando “ESTÃO ANULADOS TODOS OS ARGUMENTOS SOBRE MINHA VIDA”.[17]
Há, em seguida, um momento de comunhão. Cânticos de vitória são tocados, as pessoas pulam, se divertem, dançam, cantam e se abraçam. Vão jantar e descansar para o Domingo e finalização do Encontro.
No Domingo pela manhã a primeira palestra é “Oração como estilo de vida”. É uma palestra rápida e simples que mostra a importância da oração e aborda os principais pontos da oração do           “Pai Nosso”.[18]
A segunda palestra acontece logo na sequencia. É um estudo sobre a visão celular no modelo dos 12 e uma iniciação aos encontristas.[19]
São apresentadas as etapas do G-12 (ganhar, consolidar, discipular e enviar) e uma defesa “bíblica” do número 12.
Doze é o número que fala da totalidade perfeita; na economia de Deus é a perfeição na ciência, no conhecimento. Israel tinha 12 estandartes quando saiu do Egito (Nm 10:11-28). Jacó teve 12 filhos dos quais saíram as doze tribos de Israel (Ex 28:21). Josué separou 12 pedras, e nelas escreveu os nomes das 12 tribos (Js 4:1-10). Doze homens foram espiar a Terra Prometida. Davi tinha 12 chefes das tribos de Israel (1 Cr 29:6), Salomão tinha 12 chefes, chamados príncipes (1 Rs 4:7) (…) Para formar uma comunidade legal em Israel, era necessário 12 homens (dez homens além do oficiante e da autoridade rabínica).[20]
Termina-se esta palestra mostrando que a Visão nasceu para conquistar a Terra. Os encontristas são ungidos para receber a unção de multiplicação e cumprir os processos da Visão Celular no Modelo dos 12.
Chegamos à última palestra do Encontro: “Batismo no Espírito Santo. A ideia em questão se difere da doutrina pentecostal clássica em que o batismo é evidenciado pelo falar em línguas. À semelhança de outros grupos pentecostais, o “falar em línguas” é uma das evidências.
Algumas manifestações estranhas que aconteciam durante a ministração pelo Batismo no Espírito Santo foram duramente criticadas no passado, tais como a unção do riso, o fenômeno cai-cai e imitação de animais (embora esta última graças a Deus eu nunca tenha visto).[21] Essas manifestações tiveram sua influência no movimento canadense da Toronto Airport Christian Fellowship.
Apesar de ser a última palestra, o Encontro ainda não termina aqui. Há mais um momento de muita força emocional. Enquanto os encontristas estão participando do evento, uma equipe, denominada “correio”, está do lado de fora buscando cartas e mensagens dos familiares e amigos dos encontristas.
Depois dos momentos de êxtase da palestra anterior, as pessoas são convocadas a se assentarem e fecharem os olhos. Enquanto adoram a Deus, os membros do correio entregam essas cartas e alguns presentes para os encontristas sem que estes percebam.
Depois que abrem os olhos e leem suas cartas, há um momento de muito choro misturado com risadas e todo tipo de emoção. Este, bem como as palestras de libertação e cura interior, é um dos momentos mais marcantes do Encontro, pois a carta de alguns familiares que estavam brigados e de amigos que não viam há certo tempo emocionam profundamente as pessoas neste momento final.
Eis o desfecho. É feita uma oração final e o dirigente conclama todos a repetirem o jargão que a partir de agora fará parte da vida deles: “O ENCONTRO É TREMENDO!”. Em seguida, eles repetem um termo de compromisso: “eu me comprometo a não mencionar nada do que aconteceu no Encontro. Terei a responsabilidade de incentivar outros a fazerem o Encontro e a experimentar como o Encontro é TREMENDO!”.[22]

O Pós-Encontro
Depois que o encontrista passa pelo Encontro, ainda terá a fase final no culto à noite. As famílias são convidadas a participarem da festa e o culto deixa seu lugar tradicional para uma verdadeira celebração.
As etapas seguintes são a matrícula na Escola de Líderes e a realização do Pós-Encontro. Este, consiste em mais quatro encontros semanais, para à semelhança do Pré-Encontro, estudar temas bíblicos.
As lições a serem estudadas são as seguintes: 1) A Importância do Pós-Encontro; 2) Conservando a Libertação e a Cura Interior; 3) As Áreas de Contra-Ataque e 4) Como Posso deter satanás?
Como podemos ver, as lições são completamente voltadas para os temas neopentecostais de guerra espiritual. Já na primeira lição, o crente será advertido que satanás criará muitas situações para tentar prendê-lo novamente.
A aparente visão dualística permanece. “No Encontro, Deus realizou uma obra maravilhosa e específica em sua vida. Isto foi um ataque ao reino das trevas, pois o diabo perdeu mais uma batalha em sua vida; E, como estamos em meio a uma guerra, o reino inimigo está preparando um contra-ataque”. [23]
A segunda lição aborda Efésios 6, a fim de mostrar ao crente a necessidade de tomar a armadura de Deus para guerrear de forma eficaz essa batalha espiritual. Uma dessas armas é até mesmo a confissão positiva.[24]
A terceira lição aborda a necessidade de uma nova rotina e de novos hábitos. Amigos do passado que não edificam devem ser evitados. Todavia, satanás entrará com toda sua “providência” para usar esses amigos do passado e pessoas da família para desanimar o crente. Outras áreas que satanás contra atacará são a saúde, as finanças e a mente.[25]
Já que satanás atua de forma poderosa e providencial, a quarta lição promete explicar como vencê-lo. Uma das formas é amarrar as forças do mal, a outra é usar a autoridade do Nome de Jesus e a última é evitar as brechas. Além disso, conhecer os inimigos (mundo, carne e diabo) e guerrear contra satanás, são conselhos complementares para êxito nessa empreitada.[26]

O silêncio e o segredo
Conforme vimos sucintamente, o Encontro trabalha com duas práticas que angariaram para si muitos questionamentos e críticas. Tratam-se do pacto do silêncio e do segredo sobre o que acontece lá.
Nosso propósito nesta seção é apenas conceituar melhor essas práticas. O silêncio, por exemplo, não se trata de uma doutrina, mas de uma “estratégia de reflexão”, conforme assinala Terra Nova.[27]
Alguns questionam esse método alegando que se trata de uma prática das religiões orientais. Não podemos ser injustos e comparar a prática do silêncio dos encontros com uma meditação transcendental ou ioga, por exemplo. São coisas bem diferentes.
O alvo das meditações orientais é o auto-esvaziamento, enquanto que nos encontros é para reflexões e para evitar conversas vãs no decorrer da programação. Os exageros dessa prática são igualmente dignas de nossa repreensão e repúdio.
Outra coisa estranha é a maneira como Terra Nova usa a Bíblia para defender seu uso. Ele recorre a passagens que não tem nenhum apelo ao uso do silêncio.
Ele cita o caso de Zacarias, pai de João Batista, que ficou sem falar por nove meses (cf Lc 1.5-25). Todavia, esta passagem é apenas descritiva e narra como Deus o puniu por sua incredulidade. Não podemos tomar este trecho das Escrituras como algo prescritivo.
Ele usa, ainda, de passagens como Ap 8.1 (silêncio no céu por 30 minutos) e Mc 9.5-8 (na transfiguração no monte quando Pedro foi infeliz em seus comentários).[28] Não é porque a Bíblia cita determinado assunto que ela apoia esse mesmo assunto.
A passagem que mais poderia ajuda-lo em sua tentativa de aprovar biblicamente o silêncio nem sequer é mencionada: as voltas de Josué e os israelitas ao redor das muralhas de Jericó (Js 6).
Sobre o segredo ele usa a mesma tática e cita passagens sem o devido apoio. Uma delas é quando Jesus diz a Pedro, Tiago e João para guardarem segredo sobre o que viram no dia da transfiguração (Mc 9.2-9). Outra passagem é a de Jesus solicitando aos discípulos que não contassem a ninguém sobre sua identidade messiânica (Mt 16.13-20). E uma última passagem é a da cura de um leproso, em que Cristo lhe diz para não contar sobre esse milagre a ninguém (Mt 8.4).
O propósito em manter segredo do Encontro não é com o intuito de criar algo misterioso. Nisso também não podemos ser injustos com o movimento. O intuito é, na verdade, gerar expectativa, curiosidade para que as pessoas queiram saber o que tem de tão tremendo.[29]
Penso que seria mais justo dizer isso diretamente, ao invés de tentar arrumar alguma base bíblica para tal prática. Não obstante, Renê destaca que, se quem estiver querendo adotar os Encontros, não necessariamente precisa seguir o segredo, pois “cada um anda na luz que tem”.[30]
[1][1] NOVA, Renê Terra. Guia Oficial do Encontro com Deus. Semente de Vida. São Paulo, 2008, p. 8.

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