O discernimento espiritual do crente
A necessidade do discernimento espiritual e do conhecimento das doutrinas bíblicas tem aumentado nesses dias devido ao crescimento das sutilezas de Satanás. Mas por outro lado, estamos advertidos por Jesus que disse: “porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que eu vo-lo tenho predito.” (Mt 24.24). Hoje, faz-se necessário o dom de discernir os espíritos que estão camuflados com doutrinas que parecem cristãs.
Como seus alunos reagiram durante este trimestre? O tema das lições foi cativante? Nesta última lição, propomos um recurso que visa despertar seus alunos quanto as doutrinas que invadem nossas igrejas através das músicas que, cheias de sensacionalismos e emoções, arrebanham vidas. As músicas sempre defendem uma visão doutrinária, por isso, escreva trechos de músicas sacras e outras com teor duvidoso (músicas que colocam o arcanjo Miguel como maestro do coral de Deus, ou outras que incitam pessoas a mergulharem numa aventura de fé, como alguns hinos denominados de guerra ou de adoração), em folhas de papel e dê aos alunos para eles analisarem a letra à luz da Bíblia. Conceda-lhes alguns minutos para debaterem entre si e depois conclua corrigindo as letras dos hinos e valorizando as músicas com letras doutrinárias.
Durante este trimestre aprendemos a precavermo-nos das sutilezas de Satanás e dos perigos à nossa volta. Há heresias, aberrações teológicas e doutrinas que parecem cristãs. Por meio do ensino dos falsos mestres é possível o cristão reconhecer a fonte, mas, às vezes, tais doutrinas são apresentadas de maneira sutil, tornando-se impossível o seu discernimento sem a ajuda do Espírito Santo.
DEFININDO OS TERMOS
Sinais e prodígios (v.1). A palavra hebraica ’ôth, traduzida no texto, por “sinal” é termo genérico que significa: “marca, insígnia, indício, milagre, sinal miraculoso”. Quando o sentido é de sinais miraculosos, ’ôth vem acompanhado do termo hebraicomophēth, “maravilha, milagre, sinal, feito” (Êx 7.3; Dt 4.34; 6.22). O Novo Testamento usa o termo grego sēmeion para descrever os milagres operados por Jesus (At 2.22). À luz do texto sagrado, é perfeitamente possível alguém manifestar tais sinais e maravilhas sem ser enviado por Deus.
Espírito de adivinhação (v.16). A palavra grega usada para “adivinhação” é python, nome de um dragão que, segundo a mitologia clássica, era guardião do templo de Apolo e do oráculo de Delfos. Acreditava-se que Apolo se encarnava nessa serpente para inspirar as pitonisas. Os gregos chamavam de python, portanto, ao adivinho que previa o futuro.
Adivinhação consiste na revelação de segredos do passado, do presente e do futuro. Essa prática associa-se à feitiçaria, cujo intento é usar poderes do mundo espiritual para influenciar as pessoas ou até eventos.
Discernimento. A palavra grega para “discernimento” é diakrisis. O termo aparece três vezes com o sentido de contenda (Rm 14.1). Discernimento, pois, é a capacidade de escolher entre o bem e o mal em virtude do crescimento espiritual (Hb 5.14). É a capacidade sobrenatural para se distinguir a fonte da manifestação espiritual, se é de fato do Espírito Santo, de um espírito demoníaco ou meramente humano (1 Co 12.10).
AS ARMAS ESPIRITUAIS
O dom do Espírito Santo. O dom de discernir os espíritos aparece logo após o dom de profecia (1 Co 12.10). Por essa razão, muitos vêem no referido dom o recurso para se “julgar” as profecias (1 Co 14.29). Entretanto, o contexto neotestamentário mostra que o dom não se limita a essa função; é também útil para identificar a origem das várias manifestações de profecias, línguas, visões e curas. O discernimento de espíritos manifesta-se em situações em que não é possível, pelos recursos humanos, identificar a origem da atuação sobrenatural.
O discernimento apostólico (v.18). Há duas maneiras para se discernir a fonte da mensagem ou dos milagres: pelo conteúdo doutrinário (Hb 5.14; 1 Jo 4.1) ou pela revelação do Espírito Santo (At 5.1-5). O apóstolo Pedro não teria como saber o propósito de Ananias e Safira sem a intervenção do Espírito de Deus. Em Filipos, diz o texto sagrado que a jovem com poderes de adivinhação “isto fez por muitos dias” (v.18): “Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo” (v.17). Isso parece mostrar que o discernimento foi tanto pelo conteúdo doutrinário como também pela revelação do Espírito Santo.
AS ASTÚCIAS MALIGNAS
Uma mensagem embaraçosa (v.17). A jovem estava possessa, tomada pelo espírito das trevas, logo, a mensagem não vinha de si mesma, mas do espírito que a oprimia. Satanás é o pai da mentira (Jo 8.44) e o principal opositor da obra de Deus (At 13.10). Por que, então, o espírito adivinho elogiou os dois mensageiros de Deus, dizendo a todos que eles eram anunciadores do caminho da salvação e “servos do Deus Altíssimo”? Porque era uma estratégia demoníaca para confundir o povo.
O termo “salvação” (v.17). O texto não esclarece a que salvação o espírito imundo referia-se, considerando ser um termo comum entre os pagãos. Essa técnica é usada, ainda hoje, pelas seitas. A salvação dos mórmons, por exemplo, apresenta sentido diferente daquela pregada pelo cristianismo bíblico: como libertação dos pecados (Mt 1.21), livramento da condenação eterna (Rm 8.1) e transformação pelo poder do Espírito Santo (Tt 3.5).
. Qual a intenção do espírito de adivinhação? O propósito diabólico era dizer a todos que a mensagem que Paulo e Silas pregavam seria a mesma da jovem adivinhadora. Ainda hoje, Satanás usa essa estratégia para fazer o povo acreditar na falsa idéia de que todas as religiões levam a Deus. Essa mensagem é absolutamente oposta à Bíblia; Jesus é singular, o cristianismo é exclusivo; somente Jesus conduz o homem a Deus (Jo 14.6; At 4.12).
DISCERNIMENTO
O falso e o verdadeiro (v.2). Deus deu a Israel profetas legítimos, os quais falaram inspirados pelo Espírito Santo. Mesmo no reino dos profetas, Deus permitiu o surgimento de falsos profetas (2 Pe 1.19-21; 2.1). Como distinguir o falso do verdadeiro? O texto sagrado diz: “profeta ou sonhador... te der um sinal ou prodígio” (v.1). Isso fala de sinais grandiosos que podem impressionar os imprudentes. O termo: “Vamos após outros deuses” (v.2), trata-se de milagres estranhos. Qualquer um, portanto, mesmo com o mínimo de discernimento, tem condições de discernir a fonte desses aparentes milagres.
. A necessidade do discernimento. Já vimos em lições anteriores a possibilidade de manifestações sobrenaturais por meio de homens não comprometidos com a verdade. Jesus disse que o Anticristo virá fazendo sinais, prodígios e maravilhas de maneira tal que, se possível fora, enganaria até os escolhidos (Mt 24.24). Os agentes de Satanás transformam-se em anjo de luz, e seus mensageiros em ministros de justiça (2 Co 11.13-15). O crente depende da ajuda do Espírito Santo para discernir a verdade, e, para isso, é necessário estar em comunhão com Ele.
É dever do cristão não se levar pela manifestação de sinais sobrenaturais sem antes ter certeza de sua origem. Há quem defenda a ortodoxia cristã, mas não tem qualidade ética, não vive o que prega e nem prega o que vive. Por outro lado, há quem viva uma vida exemplar, mas cuja doutrina é heresia. Que Deus abençoe e ajude-nos! Fiquemos sempre na Palavra de Deus.
“O momento é de alerta.O momento atual da Igreja de Jesus Cristo impõe urgência ao tratar as doutrinas fundamentais da Bíblia Sagrada como prioridade inegociável. É preciso escrevê-las, discuti-las, ensiná-las com mais profundidade e dedicação para que possam ser aprendidas, lembradas, divulgadas como tarefa sine qua non da igreja.
No passado, gastávamos muito tempo falando mais de costumes do que de doutrina. Hoje, infelizmente, não falamos nem de uma coisa nem de outra. Muitos de nossos púlpitos estão indefinidos porque cederam à tentação dos avivamentos coreográficos, da exibição dos grandes números e da cultura imediatista, as quais flagelam os que procuram seriedade no servir a Deus.
Algumas igrejas, por causa disso, tornaram-se patrocinadoras de espetáculos e locais onde o ego humano é ‘massageado’, com o nítido objetivo de crescimento rápido e vantajoso. Resultado: vulnerabilidade doutrinária e frenesi pelas novidades (At 17.21).
Com a falta de ensino bíblico em muitos de nossos púlpitos, criou-se no povo um fascínio desesperadamente ambicioso pela experiência, que acabou se tornando a pedra de toque da vida da esmagadora maioria dos crentes pentecostais. As profecias, sem nenhum ensino, acabaram tomando o primeiro lugar na preferência da maioria dos nossos cultos, valendo, para muitos, mais uma profecia do que um ensino bíblico.
Não esqueçamos que o nascedouro de heresias é sempre a ausência de estudo bíblico sistemático. Ademais, o povo de Deus precisa ter conhecimento das doutrinas cardeais das Sagradas Escrituras para poder se defender das heresias.
Precisamos, portanto, e com muita urgência, fazer uma nova leitura das necessidades reais do nosso povo e da sociedade ao nosso redor e pensar num meio de tornar as Boas Novas do Evangelho mais convincentes para o homem atual” (LIMA, P. C. O que esta por trás do G-12. RJ: CPAD, 2000, pp.30-31).
FALSOS
FUNDAMENTOS DA VERDADE
fonte icp
Foi-me
dada uma cana semelhante a uma vara, e foi-me dito: Levanta-te, e mede o templo
de Deus, e o altar, e os que nele adoram - Ap 11.1
O único padrão para medirmos a veracidade das coisas divinas continua sendo o
mesmo que o Senhor Deus entregou ao homem: a sua infalível Palavra, ou seja, as
Sagradas Escrituras. No mundo de hoje, com múltiplas seitas e múltiplas
propostas de verdade religiosas, mais do que nunca precisamos nos apoiar nos
fundamentos de nossa fé. Caso contrário, seremos arrastados por sutilezas de
argumentos que, embora aparentemente racionais, não condizem com as verdades
bíblicas. “E digo isto para que ninguém vos engane com palavras persuasivas”
(Cl 2.4).
Nem todos param e ponderam o que escutam e por isso se deixam convencer por
afirmações ou razões falsas. Além de racional, o homem é um ser emocional e
social, portanto influenciável por esses fatores. As pessoas buscam apoio para
suas convicções em fontes turvas e se apóiam em alicerces frágeis, envenenando
seu espírito e enveredando por caminhos que não pertencem ao Deus vivo.
Dentre os elementos que as pessoas procuram (consciente ou inconscientemente)
basear suas crenças, podemos citar:
Quantidade
No monte Carmelo eram oitocentos e cinqüenta profetas de Baal e do poste-ídolo
contra um único profeta do Senhor, Elias (1Rs 18.19). Não precisamos dizer quem
detinha a verdade. Não importa o número de pessoas que crêem em certa
afirmação, esse fato, no entanto, não torna tal afirmação verdadeira. A
quantidade de muçulmanos (cerca de um bilhão) que crêem no Alcorão não torna o
livro islâmico na verdadeira Palavra de Deus. Julgar uma crença pelo número de
adeptos é medi-la com um padrão extremamente falível. Se Colombo assim
pensasse, jamais descobriria a América. Nesses casos, os números mentem.
Isso não quer dizer que algo torna-se verdadeiro somente porque são poucos os
seus defensores. As pequenas seitas geralmente citam a porta estreita (Mt 7.14)
para justificar a perdição de bilhões de pessoas por não aceitarem seus ensinos
absurdos, alegando que poucos entram por ela. Não esqueçamos que “pouco” é
relativo. Sessenta milhões de crentes na China é relativamente pouco para uma
população de um bilhão e duzentos. Todavia, se esse número fosse no continente
Europeu seria bastante expressivo.
Portanto, a nossa fé não se apóia na adesão de poucos ou de muitos. O prumo das
Escrituras ignora resultados numéricos, embora o mundo moderno ame as
estatísticas. Seguir multidões não é sinônimo nem antônimo de seguir a Cristo.
Independente de qualquer coisa, a Palavra de Deus continua sendo a Palavra de
Deus, “quer ouçam quer deixem de ouvir” (Ez 2.7).
Antiguidade
A antiguidade de uma crença jamais será garantia de sua veracidade. O
politeísmo é quase tão velho quanto a humanidade, mas isso não o torna
aceitável. Astrólogos e reencarnacionistas gostam de apoiar-se sobre esse
fundamento, vangloriando-se de vestígios meso-potâmicos e egípcios de suas
práticas. Mas a verdade não vive de múmias. Os antigos podem estar tão errados
quantos os modernos. O movimento Nova Era, em sua adoração ao primitivo e ao
antigo, não tem restaurado a verdade, mas, sim, ressuscitado o paganismo.
Não devemos menosprezar as tradições como desprovidas de valor, como também não
devemos superestimá-las. O catolicismo, ao colocar a tradição em pé de
igualdade com a Bíblia, sancionou erros históricos quando deveria extirpá-los
com a régua de Deus. O que a Reforma Protestante fez foi apenas começar a
aplicar o padrão divino (leia-se Escrituras Sagradas) depois de séculos de
desvio doutrinário. “E assim invalidaste o mandamento de Deus pela vossa
tradição” (Mt 15.6). Esse tem sido o problema com muitas doutrinas: querem ser
mantidas pelo aval dos anos, quando a história ensina que o tempo desgasta e
distorce ao invés de edificar.
“Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e
vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e
não segundo Cristo” (Cl 2.8)
Sucesso
Sucesso transformou-se na palavra do momento, capaz de justificar qualquer
comportamento e validar qualquer conceito. As pessoas estão dispostas a aceitar
qualquer ensino - mesmo o evangelho, se este as levar ao sucesso imediato. Se
uma pessoa teve sucesso na vida, então tudo o que ela diz deve ser verdade; mas
se alguém não é bem-sucedido, segundo os padrões seculares atuais, então o que
ele ensina deve ser descartado em favor de outro ensino melhor. Uma mensagem de
“deixa tudo e segue-me” ou “negue-se a si mesmo” soa muito fracassada. Os
mártires já não são bem-vistos, e ninguém mais ouve os seus ensinos. Mas
qualquer líder religioso hoje que demonstre e prometa prosperidade, felicidade
e sucesso é considerado verdadeiro.
Sabemos que a verdade pode tornar alguém bem-sucedido. Mas isto não significa
que alguém bem-sucedido pode tornar qualquer coisa verdadeira. Pessoas de
sucesso podem estar avançando por caminhos que não pertencem a Deus. Nem toda a
fama de Paulo Coelho pode dar validade ao conteúdo de seus livros. Eles não
passam de ficção repleta de idéias pagãs que “matam” ao invés de dar vida.
“Pois tenho para mim que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como
condenados à morte. Somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens.
Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós sábios em Cristo! Nós fracos, mas
vós sois fortes! Vós sois ilustres, nós desprezíveis. Até esta presente hora
sofremos fome, sede, e nudez; recebemos bofetadas, e não temos pousada certa.
Afadigamo-nos, trabalhando com nossas próprias mãos. Quando somos injuriados,
bendizemos; quando somos perseguidos, sofremos; quando somos difamados,
consolamos. Até ao presente temos chegado a ser como o lixo deste mundo, e como
a escória de todos” (1Co 4.9-13).
Sinceramente, essa descrição do ministério apostólico está bem longe do
conceito moderno de sucesso. Todavia, foi escrita por um dos homens que
lançaram os alicerces da Igreja e do evangelho.
Moralidade
A verdade de Deus deve produzir justiça e gerar santidade.Ela não é apenas algo
para armazenarmos mentalmente. Temos de “andar na verdade” (3Jo 3,4), e não
simplesmente conhecê-la. Nosso procedimento comprova a nossa fé.
Por outro lado, é perigoso colocar o comportamento como fundamento da verdade.
As boas obras impressionam de tal forma que muitos pressupõem que se alguém
prega e faz bem ao próximo então seu ensino deve definitivamente ser
verdadeiro. Na verdade, as boas obras devem ser estimuladas e praticadas, mas
elas não confirmam qualquer doutrina. O espiritismo, por um lado, exalta a
caridade e, por isso, conquista o respeito da opinião pública. Por outro lado,
no entanto, fomenta a consulta e incorporação dos chamados “espíritos de luz”,
levando muitos ao pecado e à influência satânica. Suas boas obras, porém, não
podem justificar seus erros.
O apóstolo Paulo muitas vezes defrontou-se com homens que por um lado
apresentavam aparência de justiça mas, por outro, sustentavam ensinos
contrários ao evangelho. Certas ocasiões, os discípulos de Paulo ficavam
perplexos, mas tinham de concordar com ele quando a situação exigia que alguns
homens que aparentemente viviam uma vida justa precisavam ser condenados. Em
uma dessas ocasiões a resposta do apóstolo aos seus discípulos foi: “E não é de
admirar, pois o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito,
pois, que os seus ministros se transformem em ministros da justiça. O fim deles
será conforme as suas obras” (2Co 11.14,15).
Todos os que servem a Deus devem ser justos, mas nem todos aqueles que possuem
aparência de justiça servem a Deus. O amor não é equivalente à verdade, embora
os dois tenham de andar juntos.
Beleza
Hoje, o mundo procura um Deus estético, e não um Deus ético. Todos querem uma
religião de aparência, que pareça bonita, sem se importar se ela é verdadeira
ou não. Trocam facilmente o conteúdo pela forma. Os muçulmanos gostam de dizer
que uma das provas da inspiração do Alcorão é a sua beleza. Que eles nos
perdoem, mas se esse fosse o caso, a Bíblia ganharia de longe. O poeta libanês
Kalil Gibran orou a Deus e disse: “Dizer a tua verdade, envolta em tua beleza”.
Não podemos negar a beleza de seus versos, mas também não podemos considerá-los
infalíveis. Só as Escrituras são infalíveis, mesmo quando não são belas.
Nem tudo o que é belo é necessariamente bom e verdadeiro. Nem tudo o que é
verdadeiro tem de ser necessariamente belo, mas com certeza é bom. Não podemos
esquecer que aquele que é a Verdade, quando esteve entre nós, “não tinha
parecer nem formosura; e, olhando nós para ele, nenhuma beleza víamos, para que
o desejássemos... Como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado,
e não fizemos dele caso algum” (Is 53.2,3). Se buscarmos somente a beleza por
certo a encontraremos em muitos lugares. Mas se buscamos a verdade só a
encontraremos na Palavra de Deus.
Um belo hino, uma pregação eloqüente e um texto bem-escrito podem facilmente
conter inverdades que serão aceitas por causa de sua beleza. Pior que um
veneno, é um veneno gostoso, perfumado e bem-embalado. Isso é típico de
Satanás. Diz a Bíblia sobre ele: “...corrompeste a tua sabedoria por causa do
teu resplendor” (Ez 28.17). Não podemos nos esquecer: o pai da mentira é um
belo ser.
Agradabilidade
Ninguém se tornará popular pregando a doutrina do inferno. Ela não agrada aos
ouvidos. Os que rejeitam a idéia de um inferno de fogo, onde os ímpios passarão
a eternidade, não a rejeitam por não ser bíblica, mas por sua dureza. Da mesma
sorte, os que a pregam não o fazem com um senso de prazer, mas de fidelidade às
Escrituras. A verdade nem sempre é totalmente doce. “Fui, pois, ao anjo, e lhe
pedi que me desse o livrinho. Disse-me ele: Toma-o, e come-o. Ele fará amargo o
teu ventre, mas na tua boca será doce como mel” (Ap 10.9).
As pessoas têm a tendência de “adocicar” a mensagem que pregam para não repelir
os ouvintes, e fazem isso extraindo de seu conteúdo elementos que possam causar
algum desconforto. É uma atitude perigosa, e pode comprometer tanto o que
ensina quanto o que ouve. “Duro é este discurso. Quem poderá ouvi-lo?” (Jo
6.60). O rico foi embora porque Jesus não quis suprimir as exigências da
salvação (Mc 10.21,22). Não que a verdade seja um monte de espinhos ou que tem
por obrigação incomodar as pessoas. Mas apegar-se a um ensino somente porque
ele traz conforto e nenhuma repreensão é correr grave risco.
Deus é bom e justo. Abraçar sua bondade e rejeitar sua justiça tem sido a
atitude de muitos. Um Deus que julga, condena e castiga o pecado tem-se tornado
cada vez mais impopular. A LBV chega ao ponto de interceder por Lúcifer para
que ele seja salvo e o universalismo prega a salvação de todos os homens. São
colocações agradáveis em termos de religião, mas não são verdadeiras, portanto
não salvam.
Erudição
As palavras erudição e verdade não são sinônimas. Porque alguém sabe muito, não
significa que saiba a verdade. É muito fácil se impressionar com a cultura de
uma pessoa e achar que pelo seu grande conhecimento ela deve estar certa em
suas afirmações. Em se tratando das coisas de Deus, a cultura pode ser
irrelevante. É claro que muitos dos escritores inspirados da Bíblia
apresentavam cultura e erudição, mas não foram essas coisas que confirmaram a
Palavra de Deus como padrão. Ao lermos as epístolas de Paulo, não é a erudição
do autor humano que importa, mas a inspiração do Autor divino. “Os judeus pedem
sinal, e os gregos buscam sabedoria, mas nós pregamos a Cristo crucificado,
escândalo para os judeus, e loucura para os gregos” (1C o 1.22). Sócrates,
Platão e Aristóteles tiveram sua importância histórica, mas não foi por eles
que a verdade de Deus se estabeleceu. Nesse aspecto, o iletrado Pedro foi
instrumento de Deus para proclamar a verdade inspirada.
Homens como Marx, Engels e Nietzsche foram filósofos de conhecimento e
profundidade extraordinários. Mas seus ensinos se mostraram falsos e
destrutivos ao longo da história. Até o pensamento científico, visto como
árbitro de todas as afirmações, já defendeu enormes absurdos. Não rejeitamos a
ciência, mas também não podemos tomá-la por infalível. Só Deus é infalível.
Somente a sua Palavra determina o que é certo e o que é errado, o que é falso e
o que é veraz: “Disto também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas
com as que o Espírito Santo ensina...” (1Co 2.13).
Convicção
É mais comum do que se pensa errar com convicção. “Há um caminho que ao homem
parece direito, mas o fim dele conduz à morte” (Pv 14.12 ). Alguém pode pregar
e ensinar o erro com mais entusiasmo do que aqueles que ensinam a verdade. Uma
crença não é verdadeira somente porque seus seguidores se dispõem a morrer por
ela. O martírio pode honrar a verdade, mas jamais pode tornar verdadeiro aquilo
que é falso. Sem dúvida, Hitler estava totalmente convencido das idéias loucas
do nazismo e as proclamou com tamanha convicção que conseguiu influenciar uma
nação inteira. Esse fato, porém, não tornou (e não torna) a doutrina nazista
veraz.
Principalmente quando no meio de uma massa, o ser humano tende a ser
sugestionado pelos sentimentos e começa então a reagir como o grupo. Qualquer
pessoa que proclame algo com insistência pode influenciar outras a aceitarem
coisas que não são verdadeiras. Em Atos 17.10,11, aconteceu algo interessante.
Os irmãos da cidade de Beréia, para onde Paulo e Silas foram enviados,
receberam de bom grado a pregação desses dois homens de Deus, mas não deixaram
de examinar nas Escrituras para ver se o que falavam era de fato verdadeiro:
“Ora, estes foram mais nobres do que os de Tessalônica, pois de bom grado
receberam a palavra, examinando a cada dia nas Escrituras se estas coisas eram
assim”.
“À lei e ao testemunho”
Não rejeitamos a popularidade, a tradição, o sucesso, a moralidade, a beleza,
os benefícios, a erudição e a convicção resultantes da verdade. Mas não podemos
considerar essas coisas um padrão para a nossa fé. Cremos na Palavra de Deus
como única norma. A importância em excesso conferida a outras coisas tem
afastado muitos do Caminho. E o pior: tem lhes causado um sentimento de
segurança e satisfação que os impede de ver a verdade.
Temos de conhecer os verdadeiros fundamentos da nossa fé e esperança, e sobre
esses fundamentos construir os alicerces de nossa existência.
“À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a
alva” (Is 8.20).
fonte icp
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