segunda-feira, 30 de março de 2015

HERESIAS PRIMITIVAS

                

                           Heresias Primitivas


Durante os anos que vão de 70 a 140, ou seja, I e II século d.C., foram de expansão e crise interna, para o judeu-cristianismo (pensamento cristão sem vínculo com a comunidade judaica), se expressava através de equemas do judaísmo. Os judeus-cristãos foram superados pelos gentios-cristãos. Desse judaísmo cheio de idéias cristãs e não-cristãs, trazidas por pagãos que se convertiam, que iria surgir as mais antigas heresias, conhecidas como heresias judaicas.
Ebionismo:
Os ebionitas (pobres), judeus-cristaos que seguiam a lei de Moisés, mas acreditavam que Jesus Cristo era o Messias, porém achavam que Ele não era o Filho de Deus (apenas um profeta anunciado por Moisés), Os ebionitas subsistiram até o século V, nesse período, dividiu-se em numerosas seitas. O apóstolo João escreveu seu evangelho, refutando essas heresias.
Elcasaísmo:
Fundador Elxai, recebeu revelação por meio de um livro dado por um anjo, lembrando Maomé (Alcorão) e Joseph Smith (Livro de Mórmon). Aceitavam apenas partes do A.T.
Nicolaísmo:
Fundador Nicolau (Balaão), era diácono da igreja, seita gnostico-libertina que apareceu em Éfeso e Pérgamo (Ásia Menor), condenava o Deus da criação.
Cerintianismo:
Fundador Cerinto, acreditava que Cristo não nasceu Deus, mas tornou-se Deus no batismo, quando morreu Deus o abandonou, para recebê-lo na sua 2ª vinda, no final dos tempos.
Gnosticismo: 
Heresia complexa, de elementos filosófico-religiosos orientais e cristãos. O Gnosticismo era composto por vários movimentos sincréticos de tradições religiosas da sua época: o helenismo, o dualismo, cultos de mistério, judaísmo e o cristianismo; enquanto as heresias judaicas estavam apegadas às tradições mosaicas, os gnósticos, pagãos que aceitaram a fé cristã, tentavam introduzir nela, concepções pessoais e teorias filosóficas.
Sempre em contínua evolução, mas com um ponto em comum, de que entre Deus e a matéria há uma série de seres que intermediam um contato do homem com a divindade.
Gnose (grego) significa “conhecimento ou ciência”, pretensiosamente se denominava como ciência de Deus, revelando assim seus mistérios a seus adeptos, herdeiros da ciência mística, base de todas as religiões, assim sendo, a gnose dá o segredo do universo e o segredo da evolução.
Seus ensinos são uma verdadeira rebelião contra Javé, o Deus de Israel, sua criação e a sua lei; diziam que Javé era um demiurgo (pequeno deus) inferior, que criou um mundo fracassado. Gnose revelação do Deus autêntico, possibilitando um retorno através de um rompimento com o mundo e a lei divina.
Os pontos fundamentais da heresia:

a)- Deus, uno e separado (longe), da matéria (seres);

b)- A matéria eterna é o princípio do mal;
c)- Eões, seres entre Deus e a matéria, juntos formavam o pleroma, afastados de Deus se tornavam imperfeitos. Um deles foi excluído do pleroma : Demiurgo, que criou o mundo e o homem da matéria já existente, produzindo também eões inimigos de Deus.
d)- O mal provém da união das almas, mas o homem não é totalmente mal, porque o Demiurgo tirou do mundo espiritual uma centelha divina e colocou-a na matéria, assim sendo, os homens se dividem em três classes: espirituais (espírito-superior-matéria); gnósticos (psíquicos-espírito=matéria); os cristãos (materiais/hílicos-matéria, superior, espírito) – os pagãos.
e)- Cristo como espírito emanado, ensina aos espíritos como se libertarem dos seus corpos; uns deixam os seus corpos fazerem o que quiser e outros o mortificam através de penitências. A redenção realiza-se no interior de cada alma, numa identificação com Deus, ou seja, o conhecimento e compreensão do próprio eu. Os relacionamentos Deus-cosmos se dão por antíteses : luz-treva, vida-morte, alma-psiquismo, “divindade como negação do mundo”.
Nos anos de 105 a 170 da nossa era, a Igreja reuniu vários concílios em combate ao gnosticismo, em nossos dias, as idéias gnósticas ressurgem entre a teosofia e o espiritismo.
Primeiras ações gnósticas, surgem na Palestina e na Síria, com o judeu-cristão Cerinto, materialista, que considerava Jesus Cristo um simples homem nascido de José e Maria. Simão Samaritano, o Mago, e Menandro são considerados os fundadores do gnosticismo.
Simão, taumaturgo do tempo de Nero, hábil na magia, originou várias lendas; em Atos 8:5-52, ele propôs a Pedro a compra do poder de fazer milagres, desafiou os apóstolos numa demonstração de poder, voando em torno de uma torre, ensinava que o mundo não foi criado por Deus e sim por anjos, para os samaritanos ele era o primeiro Demiurgo.
Menandro, discípulo de Simão, era mágico (comum nos gnósticos de Samaria), dizia que os que o seguissem jamais morreriam, se julgava o Salvador.
Saturnino, viveu entre 100 e 130 d.C., grande figura do gnosticismo, conferiu a forma definitiva a esta doutrina, achava que o homem foi criado por sete arcanjos.
Os barbelognósticos (do siríaco barbá eló, que significa “Deus em quatro”, ou seja, contém em si próprio : pensamento, pré-conhecimento, incorruptibilidade e vida eterna) e os sethianos-ofitas.
A heresia passou para o Egito (Alexandria), Valentiano e Carpócrates foram seus maiores defensores (tudo que se realiza na matéria é insignificante, do ponto de vista da alma).
Basílides organizou a doutrina de Simão o Mago, sintetizando-a (os anjos criadores do mundo, que dividem o domínio do mesmo), um deles é Javé, o deus dos judeus, que submete a si os demais.
Os ofitas cultuavam a serpente do paraíso: a serpente que se revelou contra o Demiurgo, e propôs a libertação através do conhecimento (gnóse) e da “ciência do bem e do mal”.
O marcionismo, do líder cristão Marcião, nascido em 85 d.C., em Sínope, costa do Mar Negro, criou uma nova forma de cristianismo (oposição entre a lei e o evangelho, entre a justiça e o amor), obra : Antítese (perdida), opunha o A.T. ao N.T., (como Lutero iria fazer mais tarde), suas igrejas eram poderosas na mesopotâmia, seu principal opositor, o teólogo Tertuliano, que escreveu o tratado Adversus Marcionem.
Principais obras gnósticas, achadas em Nag Hammadi, alto Egito, em 1945, originais em copta, copiadas em grego no século IV, entre os 51 livros achados estão: o Evangelho de Tomé, o Evangelho de Felipe, o Evangelho da verdade, o Apocalipse de Adão, o Livro do Grande Seth e o Apócrifo de João, onde no Gênesis, o Criador (Deus), se apresenta como ignorante e malévolo. Além, é claro, do polêmico Evangelho de Judas. O Bispo Irineu refutou essas heresias, em sua obra “Contra as Heresias”.

O Montanismo:
Apareceu na Frígia (Ásia Menor), de 150 a 157, movimento intelectualista, organizou-se em comunidades; na Ásia Menor, em Roma e na África do Norte, fundador Montano (sacerdote de Cibele), converteu-se ao cristianismo, julgava-se o instrumento do Espírito Santo prometido por Cristo e precursor de uma nova era, Prisca e Maximila suas profetizas. Chamavam a si mesmos de pneumáticos (inspirados pelo sopro do Espírito). Esta seita, anti-romana, se constituía numa ameaça para a paz entre a cristandade e o estado, foi excomungada pela Igreja, mas subsistiu no Oriente até o século VIII.
Os Antitrinitários:
Teófilo de Antioquia, escritor cristão, em 180 a.C., começa aparecer em seus escritos a palavra “tríade” ou “trindade” (um só Deus em três pessoas), que serviu para explicar o dogma cristão da Santíssima Trindade.
Logo surgem os opositores, como o adocionismo, de Teodoto de Bizâncio (rejeitava a Trindade, negava a divindade de Cristo e a encarnação do Verbo), foi condenado pelo papa Vítor I (189-199); em 190 d.C. surgiu outra heresia, iniciada por Noet, que Praxéias e Sabélio, desenvolveram, recebendo o nome de sabelianismo ou monarquismo ou modalistas (para eles o Pai, o Filho e o Espírito Santo, eram apenas três títulos diferentes e não pessoas); assim sendo, o Pai se encarnou na virgem, nascido tomou o nome de Filho, sem deixar de ser o Pai, logo foi o Pai quem morreu na cruz.
O Maniqueísmo:
Tipo de gnosticismo que começou na Pérsia, na 1ª metade do século III, fundador; Manés (Manion Maniqueu – 215/276), da Babilônia, morreu esfolado porque não curou um filho do rei Behram.
Para Manés, que seguia os ensinos de Zoroastro (Zaratustra), há dois reinos eternos : o da luz, em que domina Deus (Ormuzde ou Ahura Mazda), e o das trevas, domínio de Satã (Ahrimã ou Anrô Mainiu). O homem preso por Satã, luta para se libertar das trevas e ir para a luz, liberdade que se alcança por meio de uma vida austera, compreendendo três selos, (mortificações) : o selo da boca (jejum), o selo da mão (abstenção do trabalho) e o selo do ventre (castidade).
Existia duas classes : os eleitos (monges) e os ouvintes ou auditores (fiéis); com uma hierarquia de doutores, administradores, presbíteros, diáconos e missionários, rejeitaram o A.T. e expurgaram do N.T. as interpolações judaicas, para adaptar a Escritura aos fins de sua seita.
Santo Agostinho, foi conquistado por essa seita, um famoso discípulo de Manés foi Madek (século VI d.C.), que acreditava que o mal do mundo tinha sua causa no desejo de posse da fortuna e das mulheres.
Combatida pela Igreja e pelo estado, estendeu-se da África do Norte à China, até a idade média (século XII), surgindo então como doutrina albigense (catarismo).
O Priscilianismo:
Na Espanha, Prisciliano, bispo de Ávila, divulga os ensinos gnósticos e maniqueus, introduzidos pelo monge egípcio Marcos. Em 380, Prisciliano e os seus, foram expulsos e executados pelo imperador Máximo. Porém somente no Concílio de Braga, em 565, é que essa heresia foi condenada.
O Pelagianismo:
Em reação aos gnósticos e maniqueus, surge o pelagianismo que se tornou uma grave heresia, divulgador Pelágio nasceu em 354 na Inglaterra, moralista e intransigente, dizia que não se precisava da graça para salvação, bastando somente a vontade individual, não existia o pecado original, era contra o batismo, contra a remissão dos pecados, acreditava que se não há pecado original, não há necessidade de redenção, logo Jesus Cristo é inútil.
Santo Agostinho, dizia : todos os homens pecaram em Adão, nascem com o pecado original e estão enfraquecidos por ele, mas conservam o livre-arbítrio, portanto é necessário o batismo para reaver a graça.
Concílio de Cartago, em 411, condenou o pelagianismo, no Oriente foi declarado ortodoxo, nos concílios de Jerusalém e de Diospolis em 415. Em 431, no Concílio Ecumênico de Éfeso, foi condenado.
As questões do pelagianismo são graves do ponto de vista teológico, dando origem a grandes controvérsias que talvez nunca tenham fim.

FONTE CACP 

 


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário