A primeira vida
por Norman Geisler -
A primeira
vida: lei natural ou deslumbramento divino?
Deus nunca fez um
milagre para convencer um ateu porque suas obras comuns já mostram provas
suficientes. ARIEL ROTH
LEVE O LIXO PARA
FORA — MAMÃE
Johnny, com 16 anos de idade, desceu de seu quarto e correu para a
cozinha atrás de uma tigela de seu cereal favorito: Alpha Bits, aqueles flocos
de cereal com o formato de letras do alfabeto. Quando chegou à mesa, foi
surpreendido por ver que a caixa do cereal estava aberta, o conteúdo fora
derramado e as letras formavam a mensagem LEVE O LIXO PARA FORA — MAMÃE em sua
tigela.
Lembrando-se de uma recente aula de biologia do ensino médio, Johnny não
atribuiu a mensagem à sua mãe. Além do mais, ele aprendeu que a vida em si é
meramente um produto do acaso, das leis naturais. Se era esse o caso, pensou
Johnny, por que não seria possível que uma simples mensagem como “Leve o lixo
para fora — Mamãe” não fosse o produto do acaso e das leis naturais também?
Talvez o gato tivesse derrubado a caixa ou um terremoto tivesse chacoalhado a
casa. Não fazia sentido chegar a qualquer conclusão. Johnny não queria levar o
lixo para fora de jeito nenhum. Ele não tinha tempo para as tarefas da casa.
Estava em suas férias de verão e queria ir para a praia. Mary estaria lá.
Uma vez que Mary era a garota de quem Scott também gostava, Johnny
queria chegar à praia mais cedo para surpreender Scott. Mas quando Johnny
chegou, viu Mary e Scott caminhando de mãos dadas pela praia. Enquanto os
seguia a distância, olhou para baixo e viu um coração desenhado na areia com as
palavras “Mary ama Scott” rabiscadas no meio. Por um momento, Johnny sentiu seu
coração afundar. Mas as lembranças de sua aula de biologia o resgataram do
desespero profundo. “Talvez este seja um outro caso das leis naturais em
funcionamento!”, pensou. “Talvez os caranguejos ou um padrão incomum de ondas
tenha simplesmente produzido esta nota amorosa naturalmente.” Não havia sentido
em aceitar uma conclusão da qual ele não gostava! Johnny simplesmente teria de
ignorar a comprovação inequívoca das mãos unidas.
Confortado pelo fato de que os princípios aprendidos na aula de biologia
poderiam ajudá-lo a evitar as conclusões das quais não gostava, Johnny decidiu
deitar-se por alguns instantes e pegar um pouco de sol. Ao colocar a cabeça
sobre a toalha, notou uma mensagem nas nuvens: “Beba Coca-Cola”, diziam letras
brancas e fofas em contraste com o fundo azul do céu. “Seria uma formação
incomum das nuvens?”, pensou Johnny. “Turbulência dos ventos, talvez?”
Não, Johnny não poderia mais continuar jogando o jogo da negação. “Beba
Coca-Cola” era uma coisa real. Uma mensagem como essa era um sinal seguro de
inteligência. Não poderia ser o resultado de forças naturais porque jamais se
observou forças naturais criando mensagens. Embora ele não tenha visto o avião,
Johnny sabia que recentemente havia passado por ali alguém com capacidade de
escrever aquelas letras no céu. Além do mais, queria acreditar nessa mensagem:
o sol quente o havia deixado com sede, e ele queria tomar o refrigerante.
VIDA SIMPLES? ISSO NÃO EXISTE!
É desonestidade ou estar propositadamente cego para sugerir que
mensagens como “Leve o lixo para fora — Mamãe” e “Mary ama Scott” são obra de
leis naturais. Contudo, essas conclusões são perfeitamente compatíveis com os
princípios ensinados na maioria das aulas de biologia do nível médio e das
universidades hoje em dia. É nesses lugares que os biólogos naturalistas
afirmam dogmaticamente que mensagens muito mais complicadas são os descuidados
produtos de leis naturais. Eles fazem essa afirmação na tentativa de explicar a
origem da vida.
Os biólogos naturalistas afirmam que a vida é gerada espontaneamente
pelas leis naturais com base em elementos químicos inanimados, sem nenhuma
intervenção inteligente. Essa teoria pode ter parecido plausível para
cientistas do século XIX que não tinham a tecnologia para investigar as células
e descobrir sua tão impressionante complexidade. Mas, hoje em dia, essa teoria
naturalista ataca frontalmente tudo o que sabemos sobre as leis naturais e os
sistemas biológicos.
Desde a década de 1950, o avanço da tecnologia tem capacitado os
cientistas a descobrirem um pequeno mundo de impressionante projeto e espantosa
complexidade. Ao mesmo tempo que os nossos telescópios estão vendo muito mais
longe no espaço, nossos microscópios estão olhando cada vez mais fundo nos
componentes da vida. Enquanto as nossas observações espaciais estão se rendendo
ao princípio antrópico da física (que discutimos no capítulo anterior), nossas
observações da vida estão cedendo ao impressionante princípio antrópico da
biologia.
Para demonstrar o que queremos dizer, vamos considerar a assim chamada
vida “simples” — um animal unicelular conhecido como ameba. Os naturalistas
evolucionistas afirmam que essa ameba uni celular (ou alguma coisa semelhante a
ela) se formou por meio de geração espontânea (i.e., sem intervenção
inteligente) num pequeno lago aquecido em algum lugar da Terra, quando ela
ainda estava em seus primórdios. De acordo com sua teoria, toda a vida
biológica evoluiu baseando-se nessa ameba inicial, sem nenhum tipo de
orientação inteligente. Naturalmente, esta é a teoria da macroevolução: do
infantil para o réptil e do réptil para o gentio; ou do angu até tu, passando
pelo zoológico.
Aqueles que acreditam nessa teoria da origem da vida são chamados de
muitos nomes: naturalistas, evolucionistas, materialistas, humanistas, ateus ou
darwinistas (no restante deste capítulo e no seguinte, vamos nos referir
àqueles que acreditam na teoria evolucionista atéia como darwinistas ou ateus.
Isso não inclui aqueles que acreditam na evolução teísta — isto é, que a
evolução foi criada por Deus). Independentemente da maneira pela qual chamamos
aqueles que acreditam nessa teoria, o ponto principal para nós é este: “Sua
teoria é verdadeira?”. Parece-nos que não.
Esqueça as afirmações darwinistas de
que os homens descendem dos macacos ou que os pássaros evoluíram dos répteis. O
problema principal para os darwinistas não é explicar de que maneira todas as formas
de vida estão relacionadas (embora, como veremos no capítulo seguinte, isso
ainda é um grande problema). O problema principal para os darwinistas é
explicar a origem da primeira vida. Para que a macroevolução naturalista seja verdade, a primeira vida
precisa ter sido gerada espontaneamente com base em elementos químicos
inanimados. Infelizmente, para os darwinistas, a primeira vida — na verdade,
qualquer forma de vida — não é de forma alguma “simples”. Isso ficou muitíssimo
claro em 1953, quando ]ames Watson e Francis Crick descobriram o DNA,[1] a
química que codifica instruções para a construção e a replicação de todas as
coisas vivas.
O DNA tem uma estrutura em forma de hélice que se parece como uma escada
torcida. Os lados da escada são formados por desoxirribose e fosfato, e os
degraus da escada consistem em ordens específicas de quatro bases de
nitrogênio. Essas bases de nitrogênio recebem o nome de adenina, ti mina,
citosina e guanina, comumente representadas respectivamente pelas letras A, T,
C e G. Essas letras compõem o que é conhecido como o alfabeto genético de
quatro letras. Esse alfabeto é idêntico ao alfabeto ocidental em termos de sua
habilidade de comunicar uma mensagem, exceto pelo fato de que o alfabeto
genético tem apenas quatro letras, em vez das 26 que conhecemos no alfabeto
ocidental.[2] Assim como uma ordem específica das letras numa frase transmite
uma mensagem singular, a ordem específica de A, T, C e G dentro de uma célula
viva determina uma composição genética singular daquela entidade viva. Outro
nome para essa mensagem ou informação, quer esteja numa frase quer no DNA, é
“complexidade específica”. Em outras palavras, ela não é apenas complexa, mas
também contém uma mensagem específica.
A incrível complexidade específica da
vida torna-se óbvia quando alguém considera a mensagem encontrada no DNA de uma
pequena ameba unicelular (uma criatura tão pequena que centenas delas poderiam
ser colocadas uma ao lado da outra num espaço de 1 centímetro). Richard
Dawkins, cientista darwinista convicto e professor de zoologia na Universidade
de Oxford, admite que a mensagem encontrada apenas no núcleo de uma pequena ameba é maior do que os 30 volumes combinados da
Enciclopédia Britânica,[3] e a ameba inteira tem tanta informação em seu DNA
quanto mil conjuntos completos da mesma enciclopédia! Em outras palavras, se
você fosse ler todos os A, T, C e G na “injustamente chamada ameba ‘primitiva ”
(como Darwin a descreve), as letras encheriam mil conjuntos completos de uma
enciclopédia!
Precisamos enfatizar que essas mil enciclopédias não consistem em letras
aleatórias, mas em letras numa ordem muito específica — tal como as
enciclopédias reais. Portanto, aqui está a principal pergunta para os
darwinistas como Dawkins: mensagens simples como “Leve o lixo para fora —
Mamãe”, “Mary ama Scott” e “Beba Coca-Cola” exigem um ser inteligente, então
por que a mensagem dessas mil enciclopédias não exigiria um também?
Os darwinistas não podem responder a essa pergunta mostrando de que
maneira as leis naturais poderiam fazer o trabalho. Em vez disso, definem as
regras da ciência de maneira tão estreita que a inteligência é eliminada logo
de início, deixando as leis naturais como o único fator a ser considerado.
Antes de descrever de que maneira e por que os darwinistas fazem isso, vamos
considerar os princípios científicos que precisam ser usados para se descobrir
de que maneira começou a primeira vida.
INVESTIGANDO A
ORIGEM DA PRIMEIRA VIDA
Existe um grande número de evolucionistas e de criacionistas que falam como
se soubessem, ainda que com dúvidas justificáveis, de que maneira a primeira
vida passou a existir. Naturalmente é impossível que ambos estejam certos. Se
um está certo, o outro está errado. Assim, de que maneira podemos descobrir
quem está certo?
O fato a seguir é óbvio, mas é
freqüentemente desprezado: nenhum ser humano observou o surgimento da primeira vida. O surgimento da primeira vida na Terra
foi um acontecimento histórico único, impossível de ser repetido. Ninguém
estava presente para vê-lo — nem os evolucionistas nem os criacionistas estavam
lá, e certamente não podemos viajar de volta no tempo para observar diretamente
se a primeira vida foi criada por algum tipo de inteligência ou se surgiu em
função das leis naturais agindo com base em uma matéria inorgânica.
Isso levanta uma importante questão: se não podemos observar diretamente
o passado, então que princípios científicos podem nos ajudar a descobrir o que
gerou a primeira vida? Usamos os mesmos princípios que são utilizados todos
dias no nosso sistema judiciário: os princípios da criminalística. Em outras
palavras, a origem da vida é uma questão criminalística que exige a reunião de
evidências do mesmo modo que os detetives reúnem as provas de um assassinato.
Os detetives não podem voltar no tempo e testemunhar o assassinato outra vez.
Eles também não podem ressuscitar a vítima ou ir ao laboratório para conduzir
algum tipo de experimento que permita observar ou repetir o crime diversas
vezes. Em vez disso, devem utilizar os princípios da criminalística para
descobrir o que realmente aconteceu.
O princípio central da criminalística é o princípio da uniformidade, que
afirma que as causas do passado foram semelhantes às causas que observamos
hoje. Em outras palavras, pelo princípio da uniformidade pressupomos que, no
passado, o mundo funcionava do mesmo jeito que funciona hoje, especialmente no
que se refere às causas. Se “Leve o lixo para fora — Mamãe” exige uma causa
inteligente hoje, então qualquer mensagem similar no passado também deve ter exigido
uma causa inteligente. Reciprocamente, se as leis naturais podem realizar o
trabalho hoje, então o princípio da uniformidade nos levaria a concluir que as
leis naturais poderiam fazer o trabalho no passado.
Considere o Grand
Canyon. O que o gerou? Alguém
o viu se formando? Não, mas, pelo princípio da uniformidade, podemos concluir
que um processo natural — particularmente a erosão por meio da água — foi o
responsável pelo surgimento do Grand Canyon. Podemos chegar a essa conclusão com total confiança, embora não
estivéssemos ali para ver isso acontecendo, porque podemos observar esses
processos naturais criando cânions hoje. Vemos isso na natureza quando
observamos os efeitos da água sobre massas de terra. Podemos até mesmo ir ao
laboratório e repetidamente derramar água no meio de um monte de areia, e
sempre obteremos um cânion.
Considere agora outra formação geológica: o monte Rushmore, nos Estados
Unidos. O que o gerou? O bom senso nos diz que jamais poderíamos sugerir que o
rosto dos presidentes no monte Rushmore foram o resultado de leis naturais. A
erosão não poderia ter feito aquilo. O nosso “bom senso” é, na verdade, o
princípio da uniformidade. Uma vez que nunca observamos leis naturais
cinzelando uma escultura com um alto nível de detalhes como os da cabeça dos
presidentes numa pedra nos dias atuais, podemos concluir com certeza que as
leis naturais também não poderiam ter feito isso no passado. Hoje vemos apenas
seres inteligentes criando esculturas detalhadas. Como resultado, podemos
concluir corretamente que, no passado, somente um ser inteligente (um escultor)
‘poderia ter criado o rosto dos presidentes norte-americanos no monte Rushmore.
Da mesma forma, quando olhamos para a primeira vida unicelular, o
princípio da uniformidade nos diz que somente uma causa inteligente poderia
reunir o equivalente a mil enciclopédias. Nunca se observou as leis naturais
criando uma mensagem simples como “Beba Coca-Cola”, muito menos uma mensagem do
tamanho de mil enciclopédias.
Por que então os darwinistas chegam à
conclusão de que a primeira vida foi gerada espontaneamente com base em
elementos químicos inanimados sem intervenção inteligente alguma? A geração
espontânea da vida nunca foi observada. Desde que Pasteur esterilizou um frasco
de vidro, uma das mais fundamentais observações em toda a ciência tem sido a de
que a vida surge apenas com base em uma vida similar existente. Os cientistas
foram incapazes de combinar elementos químicos num tubo de ensaio e chegar a
uma molécula de DNA, quanto mais produzirem vida.[4] De fato, todos os
experimentos planejados para gerar vida espontaneamente — incluindo o agora desacreditado
experimento de Urey-Miller — não apenas fracassaram, como sofrem de aplicação
inválida de inteligência.[5] Em outras palavras, cientistas planejaram
experimentos com inteligência e, ainda assim, não conseguiram fazer aquilo que
nos dizem que as leis naturais fizeram ao acaso. Por que deveríamos acreditar
que um processo aleatório pode fazer aquilo que brilhantes cientistas não
puderam? E mesmo que os cientistas terminassem criando vida em laboratório,
isso provaria a criação. Por quê? Porque seus esforços mostrariam que é
necessário haver muita inteligência para criar a vida.
Será que os darwinistas insistem na
geração espontânea simplesmente porque eles não vêem evidências para o projeto?
De forma alguma. De fato, exatamente o oposto é verdadeiro — eles vêm as
evidências claramente! Richard Dawkins, por exemplo, deu ao seu livro o nome de
O relojoeiro cego em resposta ao argumento do projeto de William Paley, citado no capítulo
anterior deste livro. A aparência do projeto na vida é admitida na primeira
página de O relojoeiro cego. Dawkins escreve: “A biologia é o estudo de coisas complicadas que dão a
aparência de terem sido planejadas com um propósito”.[6] Duas páginas adiante,
apesar de reconhecer “a intrincada arquitetura e a engenharia de precisão” na
vida humana em cada uma dos trilhões de células dentro do corpo humano, Dawkins
nega de modo peremptório que a vida humana ou qualquer outra tenha sido
projetada. Aparentemente Dawkins recusa-se a permitir que a observação
interfira em suas conclusões. Isso é muito estranho para um homem que acredita
na supremacia da ciência, a qual deve ser baseada na observação.
Francis Crick, o co-descobridor do DNA e apaixonado darwinista, concorda
com Dawkins sobre a aparência do projeto. De fato, a aparência do projeto é tão
clara que adverte que “os biólogos devem sempre ter em mente que aquilo que
vêem não foi planejado, mas que evoluiu”.[7] A pequena nota de Crick aos
biólogos levou Phillip Johnson, escritor e líder do movimento chamado projeto
inteligente [PI] a escrever: “Os biólogos darwinistas devem ficar repetindo
esse lembrete a si mesmos porque, de outro modo, vão ter consciência da
realidade que os está olhando bem nos olhos e tentando chamar sua atenção”.[8]
A complexidade do DNA não é o único
problema para os darwinistas. Sua origem também é um problema. Existe um dilema
semelhante ao do ovo e da galinha porque o DNA depende de proteína para sua
produção, mas as proteínas dependem do DNA para a sua produção. Assim, quem veio primeiro, as proteínas ou o DNA? Qual dos
dois precisava existir para que o outro fosse formado?
Então, por que Crick, Dawkins e outros em seu campo ignoram as claras
implicações da evidência que os está olhando bem nos olhos? Porque sua
ideologia preconcebida — o naturalismo — os impede até mesmo de considerar uma
causa inteligente. Como estamos prestes a ver, isso é ciência ruim e leva a
conclusões erradas.
BOA CIÊNCIA VERSUS CIÊNCIA RUIM
É crença comum que o chamado debate
criação-evolução (hoje em dia freqüentemente designado debate do projeto
inteligente versus naturalismo) está vinculado a uma guerra entre religião e ciência, entre
a Bíblia e a ciência, ou entre fé e razão. Essa percepção é perpetuada pela
mídia, que, coerentemente, apresenta o debate nos termos do filme O vento
será tua herança (Inherit the Wind), de 1960, uma ficção
da “experiência do macaco” de John Scopes, de 1925. Você conhece essa
descrição. Ela é basicamente assim: aí vêm aqueles religiosos fundamentalistas
malucos outra vez, querendo impor sua religião dogmática e ignorando a ciência
objetiva.
A verdade é que não existe nada mais
distante da verdade. O debate entre a
criação e a evolução não é sobre religião versus ciência
ou sobre a Bíblia versus a
ciência — é sobre boa ciência e ciência ruim. Do mesmo modo, não é sobre fé versus razão — é sobre fé racional em oposição a fé irracional. Você pode ficar surpreso ao descobrir quem está praticando ciência ruim,
bem como uma fé irracional.
Como mencionamos, a ciência é uma
busca pelas causas. Logicamente existem apenas dois tipos de causas:
inteligente e não inteligente (i.e., natural). O Grand Canyon teve uma causa natural, e o monte Rushmore teve uma causa inteligente
(v. figo 5.1). Infelizmente, na questão da primeira vida, darwinistas como
Dawkins e Crick descartam as causas inteligentes antes mesmo de olharem para as
evidências. Em outras palavras, suas conclusões são influenciadas pelas suas
pressuposições. A geração espontânea por meio das leis naturais tem
de ser a causa da vida
porque eles não consideram nenhuma outra opção ..
DOIS TIPOS DE
CAUSAS
Inteligente
|
Natural
|
Monte Rushmore
|
Grand Canyon
|
Figura 5.1
A geração espontânea é o que os
críticos da evolução chamam história do “é porque é”. Os evolucionistas não dão
nenhuma evidência que apóie a geração espontânea. Ela não é apoiada pela
observação empírica ou pelos princípios científicos da criminalística. É assim
“porque é”, porque a vida existe, e, uma vez que as causas
inteligentes são previamente eliminadas, não pode haver
nenhuma outra explicação possível.
Isso é um imenso problema para o darwinismo. O bioquímico Klaus Dose
admite que mais de 30 anos de pesquisa sobre a origem da vida levaram “a uma
melhor percepção da imensidão do problema da origem da vida na Terra, em vez da
solução. Atualmente todas as discussões sobre teorias e experimentos de
princípios nessa área terminam em impasse ou em uma confissão de
ignorância”.[9] Francis Crick lamenta: “Toda vez que escrevo um trabalho sobre
a origem da vida, juro que nunca mais escreverei outro, porque existe um
excesso de especulação correndo atrás de muito poucos fatos”.[10]
A evidência em favor da inteligência e contra o naturalismo é tão forte
que proeminentes evolucionistas chegaram até mesmo a sugerir que seres
extraterrestres depositaram a primeira vida aqui. Fred Hoyle (o mesmo
evolucionista que popularizou a teoria do estado estático que discutimos no
capo 3) inventou essa teoria incomum (chamada de panspermia, ou “sementes de
todos os lugares”) depois de descobrir que a probabilidade de a vida ter surgido
por geração espontânea era efetivamente zero (é claro que a panspermia não
resolve o problema, mas simplesmente coloca outra questão: quem criou os
extraterrestres inteligentes?).
Por mais louca que possa parecer essa teoria, pelo menos os defensores da
panspermia reconhecem que algum tipo de inteligência deve estar por trás da
fantástica maravilha que chamamos vida. Fica fácil entender a incrível
complexidade da vida mais simples quando vemos os principais evolucionistas
recorrendo a extraterrestres para explicar a origem da vida.
Chandra Wickramasinghe, outro defensor da panspermia, admite que os
darwinistas estão agindo com fé cega no que se refere à geração espontânea. Ele
observa:
“O surgimento da vida tomando como
base uma sopa primordial na Terra é meramente um artigo de fé que os cientistas
estão tendo dificuldades de espalhar. Não existe comprovação experimental para
apoiar isso atualmente. A verdade é que todas as tentativas de criar vida com
base em algo não vivo, começando com Pasteur, não tiveram sucesso”.[11]
O microbiologista Michael Denton, embora ateu, acrescenta: ”A
complexidade do tipo mais simples de célula é tão grande que é impossível
aceitar que tal objeto possa ter sido reunido repentinamente por algum tipo de
acontecimento caprichoso ou altamente improvável. Tal ocorrência seria
indistinguível de um milagre”. [12]
À luz das explicações do tipo “é
porque é”, tal como a geração espontânea e a panspermia, quem você acha que
está praticando ciência ruim: as pessoas zombeteiramente chamadas de
“religiosas” (os teístas/criacionistas) ou os “iluminados” (os
ateus/darwinistas) que são, na verdade, tão religiosos quanto os “religiosos”?
O físico e cientista da informação Hubert Yockey percebe que são os
darwinistas. Ele escreve: ”A crença de que a vida na Terra surgiu
espontaneamente com base em uma matéria inanimada é simplesmente uma
questão de fé num reducionismo
profundo e está baseada inteiramente em ideologia”.[13]
Yockey está certo. Os darwinistas
acreditam falsamente que podem reduzir a vida a seus componentes químicos
inanimados. Essa é a ideologia do reducionismo. Para darwinistas como Dawkins e
Crick — que precisam acreditar que somente o material existe (e não o
imaterial) -, a vida não pode ser nada mais do que elementos químicos. Mas a
vida é claramente mais do que elementos químicos. A vida contém uma mensagem —
o DNA — que é expressa por meio dos elementos químicos, mas esses elementos químicos não podem
criar uma mensagem, do mesmo modo que os elementos químicos da tinta e do papel
não podem fazer surgir as frases contidas nesta página. Uma mensagem aponta
para alguma coisa além dos elementos químicos. A mensagem da vida, assim como a
desta página, aponta para uma inteligência muito além dos elementos químicos
(percebemos que a vida é certamente mais do que elementos químicos com uma mensagem, mas o ponto-chave é que ela
certamente não é menos que isso).
Assim, mediante uma obediência cega à
sua ideologia naturalista e reducionista — que vai contra toda observação e
razão — os darwinistas afirmam dogmaticamente que a vida surgiu espontaneamente
com base em elementos químicos inanimados. Ironicamente é exatamente disso que
os darwinistas há muito tempo acusam os criacionistas de estarem fazendo:
permitir que sua ideologia sobreponha-se à observação e à razão. Na verdade,
são os darwinistas que estão permitindo que sua fé controle a observação e a razão. Os criacionistas e os defensores do
projeto inteligente estão apenas fazendo uma inferência racional das
evidências. Eles estão seguindo a evidência exatamente na direção para onde ela
leva: de volta a uma causa inteligente.
Yockey não é o único que está
enfatizando que os darwinistas têm um viés filosófico contra as causas
inteligentes. Phillip E. Johnson serve como fio afiado de uma cunha metálica
que agora está dividindo a madeira petrificada do naturalismo na comunidade
científica. Ele destaca corretamente que “o darwinismo é baseado num
comprometimento a priori com o materialismo, e não numa avaliação filosoficamente neutra da evidência.
Separe a filosofia da ciência, e a torre soberba desabará” .[14]
E não são apenas os críticos da
evolução que vêem esse viés. Darwinistas de destaque também o admitem. O fato é
que o próprio Dawkins reconheceu o viés ao responder a uma pergunta enviada por
Phillip Johnson por e-mail: “[Nosso] comprometimento filosófico com o materialismo e o reducionismo
é verdadeiro”, escreveu Oawkins, “mas eu preferiria caracterizá-lo como um
comprometimento filosófico com uma explicação real, em oposição a uma completa
falta de explicação, que é aquilo a que você se apega”. [15] (Dawkins pode
achar que tem uma “explicação real”, mas, como vimos, sua explicação vai contra
todas as evidências da observação e da criminalística).
Se Richard Dawkins torna pública a admissão de um viés, o darwinista
Richard Lewontin, da Universidade de Harvard, derrama uma confissão completa
por escrito. Veja de que maneira Lewontin reconhece que os darwinistas aceitam
histórias absurdas do tipo “é porque é”, que são contra o bom senso, em função
de seu compromisso prévio com o materialismo:
Nossa disposição de aceitar afirmações científicas que são contra o bom
senso são a chave para uma compreensão da verdadeira luta entre a ciência e o
sobrenatural. Assumimos o lado da ciência, a despeito do patente absurdo de
alguns de seus constructos, a despeito de sua falha em cumprir muitas de suas
promessas extravagantes de saúde e vida, a despeito da tolerância da comunidade
científica pelas histórias do tipo “é porque é”, porque nos comprometemos
previamente com o materialismo. Não é que os métodos e as instituições
científicas de alguma maneira tenham nos compelido a aceitar uma explicação
materialista de um mundo fenomenal, mas, pelo contrário, nós é que somos
forçados, por nossa própria aderência a priori às causas materiais, a criar um
aparato de investigação e um conjunto de conceitos que produzam as explicações
materialistas, independentemente de quão contra-intuitivas e mistificadoras
possam ser para o não iniciado. Além do mais, esse materialismo é absoluto,
pois não podemos permitir a entrada de nada que seja divino. [16]
Agora toda a verdade revela-se. Não
é que as evidências
apóiem o darwinismo.
A verdade é que, de acordo com Lewontin e o nosso bom senso, as
explicações darwinistas são “contra-intuitivas”. A verdade real é que os
darwinistas definiram ciência de tal maneira que a única resposta possível seja
o darwinismo. Qualquer outra definição, seria permitir que Deus “passasse o pé
pela porta’!
No capítulo seguinte, vamos
investigar as possíveis motivações para manter Deus do lado de fora. Por ora, o
resumo é o seguinte: o acontecimento exigido para fazer decolar a teoria
ateísta da macroevolução — a geração espontânea da primeira vida — é crido por
causa de falsas suposições filosóficas disfarçadas de ciência, e não porque
haja legítimas observações científicas que apóiem a geração espontânea. Falsa
ciência é ciência ruim, e são os darwinistas que a estão praticando. Sua crença
na geração espontânea resulta de sua fé cega no naturalismo. É preciso uma
enorme quantidade de fé para acreditar que a primeira criatura unicelular tenha
se formado pelas leis naturais, porque isso é como acreditar que mil
enciclopédias surgiram com base em uma explosão numa gráfica! Os ateus não
podem nem mesmo explicar a origem da gráfica, quanto mais das mil enciclopédias. Portanto,
nós não temos fé suficiente para sermos ateus.
DÊ UM TEMPO E UMA
CHANCE PARA O ACASO!
“Não tão rápido!”, dizem os darwinistas. “Você desprezou o tempo e o
acaso como explicações plausíveis para a maneira pela qual a vida foi gerada espontaneamente.”
Dê mais tempo ao tempo!
Os darwinistas desprezam a conclusão de que a inteligência é
imprescindível para a existência da primeira vida, sugerindo que mais tempo
permitiria que as leis naturais fizessem seu trabalho. Dê-lhes vários bilhões
de anos, e, por fim, teremos vida. Isso é plausível?
Voltemos por um instante ao monte Rushmore. Os darwinistas afirmam que a
ciência é baseada na observação e na repetição. Tudo bem. Suponhamos que vamos
observar e repetir um experimento no qual permitimos que as leis naturais
trabalhem nas pedras nos próximos dez anos. O resultado seria os rostos no
monte Rushmore? Nunca.
Pode-se dizer que talvez as leis naturais conseguissem fazer isso se
lhes déssemos alguns bilhões de anos. Não, elas não conseguiriam. Por quê?
Porque, em vez de organizar, a natureza desordena as coisas (o fato de que a
natureza leva as coisas à desordem é outro aspecto da segunda lei da
termodinâmica). Mais tempo só vai fazer as coisas piorarem para os darwinistas,
não melhorarem. Como assim?
Vamos supor que você jogue confete branco, vermelho e azul de um avião
que esteja voando a 300 metros acima da sua casa. Quais são as chances de eles
formarem a bandeira norte-americana no gramado da sua casa? Muito pequenas. Por
quê? Porque as leis da natureza vão misturar ou escolher a esmo os confetes.
Você diz: “Dê-lhe mais tempo”. Tudo bem, vamos levar o avião a 3 mil metros e
dar mais tempo às leis naturais para trabalharem no confete. Isso melhora a
probabilidade de que uma bandeira seja formada no seu quintal? Não. Na verdade,
um tempo maior faz a formação da bandeira ser ainda menos provável, porque as
leis naturais terão mais tempo para fazer o que elas fazem: desorganizar e
misturar.
Qual é a diferença em relação à origem da primeira vida? Os darwinistas
podem dizer que a segunda lei da termodinâmica não se aplica continuamente aos
sistemas vivos. Além do mais, coisas vivas crescem e ficam mais ordenadas.
Sim, elas crescem e ficam mais
ordenadas, mas elas perdem energia no processo de crescimento. O alimento que
entra num sistema vivo não é processado com 100% de eficiência. Assim, a
segunda lei também se aplica aos sistemas vivos. Mas essa não é a questão. A
questão é: não estamos falando sobre o que alguma coisa pode fazer uma vez que
esteja viva; estamos falando em primeiro lugar sobre como obter uma coisa
viva. Como a vida surgiu
com base em elementos químicos inanimados, sem uma intervenção inteligente, uma
vez que os elementos químicos inanimados são suscetíveis à segunda lei da termo
dinâmica? Os darwinistas não têm uma resposta, mas apenas fé.
Dê uma chance ao
acaso!
Será possível explicar a incrível
complexidade específica da vida por meio do acaso? De jeito algum! Tanto ateus
quanto teístas calcularam a probabilidade de a vida ter surgido por acaso com
base em elementos químicos inanimados. Os números calculados são
astronomicamente pequenos -— virtualmente zero. Michael Behe, por exemplo,
disse que a probabilidade de se obter ao acaso uma molécula de
proteína (que tem cerca de
cem aminoácidos) seria semelhante a um homem de olhos vendados encontrar um
grão de areia específico na areia do deserto do Saara por três vezes
consecutivas. E uma molécula de proteína não é vida. Para obter vida, você
precisaria colocar cerca de 200 dessas moléculas juntas! [17]
Essa probabilidade é praticamente
igual a zero. Mas acreditamos que a probabilidade é verdadeiramente zero. Por que zero? Porque “o acaso” não é uma causa. O acaso é uma palavra que usamos para descrever possibilidades matemáticas. Ele não tem poder
em si próprio. O acaso não é nada. O acaso é aquilo com que as rochas sonham.
Se alguém gira uma moeda, qual é a
chance de ela parar com a cara para cima? Nós dizemos que é de 50%. Sim, mas
qual é a causa de ela parar com a cara para cima? É o acaso? Não, a causa principal é
um ser inteligente que decidiu rodar aquela moeda e aplicar alguma força para
fazer isso. As causas secundárias, como as forças físicas do vento e da
gravidade, também causam impacto no resultado desse lance. Se conhecêssemos
todas essas variáveis, poderíamos calcular antecipadamente qual seria a face
que ficaria para o lado de cima. Mas uma vez que não conhecemos todas essas
variáveis, usamos a palavra “acaso” para encobrir nossa ignorância.
Não deveríamos permitir que os ateus encobrissem sua ignorância com
a palavra “acaso”. Se eles não conhecem um mecanismo natural por meio do
qual a primeira vida possa ter vindo a existir, então deveriam admitir que não
sabem, em vez de sugerirem uma palavra sem poder que, naturalmente, não é de
modo algum uma causa. ”Acaso” é simplesmente outro exemplo da ciência ruim
praticada pelos darwinistas.
A CIÊNCIA É ESCRAVA
DA FILOSOFIA
Infelizmente os darwinistas têm sido bem-sucedidos em convencer o público
de que ciência ruim é apenas aquela que discorda do darwinismo (e que, na
verdade, não é ciência de modo algum, dizem eles — é apenas religião disfarçada
de ciência). O fato é que o oposto é o verdadeiro. São os darwinistas que estão
praticando ciência ruim, porque sua ciência está construída em cima de uma
filosofia falsa. Com efeito, é a sua religião secular do naturalismo que os
leva a ignorar a comprovação científica empiricamente detectável do projeto.
Que lições podem ser aprendidas da ciência ruim dos darwinistas? Para
responder a isso, vamos dar uma olhada no debate que citamos no capítulo 3,
entre William Lane Craig, cristão, e o darwinista Peter Atkins. [18] Lembre-se
que o debate era sobre a existência de Deus. Em certo ponto, Atkins argumentou
que Deus não era necessário, porque a ciência podia explicar tudo.
— Não há necessidade de Deus — declarou Atkins. — Qualquer coisa no
mundo pode ser compreendida sem necessariamente se evocar um Deus. Você precisa
aceitar que é possível ter uma visão assim em relação ao mundo.
— Certamente isso é possível— admitiu Craig. — Mas … — [interrompendo]
Você nega que a ciência pode ser responsável por todas as coisas? —
desafiou Atkins.
— Sim, eu realmente nego que a ciência possa ser a responsável por todas as coisas — disse
Craig.
— Então, por quais coisas ela não pode ser responsável? -Atkins exigiu
saber.
Veterano de muitos debates, Craig estava pronto para dar uma resposta
multifacetada.
— Creio que existe um grande número de coisas que não podem ser cientificamente
provadas, mas que é racional aceitar — disse ele. Craig citou então aqueles
cinco exemplos de crenças irracionais que não podem ser provadas pela ciência:
1. matemática e lógica
(a ciência não pode prová-las porque a ciência as toma como pressupostos);
2. verdades
metafísicas (como, por exemplo, a existência de outras mentes além da minha
própria);
3. julgamentos éticos
(você não pode provar pela ciência que os nazistas eram maus porque a
moralidade não está sujeita ao método científico);
4. julgamentos estéticos
(o belo, assim como o bom, não pode ser cientificamente provado); e,
ironicamente,
5. a própria ciência
em si (a crença de que o método científico descobre a verdade não pode ser
provada pelo próprio método científico; veremos mais sobre isso adiante).
(Logo após essa bateria de exemplos refutando a visão de Atkins, o
moderador William F. Buckley Jr. não conseguiu esconder o prazer obtido pela
resposta de Craig. Ele olhou para Atkins e jogou esta frase: ”Agora coloque
isso em seu cachimbo e fume!”).
Craig estava cerro. O método
científico de procurar as causas pela observação e pela repetição nada mais é
do que um meio de se
encontrar a verdade. Ele não é o único meio de se encontrar a verdade. Como vimos no capítulo 1, as leis não
científicas (filosóficas) — como as leis da lógica — também nos ajudam a
descobrir a verdade. De fato, essas leis são usadas pelo método científico!
Além do mais, a afirmação de Atkins de que a ciência pode ser
responsável por tudo não é falsa apenas por causa dos cinco contra-exemplos que
Craig citou; ela também é falsa porque é falsa em si mesma. Com efeito, Atkins
estava dizendo: ”A ciência é a única fonte objetiva de verdade”. Se testarmos
essa afirmação usando a tática do Papa-léguas, citada no capítulo 1, veremos
que ela é falsa em si mesma e, portanto, falsa. A afirmação ”A ciência é a
única fonte de verdade objetiva” coloca-se como uma verdade objetiva, mas não é
uma verdade científica. A afirmação é filosófica em sua natureza — ela não pode
ser provada pela ciência — e, assim, se autodestrói.
Isso provavelmente nos leva à maior
lição que podemos aprender da ciência ruim dos darwinistas: a
ciência é construída em
cima da filosofia. Na verdade, a ciência é uma escrava da
filosofia. A má filosofia
resulta em má ciência, e a boa ciência exige uma boa filosofia. Por quê?
Porque:
1. Não se pode fazer
ciência sem filosofia. Pressupostos filosóficos são utilizados na busca pelas
causas e, portanto, não podem ser o resultado delas. Por exemplo: os cientistas
presumem “pela fé” que a razão e o método científico permitem que compreendamos
com precisão o mundo ao nosso redor. Isso não pode ser provado pela própria
ciência. Você não pode provar as ferramentas da ciência — a lei da lógica, a
lei da causalidade, o princípio da uniformidade ou a confiabilidade da
observação — executando algum tipo de experimento. Você precisa pressupor que
aquelas coisas são verdadeiras para poder realizar o experimento! Desse modo, a ciência está construída em cima da
filosofia. Infelizmente muitos assim chamados cientistas são na verdade
filósofos muito ruins.
1. Pressuposições
filosóficas podem impactar dramaticamente as conclusões científicas. Se um
cientista presume de antemão que apenas as causas naturais são possíveis, então
provavelmente nenhuma quantidade de evidências vai convencê-lo de que a
inteligência criou a primeira ameba unicelular ou qualquer outro tipo de
entidade. Quando os darwinistas pressupõem que causas inteligentes são impossíveis, então só restam as leis
naturais em cima da mesa. Do mesmo modo, se um criacionista exclui de antemão
as causas naturais (e não conhecemos muitos que façam isso), ele também se
arrisca a não encontrar a resposta correta. Mas um cientista de mente aberta
tanto às causas naturais quanto às inteligentes pode seguir a evidência para
onde ela o levar.
2. Na verdade, a ciência não diz nada — os cientistas é que dizem. Os dados são sempre interpretados pelos cientistas. Quando
aqueles cientistas deixam suas preferências pessoais ou pressuposições
filosóficas não provadas ditarem a sua interpretação da evidência, fazem
exatamente aquilo de que as pessoas religiosas são acusadas: deixam sua
ideologia ditar suas conclusões. Quando isso acontece, suas conclusões devem
ser questionadas porque elas podem ser nada mais do que pressuposições
filosóficas passadas adiante como se fossem fatos científicos.
O MATERIALISMO
TORNA A RAZÃO IMPOSSÍVEL
Quando você chega à raiz do problema, descobre que a ciência ruim dos
darwinistas resulta da filosofia falsa do naturalismo e do materialismo que
está no fundamento de sua visão de mundo. Por que o materialismo é falso?
Vejamos cinco razões pelas quais o materialismo não é plausível.
Em primeiro lugar, como já destacamos, existe uma mensagem residente na
vida, tecnicamente chamada de complexidade específica, que não pode ser
explicada materialmente. Essa mensagem não pode ser explicada por leis naturais
não inteligentes, do mesmo modo que a mensagem deste livro não pode ser
explicada por leis não inteligentes de tinta e papel.
Em segundo lugar, pensamentos e
teorias humanos não são compostos apenas de coisas materiais. Os elementos
químicos certamente estão envolvidos no processo do pensamento humano, mas eles
não podem explicar todos os pensamentos humanos. A teoria do materialismo não é feita de moléculas. Do mesmo modo, os pensamentos
de uma pessoa, de amor ou de ódio, não são elementos químicos. Quanto pesa o
amor? Qual é a composição química do ódio? Essas são perguntas absurdas porque
os pensamentos, as convicções e as emoções não são completamente baseadas no
material. Uma vez que elas não são completamente baseadas no material, o
materialismo é falso.
Em terceiro lugar, se a vida não fosse nada além de coisas materiais,
então seríamos capazes de pegar todos os materiais da vida — que são os mesmos
materiais encontrados no lixo — e criar um ser vivo. Não podemos fazer isso.
Certamente existe na vida alguma coisa além do material. Que materialista pode
explicar por que um corpo está vivo e o outro está morto? Ambos contêm os
mesmos elementos químicos. Por que um corpo está vivo num minuto e morre no
minuto seguinte? Que combinação de materiais pode ser responsável pela
consciência? Até mesmo Atkins, em seu debate com Craig, admitiu que explicar a
consciência é um grande problema para os ateus.
Em quarto lugar, se o materialismo
fosse verdadeiro, então todas as pessoas, em toda a história da humanidade, que
já tiveram algum tipo de experiência espiritual foram completamente mal
interpretadas. Embora isso seja possível, em vista do grande número de
experiências espirituais, não parece provável. É difícil acreditar que todo
grande líder e pensador espiritual da história da humanidade — incluindo
algumas das mentes mais racionais, científicas e críticas que já existiram —
estava completamente errado sobre sua experiência espiritual. Isso inclui
Abraão, Moisés, Isaías, Kepler, Newton, Pascal e o próprio Jesus Cristo. Se
apenas uma experiência espiritual em toda a história do mundo for verdadeira,
então o materialismo é falso.
Por último, se o materialismo é
verdadeiro, então a própria razão é impossível. Se os processos mentais nada
mais são do que reações químicas no cérebro, então não há razão para acreditar
que qualquer coisa seja verdadeira (incluindo a teoria do materialismo). Os elementos
químicos não podem avaliar se uma teoria é falsa ou não. Os elementos químicos
não raciocinam, apenas reagem.
Isso é extremamente irônico, porque os darwinistas — que se colocam como
defensores da verdade e da razão — tornaram a verdade e a razão coisas
impossíveis por meio de sua teoria do materialismo. Assim, até mesmo quando os
darwinistas estão certos sobre alguma coisa, sua visão de mundo não nos dá
nenhuma razão para acreditar neles — a própria razão é impossível em um
mundo governado pelos elementos químicos e pelas forças físicas.
Não apenas a razão é impossível num
mundo darwinista, mas a afirmação darwinista de que deveríamos confiar apenas
na razão não pode ser justificada. Por que não? Porque a razão exige fé. Jay Budziszewski assevera: “O mote ‘apenas a razão!’ é completamente sem
sentido. A própria razão pressupõe fé. Por quê? Porque uma defesa da razão pela razão é circular e, portanto, sem valor. Nossa única garantia de que a
razão humana funciona é Deus que a fez”[19]
Vamos apresentar o ponto levantado
por Budziszewski por meio da consideração da fonte da razão. Nossa capacidade
de raciocinar pode vir apenas de um de dois lugares possíveis: ou a nossa
capacidade de raciocinar surgiu com base em uma inteligência preexistente ou
surgiu baseando-se em uma matéria inanimada. Os ateus/darwinistas/materialistas
crêem, pela fé, que nossa mente surgiu de matéria inanimada e sem nenhuma intervenção
inteligente. Dizemos que isso é pela fé porque tal afirmação contradiz toda
observação científica, a qual demonstra que o efeito não pode ser maior do que
sua causa. Você não pode dar aquilo que não recebeu, mas os materialistas
acreditam que matéria morta e não inteligente produziu vida inteligente. É como
acreditar que a Biblioteca do Congresso norte-americano resultou de uma
explosão numa gráfica!
Faz muito mais sentido acreditar que
a mente humana é feita à imagem de uma Grande Mente — Deus. Em outras palavras,
nossa mente pode aprender a verdade e pode raciocinar sobre a realidade porque
ela foi criada pelo Arquiteto da verdade, da realidade e da própria razão. O
materialismo não pode explicar a razão, assim como não pode explicar a vida. O
materialismo simplesmente não é racional. Portanto, não temos fé
suficiente para sermos materialistas!
O ATEU VERSUS O CONSULTOR DE PENSAMENTO CRÍTICO
O próprio fato de os darwinistas
acharem que têm razões para seu ateísmo pressupõe a existência de Deus. Como
assim? Porque as razões exigem que o Universo seja razoável, ou seja, que exige lógica, ordem, planejamento e verdade. Mas a ordem, a
lógica, o planejamento e a verdade somente podem existir e serem conhecidos se
existir uma fonte-padrão objetiva e imutável para tais coisas. Para dizer que
uma coisa não éplausível, os
darwinistas precisam conhecer alguma coisa que seja o oposto disso. Para dizer que uma coisa não foi planejada, os darwinistas precisam conhecer algo que tenha
sido planejado. Para
dizer que uma coisa não éverdadeira, os
darwinistas precisam conhecer o que é a verdade, e assim por diante. Tal como as visões de mundo não teístas,
o darwinismo apropria-se da visão de mundo teísta com o objetivo de fazer sua
própria visão ser inteligível.
Essa tendência de os ateus apropriarem-se não intencionalmente da visão
de mundo teísta foi maravilhosamente exposta pelo escritor Pete Bocchino [20]
durante uma reunião para a definição do currículo do Departamento de Educação
do Estado norte-americano da Geórgia. Pete — que na época estava trabalhando
para um ministério cristão conhecido internacionalmente — foi severamente
criticado por estar numa subcomissão para revisar e melhorar o currículo da
escola pública da sexta série até a última série do ensino médio em assuntos
como o governo norte-americano, a lei, a ética e o treinamento do caráter.
A primeira de uma série de reuniões que se estenderam por uma semana
aconteceu numa grande sala onde todos os membros da subcomissão tiveram a
oportunidade de apresentar-se. Pete, que ficara preso no trânsito, chegou
atrasado, perdeu as apresentações e foi dirigindo-se ao seu assento assim que
chegou. Quando o presidente da subcomissão viu Pete caminhando, informou que
eles já haviam se apresentado e pediu que Pete fizesse a mesma coisa, dizendo
seu nome, sua experiência e sua ocupação. Pete falou seu nome e disse que era
formado em engenharia mecânica. Pete pensou consigo mesmo: “Certamente não
quero trazer o cristianismo para a mesa dizendo que estou trabalhando para um
ministério cristão internacional”. Assim, evasivamente, disse:
— Estou trabalhando atualmente para uma organização sem fins lucrativos
como consultor de pensamento crítico.
O presidente disse: — Um o quê?!
— Consultor de pensamento crítico — repetiu Pete.
— O que exatamente faz um consultor de pensamento crítico? — insistiu o
presidente.
— Bem, já estamos atrasados e eu não desejo tomar o tempo do comitê
arrazoou Pete — mas você vai descobrir durante a semana.
Conforme a semana foi passando, o
comitê debateu vários tópicos, tais como diversidade, tolerância, direitos
humanos e outras questões controversas. Em um certo momento, quando estavam
discutindo os padrões da psicologia, Pete verificou que os padrões não possuíam
uma definição de pessoalidade. Isso era uma grande falha no currículo de
psicologia. Desse modo, Pete apresentou o seguinte modelo, baseado numa seção
do livroHaves Without Have-nots [Direitos e deveres], de Mortimer Adler. [21]
Curso: Psicologia/Tópico: singularidade.
Padrão: Avalia a singularidade da natureza humana e o conceito de
pessoal idade.
1. Intelecto/pensamento
conceitual;
2. Liberdade de
escolher/livre-arbítrio;
3. Responsabilidade
ética (padrões);
4. Responsabilidade
moral (obrigações);
5. Direitos
inalienáveis da pessoa.
Assim que esse modelo foi apresentado, uma educadora sentada ao lado de
Pete — que deixou claro que era ateísta — estava prestes a desafiar o modelo.
Antes que pudesse fazer isso, Pete interrompeu-a e disse ao grupo:
Se alguém for discordar desse modelo, estará fazendo o seguinte:
1. Essa pessoa estaria
me colocando numa discussão conceitual (como no nº 1 acima).
2. Essa pessoa estaria
exercendo sua “liberdade” de fazer isso (como no nº 2).
3. Essa pessoa deve
pensar que existe uma responsabilidade ética de ensinar aquilo que é
certo/verdadeiro (como no nº 3).
4. Essa pessoa está
procurando tornar-me moralmente condicionado a ensinar a verdade (como no nº
4).
5. Essa pessoa tem o
direito de discordar da minha posição (como no nº 5).
Portanto, se alguém quiser discordar desses critérios, esse alguém está,
na verdade, confirmando a validade de cada ponto desse critério.
O grupo ficou calado por alguns instantes. Então, o presidente falou:
— Agora sabemos o que faz um consultor de pensamento crítico! Juntamente
com essa declaração, ele instruiu o secretário da subcomissão a incluir o
padrão nas recomendações.
Com um pouco de pensamento crítico, nós vemos que a visão de mundo dos
darwinistas desaba não apenas com base na falta de evidência, mas também porque
os darwinistas precisam se apoiar na visão de mundo teísta quando tentam
defender suas idéias. O intelecto, o livre-arbítrio, a moralidade objetiva e os
direitos humanos, assim como a razão, a lógica, o projeto e a verdade só podem
existir se Deus existir. Contudo, os darwinistas pressupõem algumas ou todas
essas realidades quando defendem sua visão de mundo ateísta. Eles não podem ser
as duas coisas.
OS DARWINISTAS
POSSUEM A TAMPA ERRADA DA CAIXA
Na introdução, dissemos que uma visão de mundo é como a tampa de uma
caixa que permite que você forme um quadro completo e coeso com as muitas
partes do quebra-cabeça da vida. Se você tiver a tampa correta da caixa, então
as peças farão sentido à luz do quadro completo.
Mas o que acontece na hipótese de haver peças que não se encaixam no
desenho estampado na tampa da caixa que você tem? O bom senso lhe diria que
você tem a tampa errada da caixa, de modo que precisa procurar pela certa.
Infelizmente os darwinistas não farão isso. As evidências indicam claramente
que eles têm a tampa errada, mas recusam-se a considerar até mesmo que isso
seja possível (quanto menos sair procurando a tampa certa). A tampa
preconcebida mostra uma figura sem causas inteligentes. Ainda assim, como eles
próprios reconhecem, estão descobrindo muitos pedaços do quebra-cabeça que
possuem a clara aparência de terem sido planejados com inteligência. Com
efeito, estão tentando encaixar peças teístas em seu quebra-cabeça
ateu/materialista. Como eles fazem isso?
Em vez de descartar a tampa errada e descobrir onde está a certa, os
darwinistas simplesmente insistem em que as peças não são realmente aquilo que
aparentam ser. Eles tentam encaixar todas as peças — desde o Universo projetado
com precisão até a célula única repleta de informações — em um quebra-cabeça do
qual essas peças não fazem parte. Ao fazerem isso, desconsideram a observação,
que é a própria essência da ciência empírica que afirmam defender. Como eles
mesmos admitem, os darwinistas são filosoficamente comprometidos com sua tampa
da caixa, independentemente da aparência das peças daquele quebra-cabeça.
Como se encontra a tampa certa do quebra-cabeça da vida? Achar a tampa
certa não é uma questão de preferência (você gosta do ateísmo, eu gosto do
teísmo). Não, é uma questão de fatos objetivos. Ao usar os auto-evidentes
primeiros princípios da lógica e os princípios corretos da investigação
científica, descobrimos nos capítulos 3 e 4 que este é um Universo teísta. Se
este é um Universo teísta, então o naturalismo é falso. Se o naturalismo é
falso, então é possível que os darwinistas não estejam interpretando
corretamente as evidências.
A tampa correta da caixa é importante porque ela dá o contexto adequado
para interpretar as evidências. O contexto é o ambiente maior no qual aparecem
as evidências. Se você tem o contexto errado, então poderá chegar a conclusões
erradas sobre as evidências que está observando. Por exemplo: se eu lhe digo
que acabei de testemunhar um homem introduzindo uma faca na barriga de uma
mulher, você provavelmente presumiria que o homem fez alguma coisa errada. Mas
veja o que acontece quando se revela o contexto — o ambiente — no qual esse
incidente aconteceu: estamos na sala de parto de um hospital, o homem era um
médico, e o coração do bebê tinha acabado de parar de bater. O que você pensa
sobre o homem agora? Uma vez que se entende o ambiente, toda sua visão das
evidências é transformada: você agora considera o homem um herói, em vez de um
vilão, porque ele estava realmente tentando salvar a vida do bebê.
Do mesmo modo, as evidências da biologia devem ser interpretadas à luz
de um ambiente conhecido mais amplo. Como já descobrimos, o ambiente conhecido
mais amplo é este Universo teísta. Existe realmente um Ser imaterial, poderoso
e inteligente além do mundo natural, que criou o Universo e o planejou com
precisão de modo a permitir que a vida existisse neste planeta em que vivemos.
Em outras palavras, já sabemos, ainda que passível de dúvida, que o Projetista
faz parte da tampa da caixa, porque as evidências mostram que ele já planejou
este Universo maravilhoso com incrível complexidade e precisão.
À luz do fato de que esse Projetista
existe, quando vemos um sistema biológico que até mesmo darwinistas como
Richard Dawkins reconhecem “ter aparência de ter sido planejado com um
propósito”, talvez devamos concluir que tais sistemas foram
realmente planejados com um propósito. Como destaca
William Dembski, “se uma criatura se parece com um cachorro, cheira como um
cachorro, late como um cachorro, sente como um cachorro e respira como um
cachorro, o peso das evidências cai sobre a pessoa que insiste que a criatura
não é um cachorro”. [22] Uma vez que o Universo é criado e planejado, então
devemos esperar que a vida seja criada e planejada também (pelo menos é possível que a vida tenha sido criada por uma inteligência. Excluir essa
possibilidade de antemão é um procedimento claramente ilegítimo).
Desse modo, a conclusão de que a vida é o produto de um Projetista
inteligente faz sentido porque não se trata de uma peça solitária de evidência.
Ela é compatível com outras descobertas científicas. Ou, para continuar com a
nossa metáfora do quebra-cabeça, é uma peça que se encaixa perfeitamente com as
outras peças do quebra-cabeça.
RESUMO E CONCLUSÃO
Uma vez que cobrimos vários assuntos neste capítulo, vamos resumi-los em
alguns poucos pontos:
1. A vida não consiste
meramente em elementos químicos. Se esse fosse o caso, misturar os elementos
químicos da vida num tubo de ensaio produziria vida. A vida consiste claramente
em mais do que elementos químicos; ela também inclui a complexidade específica
(que vem apenas de uma mente). Portanto, o materialismo é falso (existem
inúmeras razões adicionais que provam que o materialismo é falso, incluindo o
fato de que a própria razão seria impossível em um Universo materialista).
2. Não existem leis
naturais conhecidas que criam a complexidade específica (informação).
Observou-se que apenas a inteligência cria a complexidade específica (e.g.,
“Leve o lixo para fora — Mamãe”, “Beba Coca-Cola”, monte Rushmore etc.).
3. A vida mais simples
consiste em uma maravilhosa complexidade específica — equivalente a mil
conjuntos completos da Enciclopédia
Britânica. Einstein disse:
“Deus não joga dados com o Universo”.[23] Ele estava certo. Como Phillip Gold
disse, “Deus joga caça-palavras!”.[24]
4. A ciência é uma
busca pelas causas que está baseada na filosofia. Existem apenas dois tipos de
causas, a inteligente e a natural, mas os darwinistas excluem filosoficamente
as causas inteligentes antes mesmo de olharem para as evidências. É por isso
que quando os darwinistas olham para aquelas mil enciclopédias — e apesar de
observarem e reconhecerem seu óbvio projeto — afirmam que sua causa deve ser
natural. Mas se “Leve o lixo para fora — Mamãe” exige uma causa inteligente,
então o mesmo acontece com as mil enciclopédias.
5. A geração
espontânea de vida, que o darwinismo exige para que sua teoria tenha início,
nunca foi observada. Acredita-se nela pela fé. À luz das decisivas evidências
cosmológicas e teleológicas de que este Universo é teísta (e por muitas outras
razões), a crença darwinista no naturalismo (ou materialismo) também é um
artigo de fé. Conseqüentemente, o darwinismo nada mais é do que uma religião
secular disfarçada de ciência.
O cético pode dizer: “Espere um minuto! Você está indo rápido demais. O
que o faz achar que o projeto inteligente é científico? Não seria o PI apenas
mais um caso da falácia do ‘Deus das lacunas’ — trazendo Deus prematuramente
para o centro do assunto porque você ainda não encontrou uma causa natural?
Por que deveríamos desistir de procurar uma causa natural? Na verdade,
parece que o PI é simplesmente aquele imenso criacionismo bíblico sendo jogado
no debate público com um outro nome. E quanto às evidências da evolução de
novas formas de vida que ainda precisam ser mencionadas?”.
Respostas a essas e outras afirmações darwinistas serão dadas no
capítulo seguinte. Não apenas abordaremos essas afirmações como também daremos
mais peças para o quebra-cabeça que confirmam que os defensores do projeto
inteligente, e não os darwinistas, é que possuem a tampa correta da caixa.
[1] Do inglês, deoxyribonucleic
acid; em português, ADN
[ácido desoxirribonucléico] [N. do E.].
[2] Hubert Yockey, cientista da
informação da Universidade da Califórnia em Berkeley, deixa claro que essa
comparação entre o alfabeto ocidental (inglês, no original) e o alfabeto
genético não é uma analogia, mas uma identificação matemática. Ele escreve: “É
importante compreender que não estamos raciocinando por analogia. A hipótese de
seqüências aplica-se diretamente à proteína e ao texto genético, bem como à
linguagem escrita, e, portanto, o tratamento é matematicamente idêntico”. V. Huberr P. YOCKEY, “Self Organization, Origin-of-life Scenarios and
Information Theory”, Journal 01 TheoreticalBiology 91 (1981): 16.
[3] The Blind Watchmaker. New York: Norron, 1987, p.
17-8, 116.
[4] Leia mais sobre os problemas com
o experimento Urey-Miller e outras nove desacreditadas “evidências” favoráveis
à evolução em Jonathan WELLS, Icons of Evolution:
Science or Myth? Why Much of What We Teach About Evolution is Wrong. Washington, D.e.: Regnery, 2000.
[5] Você poderá encontrar uma
discussão dos evolucionistas sobre as diversas dificuldades ao sugerir que a
vida é um produto da lei natural em Peter W ARO & Donald BROWNLEE, Rare
Earth. New York: Copernicus, 2000, capo 4.
[6] Blind Watch maker, p. 1.
[7] Apud Phillip E. JOHNSON. The
Wedge of Truth. Downers Grove:
InterVarsity Press, 2000, p. 153 [publicado em português pela Editora Ultimato, Ciência,
intolerância e fé: a cunha da verdade:
rompendo os fundamentos do naturalismo].
[8] “The Origin ofLife: More Questions than Answers”, lnterdisciplinary
Science Review 13 (1998): 348;
[9] Apud Lee STROBEL, Em
defesa da fé. São Paulo: Vida,
2002, p. 148.
[10] Apud STROBEL, Em
defesa da fé, p. 148.
[11] Chandra Wickramasinghe,
entrevisrado por Roberr Roy Britt, 27 de outubro de 2000. Disponível on-line em http://www.space.com/searchforlife/chandra_sidebac001027.html (grifo
do autor).
[12] Evolution: A Theory in Crisis. Bethesda,
Md.: Adler & Adler, 1985, p. 264.
[13] Information Theory and Molecular Biology. Cambridge,
New York: Cambridge University Press, 1992, p. 284 (grifo do autor).
[14] “The Unraveling of Scientific Materialism”, First Things (November 1997):
22— 5.
[15] E-mail enviado em 10 de julho de 2001. Todas as mensagens trocadas naquela
semana podem ser lidas em http://www.arn.org/docs/pjweekly/pLweekly_010813.htm.
[16] Billions and Billions of Demons”, The New York
Review of Books, January 9, 1997, p. 31.
[17] LEE STROBEL, Em
defesa da fé, p. 132-6.
[18] Todo o debate está registrado em
vídeo e pode ser visto on-line em http://www.leaderu.eom/offices/billcraig/does/craig-atkins.
[19] Written on the Heart: The Case for Natural Law. Downers
Grave, m.: InrerVarsity Press, 1997, p.54.
[20] Norman L. GEISLER & Peter
BOCCHINO, Fundamentos
inabaláveis. São Paulo: Vida,
2003.
História tirada de uma conversa pessoal com Peter Bocchino em 3 de abril
de 2003.
[21] Haves Without Have-Nots. New York: Macmillan, 1991.
[22] The Design Revolution: Answering the Toughest Questions About
lntelligent Design. Downers Grove, Ill.: InterVarsity Press, 2004.
[23] Albert Einstein, numa carta a
Max Bom, 4 de dezembro de 1926, apud Elizabeth KNOWLES, ed. The Oxford Dictionary of
Quotations. Oxford: Oxford Universiry Press, 1999, p. 290.
[24] Apud William DEMBSKI & James KUSHINER, eds. Signs of
Intelligence. Grand Rapids, Mich.: Baker, 2001, p. 102.
Extraído do livro “Não tenho fé suficiente para ser ateu” – Norman
Geisler & Frank Turek
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