DEUS E DESTINO DO HOMEM
Eternidade. O
que significa essa palavra e por que motivo alguém deveria aceitar esse
conceito, principalmente no que se refere ao destino do homem? Sabemos por
experiência própria, e através da observação da natureza, que as coisas
materiais se deterioram. A Segunda Lei da Termodinâmica nos diz que todo o
universo está se desgastando, como um relógio que está perdendo a corda, e não
vai durar para sempre. Portanto, é óbvio que ele teve um princípio, exatamente
como diz a Bíblia.
Sabemos que o Sol não esteve
sempre no céu, ou já teria consumido completamente todo o seu combustível. O
mesmo vale para todas as outras estrelas. Fica claro, então, que houve uma
época em que este universo não existia; nada existia, nem mesmo a energia da
qual o universo parece ser constituído.
Por que o universo não poderia
ter sua origem em alguma misteriosa energia cósmica que sempre existiu, sem ter
tido um começo? Por causa da Segunda Lei da Termodinâmica, a lei da entropia. A
energia não poderia ter existido desde sempre, desenvolvendo-se rumo a um “Big
Bang” (“Grande Explosão”) que teria criado as estrelas e os planetas. Ela teria
sofrido entropia antes de “explodir” – e explosões não criam ordem. Se o
universo tivesse existido para sempre, agora tudo deveria ter a mesma
temperatura: o calor sempre é transmitido para algo mais frio.
Além disso, a energia não tem
nem intelecto, nem qualidades pessoais para fazer surgir a incrível
complexidade da vida e para criar seres com personalidade própria. Inteligência
e personalidade são imateriais e não poderiam ter sido geradas posteriormente a
partir da energia ou da matéria e, portanto, devem tê-la precedido.
Não
alguma força, mas um Ser pessoal de inteligência infinita e sem começo deve ter
criado o universo. Não se trata da “causa original” da filosofia ou dos
“deuses” do paganismo, que mudam, seguem seus caprichos e competem entre si. O
Criador somente pode ser o “Eu Sou” que revelou a Si mesmo a Moisés na sarça
ardente (Êxodo 3.14), o Auto-Existente sem começo e sem fim, de quem a Bíblia
diz: “de
eternidade a eternidade, tu és Deus” (Salmo 90.2).
É óbvio que o intelecto e a
personalidade são inteiramente diferentes da matéria e não são a substância
constitutiva dela. Portanto, o universo não faz parte de Deus e nem é uma
extensão dEle. Isso significa que tudo que podemos ver – seja a olho nu, com um
telescópio ou através de um microscópio eletrônico – veio do nada. Isso é
impossível, mas somos levados a essa conclusão pela própria lógica. Contudo,
imaginar que a vida e a inteligência brotaram espontaneamente, por sua própria
iniciativa e poder, do espaço morto e vazio, seria algo totalmente irracional.
Portanto, alguma coisa diferente do universo e de seus componentes deve ter
existido sempre.
Não alguma coisa, mas Alguém, sem
início nem fim. Por que Alguém? Porque o universo, desde a estrutura
atômica até uma célula humana, exibe uma ordem e uma complexidade tão
extraordinárias que só uma inteligência infinita poderia ter planejado e
executado – e nenhuma coisa, ou força, ou “poder superior” tem a capacidade de
pensar, planejar e organizar. Além disso, a espécie humana é composta de
personalidades individuais que têm a capacidade de conceber ideias conceituais,
expressá-las em palavras ou desenhos e transformá-las em intrincadas estruturas
que não existem na natureza. Os seres humanos também têm a capacidade de sentir
amor e ódio, alegria e tristeza, perceber a justiça e a injustiça, e raciocinar
sobre sua própria existência e destino.
Só uma
Pessoa infinita poderia criar pessoas. Portanto, as evidências e a lógica nos
levam a concluir que este universo só poderia ter começado a existir sob o
comando de Alguém que não teve começo; Alguém que sempre existiu e que possui o
gênio e o poder infinitos para trazer à existência todas as coisas e todos os
seres, a
partir do nada. Certamente não foi pela superstição corrente
no Egito em seus dias, mas por revelação divina que Moisés declarou: “Antes que […] se formassem a
terra e o mundo […] de eternidade a eternidade, tu és Deus […] mil anos, aos
teus olhos, são como o dia de ontem que se foi, e como a vigília da noite”
(Salmo 90.2,4).
Este não é o deus do paganismo,
das religiões indígenas, ou de qualquer uma das grandes religiões do mundo,
tais como o budismo (pouquíssimos budistas acreditam em Deus), o hinduísmo, o
islamismo e muitas outras, mas sim o Deus da Bíblia que, do modo como é
descrito nas Escrituras, qualifica-se de forma única e singular para ser o
Criador de todas as coisas. Não consideramos o cristianismo como sendo uma das
religiões do mundo, mas sim como algo inteiramente distinto de todas elas.
A
Bíblia jamais tenta provar a existência de Deus. Ela simplesmente a toma como
um fato. Ela também não tenta explicar o que está além da nossa capacidade de
compreensão. A Escritura simplesmente declara, no primeiro versículo: “No princípio, criou Deus os
céus e a terra” (Gênesis 1.1). Em gratidão ao Deus que o
criou, o rei Davi afirmou: “Graças te dou, visto que por
modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obrassão admiráveis, e a minha alma
o sabe muito bem” (Salmo 139.14).
A ciência não foi, nem jamais
será capaz de verificar, refutar ou aperfeiçoar essa declaração. Não podemos
compreendê-la, mas devemos aceitá-la pela fé. Aqui temos um exemplo do que é a
fé: um passo que nada tem de irracional, mas sim uma trajetória racional que
pondera as evidências e segue a lógica até o ponto em que a razão consegue
alcançar, e depois dá mais um passo além da razão, mas sempre na direção e no
sentido que as evidências e a razão indicaram.
A
Bíblia expressa esse princípio da seguinte forma: “Pela fé entendemos que foi o
universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir
das coisas que não aparecem” (Hebreus 11.3). Alguns autores já
disseram que essa foi a primeira formulação da teoria atômica. Não, isso não é
teoria; é a afirmação de um fato nas palavras do próprio Deus. No entanto,
temos de ter o cuidado de não ler nesse versículo mais do que ele realmente
diz. Ele não diz que tudo foi formado de algo invisível. Ele não diz,
igualmente, que o universo foi formado de alguma coisa.
O que
Hebreus 11.3 nos diz é que o universo visível não foi feito de algo visível,
pois isso implicaria dizer que alguma coisa visível sempre existiu e que o universo
foi simplesmente fabricado com os materiais disponíveis. Mas ele não poderia
ter sido criado dessa forma, porque não existe nada visível que seja eterno. Na
verdade, o universo foi criado pela Palavra de Deus: “Disse Deus: Haja […]” (Gênesis
1.3,6,9, e outros), e tudo que é visível passou a existir em
obediência à Sua Palavra. Essa mesma Palavra que criou e sustenta todas as
coisas falará novamente, e tudo que é visível na velha criação se dissolverá e
tornará ao nada: “Ora,
os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados
para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens
ímpios” (2 Pedro 3.7).
Muito
antes da formulação da Segunda Lei da Termodinâmica, Jesus afirmou muito
claramente: “Passará
o céu e a terra” (Mateus 24.35). Entretanto, o universo não
está destinado, simplesmente, a se desgastar devido à passagem de incontáveis
bilhões de anos. Sob a inspiração do Espírito Santo, Pedro explicou que toda a
vida existente na face da terra será sumariamente eliminada e o universo
inteiro será destruído por Deus como castigo pela rebelião do homem e de
Satanás. Em seu lugar, será criado um novo universo: “[No] Dia do Juízo […] os céus
passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também
a terra e as obras que nela existem serão atingidas […] os céus, incendiados,
serão desfeitos […] Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e
nova terra, nos quais habita justiça” (2 Pedro 3.7-13).
A
palavra “céus” é
usada de duas formas na Escritura: significando tudo o que há de físico no
espaço dimensional exterior à terra, e referindo-se à habitação imaterial de
Deus, que Jesus indicou quando disse: “Na casa de meu Pai há muitas
moradas” (João 14.2). Um significado refere-se a algo visível
e temporal, enquanto o outro fala de algo invisível e eterno. Este universo
visível e temporário não é tudo o que existe. Há uma outra dimensão de
existência que não é física nem visível – e que não se desgasta nem envelhece
com a passagem do tempo, não pode ser destruída e jamais deixará de existir.
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