A Babilônia
na Profecia Bíblica
“Ai!
Ai! Tu, grande cidade, Babilônia, tu, poderosa cidade! Pois, em uma só hora,
chegou o teu juízo” (Ap 18.10).
Será
que a Bíblia tem algo a dizer sobre o papel a ser desempenhado pela Babilônia
no futuro? A Babilônia mencionada na Bíblia tem alguma relação com o Iraque de
nossos dias?
Essas
questões podem ser solucionadas respondendo à seguinte pergunta: todas as
referências bíblicas à Babilônia devem ser interpretadas literalmente ou não?
Eu creio que sim. O Dr. Charles Dyer declara:
A
Bíblia menciona o termo Babilônia mais
de duzentas e oitenta vezes, e muitas dessas referências dizem respeito à
futura cidade de Babilônia que será edificada na areia fina do atual
deserto.[1]
Na
verdade, depois de Jerusalém, Babilônia é a cidade mais citada em toda a
Bíblia. Mas qual será o seu destino profético? Para entendermos esse assunto de
maneira adequada, precisamos iniciar a nossa viagem explorando o passado da
Babilônia, já que os fatos relacionados ao seu nascimento prestam auxílio no
esclarecimento de seu papel futuro.
O Passado de Babilônia
A
antiga cidade de Babilônia começou imediatamente após o Dilúvio e simboliza a
expressão da rebelião direta do homem contra Deus e contra a Sua ordem: “Sede fecundos, multiplicai-vos e
enchei a terra” (Gn 9.1b). Portanto, o reinado humano começou na Babilônia com
uma rebelião clara e evidente contra Deus. O Senhor interveio e espalhou a
humanidade rebelde confundindo seus idiomas. O nome “Babel” foi dado à cidade
de Ninrode, por causa da sentença de Deus sobre seus habitantes (Gn 11.1-9). O
Dr. Dyer explica:
Babel
foi a primeira tentativa de unificação da humanidade para causar um
curto-circuito no propósito de Deus. Essa primeira cidade pós-diluviana foi
projetada expressamente para frustrar o plano de Deus relativo à humanidade. As
pessoas buscavam unidade e poder, e Babel deveria ser a sede governamental
desse poder. Babilônia, a cidade feita por homens, que tenta se elevar até o
céu, foi construída em direta oposição ao plano de Deus.[2]
Babel
foi a primeira tentativa de unificação da humanidade para causar um
curto-circuito no propósito de Deus.
A
Babilônia estava novamente em primeiro plano no sexto século antes de Cristo[3]
quando Deus enviou o Reino do Sul de Israel (Judá) para os setenta anos de
cativeiro. Foi nessa época que Daniel recebeu de Deus muitas de suas visões
proféticas. Nessas revelações, a Babilônia foi o primeiro dos quatro grandes
impérios que se levantaram durante os “tempos dos gentios” (Dn 2 e 7). A
história revela que a Babilônia sofreu um declínio até o segundo século depois
de Cristo, quando ficou deserta. Essa cidade soterrada sob as areias do tempo
durante os últimos mil e setecentos anos recomeçou sua ascensão no século
passado. Espere mais um pouco e você verá a Babilônia tornando-se uma força
religiosa, comercial e politicamente dominante no mundo, pois os capítulos 17 e
18 de Apocalipse predizem sua destruição, mas, para ser a cidade que essas
profecias projetam, Babilônia precisa ser reconstruída em grande escala,
voltando a ser como nos dias de Nabucodonosor.
O Futuro de Babilônia
Como a
Babilônia desempenhou um importante papel no passado, também já está agendado
por Deus – segundo foi revelado na profecia – que ela desempenhará um papel
central no futuro. Ela se tornará, provavelmente, a capital do Anticristo
durante os futuros sete anos de tribulação, conforme retratado na série de
ficção Deixados para
Trás de Tim LaHaye e Jerry Jenkins.
A
Babilônia foi a cidade mais importante do mundo por quase 2000 anos, e a Bíblia
nos diz que será reerguida e colocada no palco mundial do fim dos tempos para
representar um papel de destaque (Ap 14.8; Ap 16.19; Ap 17 e Ap 18). A profecia
referente ao final dos tempos exige que a Babilônia seja reconstruída e se
torne uma cidade importante aos interesses mundiais durante a Tribulação. O
texto de Isaías 13.19 diz: “Babilônia,
a jóia dos reinos, glória e orgulho dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra,
quando Deus as transtornou”. O contexto de Isaías 13 é “o Dia
do Senhor”, expressão mais utilizada no Antigo Testamento para o termo
largamente conhecido como “Tribulação”. Além disso, no passado a Babilônia foi
conquistada por outros povos mas nunca foi destruída num cataclismo (ou
seja, “como Sodoma e
Gomorra, quando Deus as transtornou”). Atualmente a [região
de] Babilônia tem aproximadamente 250.000 habitantes. O texto de Apocalipse
18.16,19 fala de uma súbita destruição pela mão de Deus: “Ai! Ai! da grande cidade,... porque,
em uma só hora, foi devastada!” O Dr. Arnold Fruchtenbaum
declara:
As profecias
referentes à cidade de Babilônia nunca se cumpriram no passado, o que qualquer
enciclopédia pode testificar. Para que as profecias bíblicas se cumpram, é
necessário que a cidade de Babilônia seja reconstruída na mesma área de
outrora. A antiga Babilônia é o atual Iraque.[4]
Para
que as profecias bíblicas se cumpram, é necessário que a cidade de Babilônia
seja reconstruída na mesma área de outrora. A antiga Babilônia é o atual
Iraque.
A
Babilônia tem um importante papel na história futura, mas será totalmente
destruída num determinado momento ainda por vir.
Em
Apocalipse 17-18 Babilônia é citada como sendo a fonte da religião, do governo,
e da economia ímpios. Todos os aspectos injustos da sociedade do fim dos tempos
são, finalmente, derivados de uma fonte babilônica. O verdadeiro caráter de
Babilônia é revelado a João em Apocalipse 17.5 como um mistério assim descrito:
“BABILÔNIA,
A GRANDE, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA”.
Como a
mãe de todas as religiões falsas, Babilônia é a fonte onde nasce o falso
cristianismo de nossos dias e, certamente, durante a Tribulação. Todas as
correntes do cristianismo apóstata – catolicismo romano, as igrejas ortodoxas
do Oriente e o protestantismo liberal – vão convergir na Babilônia eclesiástica
(Ap 17) durante a Tribulação. O Dr. Dyer nos informa:
...em
Apocalipse 17 João descreve a visão em duas partes. A primeira parte fala de
uma mulher identificada como Babilônia. Simboliza
uma cidade de extrema riqueza que controla – “povos, multidões, nações e línguas” (Ap 17.15). Ela
é literalmente a cidade de Babilônia reconstruída.[5]
Esses
povos, multidões, nações e línguas vão continuar sua tarefa de enganar, mas
sofrerão o juízo de Deus durante e no final da Tribulação. Encontramos o mesmo
parecer sobre Babilônia e a descrição de um destino semelhante em Apocalipse 18
referindo-se à Babilônia comercial.
Uma Babilônia Literal
Ao
longo da história da Igreja, grande parte dos intérpretes da Bíblia pensava que
essa Babilônia fosse um tipo de palavra-código referente a alguma entidade como
o Império Romano, o catolicismo romano, o cristianismo apóstata ou mesmo os
Estados Unidos ou a Inglaterra. Entretanto, creio que, assim como o termo
“Israel” na Bíblia sempre se refere a Israel, o termo “Babilônia” sempre se
refere à Babilônia.
Em
primeiro lugar, creio que o livro de Apocalipse é uma grande estação central
para onde convergem todas as profecias bíblicas referentes ao futuro. O Dr.
Fruchtenbaum explica esse fato da seguinte maneira:
As
profecias do Antigo Testamento estão espalhadas pelos livros de Moisés, de
vários profetas e pelos livros históricos. Seria impossível desenvolver
qualquer seqüência cronológica dos eventos mencionados nessas profecias. O
valor do livro de Apocalipse não está no fato de oferecer novas informações,
mas em ordenar as profecias do Antigo Testamento em seqüência cronológica,
possibilitando determinar a ordem dos eventos.[6]
Quando
se estuda o que Deus declara acerca da Babilônia no livro de Apocalipse,
obviamente vemos que essas profecias não se cumpriram em acontecimentos
passados e, portanto, terão seu cumprimento em eventos futuros. Os capítulos 17
e 18 de Apocalipse, que falam sobre a Babilônia, fazem muitas alusões a ela
citando profecias do Antigo Testamento como Isaías 13 e 14, Jeremias 50 e 51 e
Zacarias 5.5-11.[7] A única interpretação plausível para um literalista é que
as referências são à “Babilônia às margens do Eufrates”.[8] O Dr. Robert Thomas
prossegue, dizendo:
...no
dia vindouro, predito nas páginas dessa profecia, essa cidade se tornará o foco
central de todo o sistema religioso que se opõe decididamente à verdade da fé
cristã. O sistema religioso prosperará durante algum tempo, exercendo
influência sobre as instituições comerciais e políticas de sua época, até que a
Besta e os dez reis determinem que esse sistema já não tem qualquer utilidade
para seus propósitos. Eles, então, o desmantelarão.[9]
A
Babilônia de Apocalipse é literal e, por conseguinte, as profecias a seu
respeito hão de se cumprir literalmente no futuro, talvez em um futuro próximo.
Uma “Exegese de Jornal”?
Os
preteristas, como Gary DeMar, por exemplo, zombam da perspectiva de voltar a
existir uma Babilônia reconstruída no futuro e desempenhando um papel na
profecia do fim dos tempos. “Será que deveríamos esperar uma reconstituição de
Babilônia no futuro, tendo por base os eventos descritos no livro de
Apocalipse?”, pergunta DeMar. “A Babilônia de Apocalipse é a mesma Babilônia do
Antigo Testamento?... De jeito nenhum”.[10] DeMar acredita que aqueles que vêem
uma correlação entre os eventos atuais e a preparação feita por Deus para o
futuro período de Tribulação estão desenvolvendo uma “exegese de jornal”. Diz
ele que estamos “lendo a Bíblia pela lente dos acontecimentos atuais”.[11]
Porém, eu argumento que ocorre exatamente o contrário.
Os
intérpretes literalistas da Bíblia há muito tempo têm ensinado que Israel deve
retornar à sua terra antes da Tribulação, fundamentados na sua compreensão do
cronograma profético. Isso aconteceu com o estabelecimento do Estado de Israel
em 1948. Os judeus estão de volta à sua terra e posicionados para cumprir o seu
destino quando a Tribulação começar. No passado, antes de 1948, os intérpretes
literalistas não se baseavam naquilo que os jornais diziam para crer no que a Bíblia
profetizava. Pelo contrário, eles criam que Israel seria restaurado porque a
Bíblia assim o dizia. O que realmente acontece é que Deus está cumprindo Suas
profecias perante um mundo observador e os jornais apenas relatam os fatos. Se
a convicção de que Deus cumpre o que diz tivesse sido uma espécie de “exegese
de jornal”, antes de 1948 não teríamos começado a proclamar a nossa certeza de
que Israel seria restabelecido. Contrariando essa “exegese de jornal”, os
estudiosos da Bíblia já proclamavam o retorno de Israel à sua terra como um
evento futuro centenas de anos antes que ocorresse.
A
Babilônia de Apocalipse é literal e, por conseguinte, as profecias a seu
respeito hão de se cumprir literalmente no futuro, talvez em um futuro próximo.
Por semelhante
modo, estudiosos da profecia também têm ensinado, há muitos anos, que haverá um
ressurgimento do Império Romano e que a cidade de Babilônia será reconstruída,
já que essas entidades desempenharão um papel específico durante o futuro
período da Grande Tribulação. Antes que Saddam Hussein subisse ao poder,
Charles Dyer concluiu a sua tese de mestrado no Seminário Teológico de Dallas
(em maio de 1979) falando da futura reconstrução de Babilônia. Bem antes de seu
tempo, um significativo grupo de estudiosos da Bíblia argumentava “em alto e
bom som” que a Bíblia prediz uma futura reconstrução da cidade de Babilônia às
margens do Rio Eufrates [ou seja, a idéia de uma Babilônia reconstruída não é
tão nova].
Em
minha biblioteca limitada encontrei uma porção de autores que, baseados em
Apocalipse 17 e 18, ensinaram a respeito de uma futura Babilônia. Nesse grupo
estão incluídos: B. W. Newton (1853),[12] G. H. Pember (1888),[13] J. A. Seiss
(1900),[14] Clarence Larkin (1918),[15] Robert Govett (1920),[16] E. W.
Bullinger (1930),[17] William R. Newell (1935),[18] F. C. Jenings (1937),[19]
David L. Cooper (1942)[20] e G. H. Lang (1945).[21] Tenho certeza que muitos
outros poderiam ser acrescentados a essa lista.
Conclusão
Visto
que uma Babilônia literal terá uma função na Tribulação vindoura, é razoável
que os conflitos no Iraque, embora não sejam um cumprimento da profecia
bíblica, sem dúvida posicionam a Babilônia para a sua iminente tarefa. Será
muito interessante observarmos quais serão os desdobramentos disso e que
reflexões podemos fazer quanto à sua influência ou não na preparação do palco
para a Tribulação. Maranata!
FONTE CHAMADA.COM
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