A
LOUCURA DOS QUE NÃO CRÊEM
“Diz o néscio no seu coração: Não há Deus”(Sl 14.1)
Pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), realizada
em 2000, dá conta de que aumentou o número dos ateus, pessoas que afirmam
abertamente não crer na existência de algum deus ou de um mundo sobrenatural.
A maioria desse contingente é atéia na prática, ou seja, não apresenta nenhum
tipo de fé religiosa e não “perde” tempo refletindo sobre a existência de Deus.
São pessoas que, de fato, assumiram um modus vivendi em que não há espaço para
a religião. Mas, apesar de suas convicções, não apresentam argumentos sólidos
para o seu ateísmo.
Um número mais reduzido desse grupo, tanto no Brasil quanto no exterior, pode
ser classificado como ateus filosóficos, isto é, pessoas racionalmente
preparadas para justificar sua descrença, pois se ocupam em formular argumentos
lógicos que justifiquem a sua posição. Poderíamos, ainda, chamar os ateus
filosóficos de “incrédulos conscientes”.
Também, vale destacar um outro tipo de ateu, mais agressivo, detectado pela
pesquisa em pauta: o militante. Esses ateus não somente não crêem na existência
de Deus como também são contra aos que crêem. Tanto é que procuram persuadir os
outros para a sua “fé sem deus”. Então, criaram o site Sociedade da Terra
Redonda, cujo objetivo é reunir todos os ateus em sua militância. O site possui
820 colaboradores e recebe cerca de 75.000 visitas por mês.
Salientamos que os ateus militantes parecem dirigir toda a sua animosidade
principalmente aos cristãos. Seus sites estão repletos de refutações à Bíblia
e, entre eles, existem pessoas que se ocupam em desmentir os milagres de cura
que ocorrem nas igrejas evangélicas e também em apontar as falhas da Igreja
Cristã através da História, entre outras coisas. Além de negarem a existência
de Deus de forma geral (pois ateu significa “sem Deus”), acabam se tornando, na
maioria das vezes, antideus, isto é, contra Deus, ou, mais precisamente,
anticristãos.
O
ateísmo hoje
O ateísmo, como vem sendo propagado atualmente, não se contenta apenas em não
crer na existência de Deus. Prega que a religião não é só inútil, mas também é
má. E, ao lado de sua crítica à religião, divulga uma crença que dá
possibilidade ao homem de resolver seus próprios problemas sem necessitar de
uma força exterior. Em verdade, é um humanismo, não um humanismo que valoriza o
ser humano, mas um humanismo que opõe Deus e homem, colocando este último como
senhor e salvador de si mesmo.
O Credo Americano Ateísta corrente declara:
“Um ateísta ama a si mesmo e ao seu próximo ao invés de amar um deus. Um
ateísta aceita que céu é uma coisa pela qual nós devemos trabalhar agora, aqui
na terra, para que todos os homens possam desfrutar juntos. Um ateísta admite
que ele não pode conseguir ajuda pela oração, mas que devemos encontrar em nós
mesmos a convicção interior e a força para achar a vida, para resolver seus
problemas, para subjugá-la e para desfrutá-la. Um ateísta aceita que somente no
conhecimento de si mesmo e de seu próximo os homens podem encontrar o
entendimento que o ajudará em uma vida de plenitude”.
Um aspecto importante que precisa ser mencionado: os ateus não negam apenas a
existência de Deus, mas de qualquer realidade que não seja material, isto é,
que não possa ser percebida pelos cinco sentidos. Para eles, não existe uma
dimensão espiritual, habitada por anjos ou demônios. A única coisa que existe é
o mundo físico, tangível, e nada mais além disso.
O
impacto do pensamento científico
“A fundação indestrutível do edifício inteiro do ateísmo é a sua filosofia: o
materialismo, ou naturalismo, como também é conhecido. Essa filosofia considera
o mundo como ele é na verdade, visto na luz dos dados providos pela ciência
progressiva e experiência social. Materialismo ateísta é o resultado lógico de
conhecimento científico ganho durante os séculos” (grifo do autor).
A colocação acima pertence ao artigo “Materialismo versus idealismo”, de
Madalyn Murray O’Hair, fundadora da organização American atheists (“Ateístas
americanos”), que serve de inspiração para os ateus brasileiros. Com essa
afirmação, a autoria lança uma das pedras de toque do pensamento ateísta: o
conhecimento científico.
Embora não signifique que todos os envolvidos com o pensamento científico sejam
ateus, o contrário geralmente é verdade. Os ateus atribuem sua incredulidade
quanto às coisas divinas e espirituais alegando que as mesmas não podem ser
comprovadas cientificamente. Basta lembrar que Yuri Gagarin, o primeiro russo a
andar no espaço, fez questão de dizer “Não vi nenhum Deus”.
Desde o período do Iluminismo1, o conhecimento científico foi adquirindo mais e
mais prestígio. Os benefícios trazidos pela tecnologia criaram um sentimento
geral de que o homem poderia, sozinho, resolver seus próprios problemas, bastando,
para isso, ter o conhecimento necessário. De repente, o Universo não era mais
um objeto misterioso movido pelas mãos do Altíssimo, mas uma máquina perfeita
regida por leis que podiam ser medidas e utilizadas em proveito próprio. O
século XVIII viu surgir a filosofia materialista de Hume2, na qual não havia
lugar para quaisquer coisas que não fossem tangíveis, palpáveis. A física de
Newton e a química eram ciências suficientes para explicar todos os fenômenos.
É óbvio que a descoberta das leis da física e da química não é um fundamento
aceitável para negar a existência de Deus. Toda lei tem seu legislador e a
coisa mais fácil de concluir é um Universo regido por leis estabelecidas pelo
Criador. Mas muitos, no afã de menosprezar a fé, lançaram mão desse instrumento
para afirmações ateístas.
Há um site americano que divulga uma lista de “celebridades ateístas” que
inclui filósofos (Thomas J. Altizer, Paul e Patrícia Churchland, Paul Edwards,
Antony Flew, Michael Martin e Kai Nielsen), cientistas (Francis Crick, Richard
Leakey e Stephen J. Gould), políticos (Fidel Castro e Tom Metzger), famosos
(Woody Allen, Ingmar Berman, Bill Blass, Marlon Brando,Warren Buffett, George
Carlin, Dick Cavett, George Clooney, Patrick Duffy, Katherine Hapburn, Arthur
Miller, Jack Nicholson e Penn and Teller) e homens de negócio (Bill Gates,
entre outros também conhecidos).
Todavia, ser cientista não obriga ninguém a ser ateu. Se isso fosse verdade,
todos os cientistas seriam ateus, o que não é um fato. Inclusive, um dos maiores
pensadores do século XX, autor do best-seller Uma breve história do tempo, não
vê qualquer dificuldade em crer na existência de Deus. Muito pelo contrário: “O
pai da cosmologia moderna, o inglês Stephen Hawking, acha fascinante a chamada
hipótese teológica, a idéia de que entender Deus seria o alvo supremo da
física, mas alega que o caminho para chegar lá é a ciência, e não a metafísica
ou o misticismo. Quando lhe perguntam se Deus teve um papel no Universo antes
do Big Bang, a suposta explosão primordial que teria criado o cosmo, Hawking
admite que sim: acho que só Ele pode responder porque o universo existe” (grifo
do autor).3
Sobre este assunto, uma citação do teólogo Charles Hodge, que deveria ser
observada por aqueles que defendem o pensamento científico:
“Desde os primórdios da ciência moderna, vêm emergindo constantemente aparentes
discrepâncias entre a natureza e a revelação, o que, por algum tempo, tem
ocasionado grande escândalo a crentes zelosos; em cada exemplo, porém, sem a
menor exceção, tem sido descoberto que o erro se encontra ou na generalização
apressada da ciência, devido ao conhecimento imperfeito dos fatos, ou na
interpretação tendenciosa das Escrituras”.4
O
efeito Darwin
“Após ter lido A origem das espécies, de Charles Darwin, Marx escreveu uma
carta ao seu amigo Lassalle na qual exulta porque Deus - ao menos nas ciências
naturais - recebeu o golpe de misericórdia”.5
Não que essa fosse a intenção do naturalista Charles Darwin, mas suas idéias
foram e ainda são utilizadas pelos ateus do mundo inteiro como argumento para
provar que o simples fato de o mundo existir não demanda a existência de um
Criador. Segundo a teoria da Evolução das Espécies, o mundo é o resultado de
bilhões de anos de evolução, pela qual as formas de vida mais simples evoluíram
para as formas de vidas mais complexas, até chegarem no homem.
Essa questão ferveu na Inglaterra do século XIX e, depois, no mundo inteiro.
Conceber o Universo em termos evolutivos foi o padrão que, desde então, serviu
para considerar a evolução como algo inerente à natureza de todas as coisas.
Assim, não havia a necessidade de um agente externo, ou seja, Deus. Com sua
teoria, Darwin proporcionou aos incrédulos aquilo que ainda lhes faltava: uma
“base científica” para a negação de Deus.
Isso, no entanto, não significa que Darwin estava negando a existência de Deus.
Em verdade, ele estava atribuindo o fato biológico ao Criador. Mas aqueles que
buscavam ensejo para anular o argumento da criação como prova da existência de
Deus usaram sua teoria como base. Logo, ser ateu por causa da evolução era uma
opção de crença, e não uma conseqüência da teoria de Darwin. Até porque havia
muitos teístas (pessoas que admitem a existência de um Deus pessoal como causa
do mundo) entre aqueles que acreditaram na evolução.
Nosso propósito aqui não é discutir sobre a teoria da Evolução das Espécies.
Mas é importante saber que, mais de cem anos depois, muitas dúvidas ainda
pairam sobre essa teoria, insuficiente para explicar a origem do homem. Embora
admita a evolução, o historiador sueco Karl Grimberg, no princípio de sua
História Universal, comenta o seguinte: “se (conjunção condicional) a estrutura
anatômica do homem é o culminar de uma longa evolução, foi, no entanto,
repentino o nascimento da sua inteligência. Tudo faz supor que o limiar por
onde se ascendeu diretamente o pensamento foi transposto de uma só vez” (grifo
do autor).6
Grimberg fez essa declaração em 1941. Mas é impressionante a recente observação
da revista Veja sobre o comentário de um dos maiores neodarwinistas da
atualidade: “... o biólogo Ernst Mayr, da Universidade de Harvard, também
concorda que apenas o desenrolar das leis naturais talvez explique o surgimento
da vida na Terra – mas isso certamente não pode ser invocado para explicar o aparecimento
de seres inteligentes. Lendário pelo ceticismo, Mayr não fala em milagre. Nem
pode. Ele é considerado o maior neodarwinista vivo. Mas seu cálculo sobre a
possibilidade de a natureza produzir seres inteligentes pelos processos
evolutivos conhecidos é quase uma sugestão de que os seres humanos são mesmo
produtos sobrenaturais” (grifo do autor).7
A
espada de Karl Marx
De todos os movimentos que se rebelaram contra a crença em Deus, o marxismo foi
o mais relevante. Toda a ideologia marxista e as demais que dele se originaram
(comunismo, socialismo, leninismo e maoísmo) apresentavam uma aversão profunda
contra toda e qualquer religião, principalmente o cristianismo. O ateísmo foi
ensinado nas escolas e inculcado nos cidadãos que viviam sob essa orientação
ideológica desde a mais tenra idade e em todo lugar. Muitos dos argumentos que
os ateus atuais lançam contra Deus eram comumente utilizados pelos países
comunistas/socialistas.
“O ateísmo de Marx certamente era de uma espécie extremamente militante. Ruge
escreveu a um amigo: Bruno Bauer, Karl Marx, Christiansen e Feuerbach estão
formando uma nova ‘Montagne’8 e fazendo do ateísmo o seu lema. Deus, religião e
imortalidade são derrubados de seu trono e o homem proclamado Deus”. E George
Jung, um jovem próspero, advogado de Colônia e partidário do movimento radical,
escreveu a Ruge: “Se Marx, Bruno Bauer e Feuerbach, juntos, fundarem uma
revista teológico-filosófica, Deus faria bem em cercar-se de todos os seus
anjos e se entregar à autopiedade, pois estes certamente o tirarão de seu céu
[...] Para Marx, de qualquer forma, a religião cristã é uma das mais imorais
que existe” (grifo do autor).9
Como vemos, nem sempre o ateísmo existiu como uma crença passiva, como uma
indiferença à religião. Dentro do conceito marxista, o ateísmo deveria
substituir a crença em Deus, nem que para isto fosse necessário usar de
violência. Não precisamos registrar aqui os milhares de mártires resultantes da
implantação da ideologia comunista. Como escreveu Richard Wurmbrand, fundador
da Missão a Voz dos Mártires: “Poso entender que os comunistas prendam padres e
pastores como contra-revolucionários. Mas por que os padres foram forçados a
dizer a missa sobre excrementos e urina, na prisão romena de Piteshti? Por que
cristãos foram torturados para tomarem a comunhão com esses mesmos elementos?
Por que a obscena zombaria da religião?”.10
O
ateísmo militante no Ocidente
O atual movimento ateísta pode não ser algo tão inofensivo quanto se imagina.
Marx foi um filósofo, não um carrasco. Mas não podemos dizer o mesmo de muitos
de seus filhos ideológicos, como, por exemplo, Lênin e Stalin, na ex-URSS, e
Mao Tse Tung, na china. A perseguição religiosa durante os seus governos, e
também depois, mostra claramente que o ateísmo pode tornar-se tão intolerante
quanto qualquer religião.
O ateísmo morreu com a queda da cortina de ferro para, agora, renascer no
Ocidente, apoiado pela liberdade democrática, com o risco de tornar-se uma
crença intolerante e agressiva.
A postura acadêmica de muitos ateus ocidentais da atualidade está em agudo
contraste com alguns dos mais coloridos ateístas dos tempos passados. A
fundadora da organização American atheists (“Ateístas americanos”), Madalyn
Murray o’Hair, ficou conhecida mais por sua linguagem grosseira e ultrajes
explosivos contra manifestações públicas de religião do que por suas proezas
intelectuais. Ela veio a público em 1963, mas foi em 1959 que sua causa
judicial, envolvendo seu filho, chegou à Suprema Corte. No caso Murray versus
Curlett, a Corte declarou ilegal a oração obrigatória nas escolas públicas e,
com isso, incentivou Murray, com uma carreia de mais de 30 anos, a criar uma
América livre de religião.
Murray, freqüentemente, debatia em público, denunciando, de forma voraz, o
cristianismo e lutando em favor do ateísmo. Iniciou muitos processos para que a
sociedade americana ficasse livre de qualquer religião. Em um deles, a
solicitação para que as notas e moedas americanas não trouxessem a frase “Em
Deus nós confiamos”.
Chegou a afirmar, algumas vezes, que a American atheists tinha mais de 75.000
adeptos, porém, o mais exato é que tivesse apenas cerca de 5.000.
Em 1995, ela e sua família desapareceram com grandes porções dos fundos de suas
várias organizações, exceto seu filho William Murray (objeto de seu processo
judicial inicial), isolado por ela por ter-se convertido a Cristo. Os
desaparecidos foram considerados assassinados.
Bases
históricas dos ateus
Alguns sites, como o www.oateufeliz.com.br, por exemplo, fazem menção das
mortes efetuadas pela Inquisição católica e pela colonização protestante na
América para combater a crença em Deus. Todavia, querer provar que Deus não
existe por esse motivo é um tanto quanto sem fundamento. Os ateus não podem
esquecer que Stálin, Lênin e Mao Tse Tung mataram milhões de pessoas inspirados
no socialismo ateu, conforme divulgado por Karl Marx.
Da mesma forma, o Nazismo dizimou a raça judaica e milhares de outras minorias
por conta de suas teorias racistas, baseadas no darwinismo e no filósofo ateu Friederich
Nietzsche.11 Mas não podemos negar a existência de Marx, Darwin e Nietzsche
pelo fato de seus escritos terem sido utilizados de forma perversa.
Na verdade, as guerras e os massacres ocorrem motivados pelo desejo de poder e
pela ambição por riquezas. A religião apenas serve de justificativa para tais
atos, assim como o ateísmo serviu de motivo para que milhares de cristãos
fossem massacrados em países comunistas. Assim, se a religião, por motivos
históricos, pode ser classificada como nociva, o ateísmo também pode. Se,
porém, separarmos os frutos bons dos ruins, veremos que a fé em Deus produziu
os melhores.
Se os homens erraram dentro da História do Cristianismo, isso apenas indica que
eles estavam fora dos padrões de Deus, e não um fundamento que sirva para
provar que Deus não existe. Uma coisa é dizer que Deus não existe. Outra bem
diferente é mostrar que o homem não tem obedecido a Deus como deveria.
Deus
realmente existe
As Escrituras não procuram, em nenhum ponto, provar a existência de Deus. Ela
apenas o admite. Os santos do Antigo e do Novo Testamento que falaram
inspirados por Deus não diziam que acreditavam em sua existência, mas que o
conheciam – o que depreende bem mais. Com certeza, o conhecimento de Deus,
conforme a Bíblia, é algo diferente do conhecimento científico baseado nos
sentidos.
Mas, então, para que tentar provar a realidade de Deus?
Em primeiro lugar, porque muitos são sinceros em suas dúvidas.
É verdade que alguns não querem crer e, por isso, procuram desculpas para sua
atitude. Outros querem acreditar sim, mas, infelizmente, encontraram diversos
motivos para não fazê-lo. É aí que entramos com a evidência.
Em segundo, porque tudo aquilo que fortalece a nossa fé é útil. É por isso que
muitos buscam provas, não para crerem, mas porque já crêem.
E em terceiro, porque esta é uma maneira de estarmos conhecendo um pouco mais
da natureza de Deus e, com certeza, isso é algo bom e recomendável.
1.
A criação
Alguém que ainda não tenha lido a complicada teoria de Darwin achará óbvio a
existência de um Criador. Toda criação pressupõe um criador. Esta maravilha
toda não pode ter surgido por acaso. Como já disse alguém: “Faz tanto sentido
concluir que o cosmo é o mero resultado de uma explosão quanto achar que um
livro pode surgir da explosão de uma gráfica”. Independente do que digam os
ateus ou os cientistas, a criação é uma prova inegável da existência de Deus.
“Pois os atributos invisíveis de Deus, desde a criação do mundo, tanto o seu
eterno poder quanto a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas
coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis” (Rm 1.20).
2.
Desígnio e ordem
O Universo não apenas existe, mas existe com ordem, com desígnio, com
evidências de uma inteligência criadora. A ordem no Universo mostra que ele
fora criado com inteligência e com propósito, não surgiu e se tornou o que é
por mero acaso. “Ele fez a terra pelo seu poder; ele estabeleceu o mundo pela
sua sabedoria e com a sua inteligência estendeu os céus” (Jr 10.12). Um mero
sacerdote do século VII a.C. percebeu e registrou isto de forma poética e
inspirada, mas os céticos modernos se recusam a aceitar o óbvio.
“Galeno, célebre médico de inclinações ateísticas, depois de ter feito a
anatomia do corpo humano, examinando cuidadosamente seu arcabouço, visto quão
adequada e útil é cada parte, percebido as diversas intenções de cada pequenino
vaso, músculos e ossos, e a beleza do todo, viu-se tomado pelo espírito da
devoção e escreveu um hino ao seu Criador”.12
3.
Senso comum
“Visto que o que de Deus se pode conhecer, neles (nos homens) se manifesta,
porque Deus lhes manifestou” (Rm 1.19).
Desde o Iluminismo, a “crença” dos incrédulos era que, à medida que o
conhecimento científico fosse aumentando entre a população, a religião entraria
em decadência. Engano. O contrário sim, é verdade. E isso é testemunhado pelas
próprias estatísticas.
Embora um ateu rejeite isso como prova, a verdade é que a própria natureza
humana é um inegável testemunho a favor da existência de um ser supremo. Em todos
os povos e em todas as épocas, a idéia de um Ser supremo sempre esteve
presente, independente do grau de desenvolvimento. Mas não havia ateus
materialistas? Sim, mas em um grau tão pequeno que não passavam de exceções
confirmando a regra. Podemos até afirmar que o ateísmo é antinatural, é contra
o comportamento e a noção comum do ser humano.
“No início do século XX acreditava-se que quanto mais o mundo absorvesse
ciência e erudição menor seria o papel da religião. De lá para cá, a tecnologia
moderna se tornou parte essencial do cotidiano da maioria dos habitantes do
planeta e permitiu que até os mais pobres tivessem um grau de informação
inimaginável 100 anos atrás. Apesar de todas essas mudanças, no início do
século XXI o mundo continua inesperadamente místico. O fenômeno é global...”
(grifo do autor).13
Os ateístas apresentam páginas e páginas de teorias para negar a existência de
Deus. Mas todas elas despedaçam-se diante dos fatos. A crença do homem em Deus
pode até ser confundida, mas a realidade mostra que jamais pôde ser apagada.
Sobre isso se pronunciou o teólogo Evans:
“O homem, em toda parte, acredita em um Ser supremo ou seres a quem é
moralmente responsável e a quem necessita oferecer propiciação. Tal crença pode
ser crua ou grotescamente representada e manifestada, mas a realidade do fato
não é mais inválida por tal crença do que a existência de um pai é invalidada
pelas cruas tentativas de uma criança para desenhar o retrato de seu pai”.14
Raciocínios
fúteis e corações insensatos
No decorrer da história cristã, os teólogos desenvolveram enormes argumentos
filosóficos e naturais para provar a existência de Deus. Muitos desses
argumentos apresentam uma profundidade de pensamento impressionante. Só por
esse aspecto é fácil concluir que o conhecimento natural não é, de forma
nenhuma, inimigo do conhecimento de Deus. O que impede muitos eruditos de
admitir esta verdade é o orgulho e a presunção, pois, em verdade, não existem
barreiras intelectuais reais que os impeçam de admitir-se a existência de Deus.
Sobre isso, deixamos a palavra de Paulo, o sábio e erudito apóstolo que lançou
os fundamentos da teologia cristã.
“Pois tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram
graças, antes seus raciocínios se tornaram fúteis, e seus corações insensatos
se obscureceram. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” (Rm 1.21,22).
Notas:
1 Revolução intelectual que ocorreu na Europa nos séculos XVII e XVIII. Graças
ao iluminismo, a religião e as ciências separaram-se e isso causou mudança na
maneira de pensar, agir e encarar o mundo. A partir do iluminismo, os homens
tentaram encontrar explicações científicas para, por exemplo, os fenômenos da
natureza, o que causou avanço científico.
2 David Hume, nascido em 1711, em Edimburgo, na Escócia. Estudou no colégio de
Edimburgo - um dos melhores da Escócia, posteriormente transformado em
Universidade. Sua ideologia filosófica estava centrada no empirismo, que admite
apenas que a origem do conhecimento provenha unicamente da experiência, seja
negando a existência de princípios puramente racionais, seja negando que tais
princípios, embora existentes, possam, independente da experiência, levar ao
conhecimento da verdade.
3 Revista Veja 19/12/01, p. 133.
4 Teologia Elementar, E. H. Bancroft, IBR, p. 22
5 Marx e Engels, Diltz publ. Berlim 1972, vol 30, p. 578.
6 História universal, Carl Grimberb, p. 8.
7 Revista Veja 19/12/2001, p. 132.
8 Idem
9 Karl Marx, Vida e Pensamento, David McLellan, Vozes, p. 54.
10 Era Karl Marx um satanista?, p. 47.
11 Revista Defesa da Fé, Set/02.
12 Teologia Elementar , E. H. Bancroft, IBR, p. 20.
13 Revista Veja 19/12/03, p. 125.
14 Teologia Elementar , E. H. Bancroft, IBR, p. 20.
FONTE ICP
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