Cristianismo velho em um mundo novo
Passados mais de dois mil anos o cristianismo têm conseguido
reter os fundamentos estabelecidos pelo Senhor?
Charles Colson referindo-se à igreja da
atualidade disse
que “o inimigo está entre nós. Ele se infiltrou de tal modo em nossas linhas
que muitos simplesmente já não conseguem distinguir entre o amigo e o inimigo,
entre a verdade e a heresia”.
Hank Hanegraaf chamou isso de “um câncer
que está devorando a Igreja”. Este câncer vem sendo
alimentado por uma constante dieta que poderia ser chamada de “cristianismo das
refeições rápidas” – belas na aparência, mas fracas em substância.
Dave Hunt denominou esse fato de efeito
“cavalo de Tróia”. Segundo ele nem mesmo os mais importantes estudiosos das
seitas têm conseguido reconhecer o cavalo de Tróia que penetrou na Igreja e em
suas próprias fileiras e as está seduzindo por dentro.
Inimigos em nossas linhas, câncer em
expansão ou cavalo de Tróia são
expressões que descrevem a situação da igreja atual, a qual tem deixado idéias
do “mundo novo” adentrarem-se além das portas do “cristianismo velho”,
efetuando mutações prejudiciais nos alicerces dos fundamentos cristãos e nas
bases da fé evangélica; formando assim o que se pode chamar de “mundo velho”
dentro de um “cristianismo novo”. Um trocadilho irônico, porém realista. Um
jogo de palavras aparentemente imbecil, entretanto, condizente com os fatos
contemporâneos.
Não se trata de uma simples brincadeira de
vocábulos ou uma
dança de sílabas no estilo “tal biscoito vende mais porque é fresquinho ou é
fresquinho porque vende mais?”. Pelo contrário, refere-se a uma perquirição de
elevada importância fazendo-nos refletir acerca da situação do cristianismo
frente ao mundo moderno.
De volta para o passado
Passados mais de dois mil anos o
cristianismo têm
conseguido reter os fundamentos estabelecidos pelo Senhor? Em pleno século XXI
a igreja moderna têm persistido na doutrina dos apóstolo? A igreja tem
influenciado o mundo, ou o mundo tem influenciado a igreja? Esses são os
questionamento oriundos do trocadilho em evidência.
Uma rápida olhadela no túnel do tempo é suficiente para notarmos que
definitivamente muita coisa mudou desde que Cristo deixou as marcas das suas
alparcas pelo chão empoeirado da Palestina. Muita diferença existe daquele
contexto em que Paulo iniciou a pregação do evangelho mundo afora.
Para comprovar, retornemos ao tempo dos
Apóstolos, especificamente no contexto de Atos 11:26: “E sudeceu que todo
um ano se reuniram naquela igreja, e ensinaram muita gente; e em Antioquia
foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos”.
O texto bíblico faz referência à primeira
vez que o nome cristão é utilizado, o qual é atribuído aos que
seguiam as doutrinas de Cristo; àqueles que eram discípulos do Carpinteiro que
transformou vidas, efetuou milagres e padeceu sobre a cruz.
Naquela época seguir o Filho de Deus e
fazer parte do grupo dos cristãos não era a melhor opção em termos sociais.
Quando alguém se dizia cristão é como se gritasse aos quatro ventos: “Aceitei a
Jesus, que venham as perseguições, a fome ou a espada. Para Cristo vivo e por
Ele morro”. Tinham a plena convicção de que haviam escolhido o caminho estreito
e que haveriam de passar por dificuldades e enfrentar perseguições, por amor ao
nome de Cristo.
De olho no presente
O tempo passou, a perseguição se foi (não
completamente, é claro) e o cristianismo expandiu. Graças damos a Deus
pela obra que têm efetuado nos tempos modernos. A conversão e transformação de
pessoas que outrora não tinham a mínima intenção de conhecerem a Cristo, agora,
rendem-se aos seus pés. Vislumbra-se, então, o cumprimento das profecias
bíblicas. O inicio do fim.
No entanto, a evolução do cristianismo tem
intensificado também o número de cristãos nominais.
Pessoas que são levadas pela onda e arrebatadas pela emoção passageira.
Surgindo, assim, cristãos que não sabem o valor de Cristo; não compreendem os
valores do Reino e ignoram as escrituras sagradas.
Cristãos que buscam vitória ao invés de
santificação; bênçãos em detrimento de oração; prosperidade no lugar de
humildade; movimentos à avivamento; superficialidade à consistência; shows ao
invés de adoração. Pensam que igreja é ponto de encontro e que culto é evento
social.
Na liderança aparecem novos
profetas-ungidos-visionários. Administradores de igreja, no
lugar de pastores de ovelhas. Gerentes eclesiásticos, ao invés de servidores do
próximo. Componentes de organizações ao invés de membros de um organismo.
Personal Trainner Espiritual ao invés de ministros do evangelho. Gostam de
números, não de vidas. Amam o status, não as almas.
Observa-se continuamente o surgimento de
Igrejas, ditas cristãs, que defendem o aborto, fazem apologia ao
homossexualismo ou reivindicam um Cristo cósmico e de sexualidade duvidosa.
Pregam um Deus complacente com os erros e fora dos padrões bíblicos.
Reivindicam bênçãos e prosperidade. Requerem dinheiro, carros e mansões.
Nesse
contexto atual, ainda, muitos lideres enveredaram-se pelos caminhos das estratégias
de mercado para arrebanharem mais seguidores, ou aderiram ao movimento chamado
“a igreja ao gosto do freguês” conforme denominou T. A. McMahon; que segundo
ele tem invadido muitas denominações evangélicas, propondo evangelizar através
da aplicação das últimas técnicas de marketing voltadas para os “consumidores
espirituais”, enfatizando, desta forma, os benefícios temporais de ser cristão
e colocando a pessoa do “consumidor” como seu principal ponto de interesse,
cuja principal abordagem centra-se na gratificação imediata, nas bênçãos
terrenas e no “sentir-se bem consigo mesmo”. Nesse compasso, as assim
chamadas “megaigrejas” adicionam salas de boliche, quadras de basquete, salões
de ginástica, auditórios para concertos e produções teatrais e franquias do
McDonalds tudo para agradar os seus “clientes”.
Cristianismo velho em um mundo novo ou
mundo velho em um Cristianismo novo?
Feitas
essas considerações é perfeitamente possível verificar as diferenças existentes
na pergunta-trocadilho proposta “Cristianismo velho em um mundo novo ou Mundo
velho em um Cristianismo novo?”.
Cristianismo velho em um mundo novo é luz que resplandece nas trevas. Mundo
velho em um Cristianismo novo são sombras que escurecem o interior do templos.
Cristianismo velho em um mundo novo é o sal que tempera a terra. Mundo velho em
um Cristianismo novo é corrupção generalizada no seio eclesiástico.
Cristianismo velho em um mundo novo é o evangelho em expansão levando a
mensagem da salvação a todas as criaturas. Mundo velho em um Cristianismo novo
são ideologias humanistas introduzidas no âmago das boas novas.
Cristianismo velho em um mundo novo são discípulos que vivem (e morrem) pela
causa do Mestre. Mundo velho em um Cristianismo novo são consumidores em busca
de “produtos espirituais”.
Cristianismo velho em um mundo novo são os olhos voltados para a cruz de
Cristo. Mundo velho em um Cristianismo novo é o coração voltado para os bens
terrenos.
Cristianismo velho em um mundo novo é o Pedro que se arrepende. Mundo velho em
um Cristianismo novo é o Judas busca lucro.
Enfim.
Cristianismo velho em um mundo novo é Deus no controle. Mundo velho em um Cristianismo
novo é o homem no comando.
Quebrando o mito de que as faculdades são
responsáveis pelo desvio dos jovens cristãos
"É preciso estabelecer urgentemente um diálogo franco com
os jovens, ajudando-os a encarar os embates e dilemas do mundo atual"
No ano
passado, o Grupo Barna divulgou uma interessante pesquisa [1] sobre os cinco
mitos e realidades que levam os jovens a se afastarem das igrejas cristãs.
Os mitos
apontados pela pesquisa são os seguintes: #mito 1: A maioria dos jovens perdem
a fé quando deixam o ensino médio; #mito 2: Deixar a igreja é apenas uma parte
natural da maturação dos jovens adultos; #mito 3: Experiências da faculdade são
o fator-chave que levam as pessoas a desistirem; #mito 4: A atual geração de
jovens cristãos é mais “biblicamente analfabeta; #mito 5: Os jovens irão voltar
para a igreja como sempre fazem.
Por ora,
gostaria de chamar a sua atenção para o #mito 3.
A
realidade apontada pela pesquisa é que, embora a faculdade tenha uma grande
influência na vida dos cristãos, ela não é necessariamente o motivo principal
do abandono da fé, como muitos supõem. Como prova, o relatório enfatiza que
muitos cristãos abandonam a fé bem antes de chegarem à faculdade, alguns
inclusive antes dos dezesseis anos de idade.
Sobre
este ponto, David Kinnaman, responsável pela pesquisa, diz que o problema
decorre da inadequação da preparação de jovens cristãos para a vida além do
grupo de jovens. Kinnaman observou que os resultados da investigação mostram
que "apenas uma pequena minoria de jovens cristãos tem sido ensinada a
pensar sobre questões de fé, vocação e cultura. Menos de um em cada cinco têm
alguma ideia de como a Bíblia deve informar os seus interesses escolares e
profissionais. E a maioria não dispõe de mentores adultos ou amizades significativas
com os cristãos mais velhos, que possam guiá-los a responder perguntas que
surgem durante o curso de seus estudos. Em outras palavras, o ambiente
universitário não costuma causar a desconexão; apenas expõe o problema da
fé-rasa de muitos jovens”.
Como se
vê, a pesquisa ajuda a quebrar o velho mito de que um dos grandes fatores
responsáveis pelo desvio de muitos jovens cristãos é a universidade. Ficou
claro que o problema é anterior ao ingresso ao ambiente acadêmico, em
decorrência da falta de preparo por parte dos jovens, tanto para conseguir
responder com firmeza aos questionamentos dos fundamentos da fé, ou para fazer
uma conexão entre a fé, a cultura atual e os interesses profissionais.
Esta
deficiência dos jovens é ocasionada em grande pela inércia das igrejas, que
quase nunca oferecem instruções e orientações básicas sobre apologética,
cosmovisão cristã e vida profissional aos seus membros. Tanto é assim que outra
pesquisa [2] realizada pelo Grupo Barna revelou esta lacuna. Na realidade dos Estados
Unidos, apenas 38% dos pastores de jovens e 36% dos pastores titulares
afirmaram discutir frequentemente os planos de faculdade com os jovens. No
Brasil, acredito eu, este percentual é muito menor.
Será que
não está na hora de nossos líderes estabelecerem um diálogo mais efetivo sobre
estes temas com a mocidade, oferecendo instruções para que possam responder aos
questionamentos da fé, com cursos específicos sobre apologética; ensinamentos
que façam a conexão entre o mundo atual e a cosmovisão cristã e ofereçam
conselhos sobre a vida universitária e a carreira profissional?
Não é
possível que mesmo sabendo dos "bombardeios ideológicos" que os
jovens cristãos recebem dentro dos centros acadêmicos, grande parte da
liderança se mantenha indiferente, como se nada estivesse acontecendo.
Não. É
preciso estabelecer urgentemente um diálogo franco com os jovens, ajudando-os a
encarar os embates e dilemas do mundo atual, e a discernir o chamado de
Deus em suas vidas, por meio de uma mensagem contextualizada do evangelho, que
demonstre a relevância da mensagem bíblica para a sociedade atual.
2010 23:03
Razões e consequências da guerra cultural dos
defensores do liberalismo
Artigo publicado no Mensageiro da Paz de Abril/2012
Estamos
em meio a uma guerra silenciosa. Não se trata de um embate internacional, civil
ou étnico, mas sim cultural. Um conflito travado entre os adeptos dos
principais sistemas de ideias que movem a sociedade e que apresentam formas
diferentes de ver o mundo, compreender a vida e definir o que é certo ou
errado, justo ou injusto.
Por
muito tempo, essa tensão social foi representada pelo embate entre o comunismo
e o capitalismo, mas depois da queda do muro de Berlim tal disputa perdeu
completamente o seu sentido. Como escreveu o ex-professor de Harvard, Samuel
Huntington, em seu livro “O choque das civilizações”, no final da década de 80
o mundo comunista desmoronou e o sistema internacional da Guerra Fria virou
história passada. Com isso, Huntington previu uma reconfiguração da política
mundial seguindo linhas culturais e civilizacionais. Segundo ele, os conflitos
mais abrangentes, importantes e perigosos não se dariam entre classes sociais,
ricos e pobres, ou entre outros grupos definidos em termos econômicos, mas sim
entre povos pertencentes a diferentes entidades culturais e religiosas.
Huntington então vislumbrou um conflito entre as civilizações do mundo
ocidental e o mundo islâmica.
O desafio das "pluriversidades"
O núcleo central da pós-modernidade é a antítese do pensamento
cristão
Ao
freqüentar uma universidade espera-se que a pessoa seja guiada a encontrar a
unidade na diversidade ou, mais precisamente, a forma pela qual os diversos
campos do conhecimento se encaixam para fornecer um quadro uniforme da vida,
escreveram Norman Geisler e Frank Turek. Entretanto, apesar de ser uma
tarefa nobre, os autores enfatizam que essa não é a busca da universidade
atual. “Em vez de universidades, temos hoje as pluriversidades. São
instituições que consideram todos os pontos de vista tão válidos como quaisquer
outros, por mais ridículo que possa ser, com exceção do ponto de vista de que
apenas uma religião ou visão de mundo possa ser verdadeira. Esse é o único
ponto de vista considerado intolerante e fanático na maioria das
universidades.”
Apesar
das contradições, o fenômeno é crescente e vigoroso. A elite da cultura do
Ocidente, após beber na fonte dos gurus pós-modernos como Nietzsche, Michel
Foucault, Jacques Derrida, Richard Rorty e outros, está ditando as regras nos
campi universitários, arrebanhando professores, seduzindo acadêmicos e,
sobretudo, influenciando as principais mentes da atualidade, ou seja, os
formadores de opinião.
Charles Colson e Nancy Pearcey traçam muito bem este cenário ao afirmarem que “uma geração de graduados das universidades tem saído com diplomas nas mãos e uma ideologia pós-modernista na cabeça, para trabalhar em escritórios executivos, centros políticos e nas salas editoriais de jornais, revistas e estúdios de televisão. E o resultado disso, dizem os autores, é o surgimento de um grupo de profissionais novo e influente que trabalha primordialmente com palavras e ideias - o que alguns sociólogos chamam de Nova Classe ou classe do conhecimento ou, mais pejorativamente, a classe falante; por controlarem os meios do discurso público, sua filosofia tem se tornado dominante.
Uma vez alocada na gênese da produção do conhecimento de hoje, a pós-modernidade influencia diretamente a cultura popular de massa, ditando tendências na arquitetura, nas artes, no cinema, na música e principalmente na mídia.
A partir deste cenário, não é difícil entrever o desafio do cristianismo dentro dos campi, exatamente porque, ao contrário da pós-modernidade, a cosmovisão cristã é alicerçada em uma verdade absoluta, revelada por Deus por meio das Escrituras Sagradas. A verdade é o fundamento do pensamento cristão; a viga mestra das suas doutrinas. Logo, quando a verdade desaparece, escreveu David Limbaugh, a autoridade do evangelho diminui, porque o evangelho diz tudo sobre a verdade. Para os cristãos, Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida, e ninguém vai ao Pai senão por Ele (João 14.6).
Sendo
assim, o núcleo central da pós-modernidade é a antítese do pensamento cristão,
razão pela qual a fé evangélica é constantemente atacada dentro do ambiente
acadêmico. A vista deste contexto, Phillip Johnson observou que “cedo ou tarde
o jovem descobrirá que os professores da faculdade (às vezes, até professores
cristãos) agem conforme a suposição implícita de que as crenças religiosas são
o tipo de coisa que se espera que a pessoa deixe de lado quando se dá conta de
como o mundo de fato funciona; e que, em geral, é louvável ‘crescer’
afastando-se gradualmente dessas crenças como parte do processo natural de
amadurecimento”.
Quando
não é atacado pelo ceticismo dos antiteístas, o cristianismo é colocado em pé
de igualdade com as demais religiões, cujas doutrinas devem ficar adstritas ao
“mundo espiritual”, sem qualquer possibilidade de influenciar as discussões de
ordem pública, porque a religião – afirmam – é uma questão de preferência, sem
qualquer base objetiva de autoridade.
Por
todos estes motivos, dentro de um contexto pós-moderno, a atuação dos cristãos
nas universidades continua sendo uma grande necessidade, porque representa um
campo de pregação do evangelho. Além disso, se os cristãos não se tornarem
intelectualmente engajados, como alertou Willian Lane Craig, corremos o sério
risco de perder nossa juventude , mantendo o cristianismo em um gueto
espiritual.
Nesse
mesmo sentido, o teólogo J. Gresham Machen, advertiu que, se a igreja perder a
batalha intelectual em uma geração, a evangelização se tornará infinitamente
mais difícil na geração seguinte. Ele prossegue: “Falsas ideias são o maior
obstáculo à recepção do evangelho. Podemos pregar com todo o fervor de um
reformador e, mesmo assim, sermos bem sucedidos apenas em ganhar poucas pessoas
perdidas por aqui e por ali; e isso só tem acontecido porque permitimos que o
pensamento coletivo da nação, ou do mundo, seja controlado por ideias que, pela
força irresistível da lógica, impedem o cristianismo de ser reconhecido como
algo mais do que uma mera ilusão inofensiva. Sob tais circunstâncias, o que
Deus deseja de nós é que destruamos o obstáculo em sua raiz” .
A
propósito, o cristão tem à sua disposição o arsenal suficiente para lutar contra
os obstáculos e desafios que hoje se levantam contra a fé. Como escreveu o
apóstolo Paulo: Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim
poderosas em Deus para destruição das fortalezas; Destruindo os conselhos, e
toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo
todo o entendimento à obediência de Cristo. (2 Coríntios 10:4-5)
Relativismo e Cultura Cristã
Uma visão cristã das várias formas de relativismo
O vocábulo “relativismo”, procede de dois termos latinos: “relatīvus”
e “ismo”. O primeiro que se traduz por “relativo”, “referente”, “respeitante”,
“que indica relação”, procede do verbo “refērre” cujo sentido primário é
“levar”, mas também “trazer”, “refletir”, “referir” e “relatar”. O segundo,
“ismo”, é um sufixo que tanto pode derivar do grego “ismos” quanto do
latim “ismo”, mas que ambos denotam sistema, ou doutrina filosófica.
Para compreendermos o relativismo é necessário esclarecermos o
conceito de relação (já presente na definição do termo) como categoria do
pensamento e conexão objetiva entre uma coisa e outra. Segundo o filósofo
Edmund Husserl, o relativismo foi enunciado pela primeira vez por Protágoras de
Abdera, filósofo pré-socrático, ao afirmar: “O homem é a medida de todas as
coisas, do ser daquelas que são e do não ser daquelas que não são”. O
sentido deste aforismo é que cada pessoa em particular depende das coisas, não
de sua realidade física, mas de sua forma conhecida. Logo, o conhecimento é
subjetivo, relativo e sensual, ou seja, “passa pelos sentidos”. A questão
levantada é se o homem tem ou não capacidade de conhecer a íntima natureza das
coisas e a lei moral absoluta. Se a expressão “o homem” tratar-se de cada ser
ou do indivíduo, a forma de relativismo proposta é subjetiva, isto é,
circunscrita à pessoa, ao individuo. Assim teríamos tantas verdades quanto são
as pessoas. Deve-se observar, entretanto, que o relativismo apresentado nesta
afirmação protagoriana é relacionada ao “relativismo do conhecimento ou
gnosiológico”. Segundo Protágoras, o conhecimento racional é absoluto, enquanto
o sensível, é relativo.
Vejamos o relativismo na filosofia aristotélica e contemporânea.
Na filosofia aristotélica são relativas as coisas cujo ser depende
de outras. Nesse conceito, o relativo é oposto ao absoluto, isto é, que existe
por si mesmo. Absoluto, portanto, é a Causa sem causa, enquanto o relativo é
uma consequência proveniente de uma causa e que depende dela para ser
explicada. O absoluto é autossuficiente, enquanto o relativo, não. O absoluto
corresponde à existência de Deus e o relativo aos seres
criados. Modernamente, no entanto, o relativismo é a teoria que nega a
existência de qualquer teoria, regra, moral, ética ou qualquer outro tipo
de verdade que assuma para si o postulado de absoluto, inequívoco ou
transcendente.
O relativismo, como observamos nos conceitos anteriores, assume
diversas categorias ou classificações. Entre elas destacamos:
Relativismo Cognitivo (Conhecimento relativo)
Segundo o relativismo cognitivo, gnosiológico ou do conhecimento,
toda opinião é justificável em razão de suas respectivas evidências. Não existe
qualquer questão objetiva as quais um conjunto de normas deva ser aceito. O
ateu, por exemplo, está certo por negar a existência de Deus; o cristão está
correto ao afirmar que Deus existe. O conhecimento do primeiro é
materialista ou naturalista, o do segundo, teológico ou teleológico. No
entanto, todas as duas opiniões são relativas. Não se pode assegurar qual das
duas é absolutamente verdadeira. Mas, observemos que uma afirmação nega a
outra. Portanto,
as duas não podem estar certas. Uma está correta enquanto a outra está
equivocada. Uma atesta de acordo com a verdade, enquanto outra, segundo a
mentira. O relativismo, por conseguinte, é contraditório. De
acordo com esta corrente, todas as formas de conhecimento são relativas ao
mesmo tempo em que não explicam a toda realidade ou verdade, mas delas, apenas
possuem partes ou relampejos.
Relativismo Ético (Ética relativa)
O relativismo ético acredita que nada é objetivamente mau ou bom,
e que a definição de bem ou de mal, depende de um ponto de vista particular da
cultura ou de um período histórico. Segundo os relativistas, a moral e a ética
são determinadas por condições mutáveis, diferentes e contraditórios. Portanto,
não se pode absolutizar o conceito de bom ou mau, bem ou mal. Não existe
qualquer critério absoluto de moralidade ou ética;
logo, qualquer norma ética e moral são arbitrárias e
inconsistentes.
Relativismo Radical (Ceticismo)
O relativismo radical é a posição assumida pela corrente
filosófica conhecida como “ceticismo”. Segundo o ceticismo o homem não pode
chegar a qualquer conhecimento objetivo, quer nos domínios das verdades de
ordem geral, quer no de algum determinado domínio do conhecimento. Para o
cético, tudo é relativo, pois não é possível afirmar com certeza sobre qualquer
possível verdade.
Apesar da teoria relativista de nosso tempo, o cristianismo ensina
os valores absolutos. Os princípios e valores cristãos são
opostos às normas e valores do mundo. Em primeiro lugar porque nós, os
cristãos, cremos na existência de um só Deus, cujas leis regem não apenas o
Universo, mas nossas vidas, planos e vontade. A cultura mundana, no entanto, nega
a existência de Deus, ou então vive como se Deus não existisse (Sl 14; 53). Os
valores cristãos possuem, pelo menos, três características principais. São
universais, absolutos e imutáveis, pois procedem da vontade do Deus Pessoal
Absoluto, Imutável e Universal. Vejamos em pormenor.
Universal. Os valores cristãos são
universais em função de estarem fundamentados na moral divina. Nosso Deus é um
ser moral. Os atributos divinos atestam que o Senhor é santo (Lv 11.44; 1 Sm
2.2), justo (2 Cr 12.6; Ed 9.15), bom (Sl 25.8; 54.6), e verdadeiro (Jr 10.10;
Jo 3.33). Portanto, Ele é o padrão moral daquilo que é santo – oposto ao pecado
–, daquilo que é justo – oposto a injustiça –, daquilo que é bom – oposto ao
que é mau, e daquilo que é verdadeiro – oposto a mentira. Tudo o que é puro,
justo, bom e verdadeiro têm sua origem no caráter moral de Deus. Logo, os
valores morais são universais porque procedem de um Legislador Moral universal.
Absoluto. Absoluto é
aquilo que não depende de outra coisa, mas existe por si mesmo. Os valores
cristãos são absolutos porque procedem de um Deus pessoal que não depende de
qualquer outro ser para existir. Ele é eterno (Dt 33. 27; Sl 10.16); existe por
si mesmo (Êx 3.14), e tem a vida em si mesmo (Jo 5.26). Deus também é absoluto porque
não está sujeito às épocas (1 Tm 1.17; 2 Pe 3.8; Jd 25). Ele governa
eternamente o Universo (Sl 45.6; 145.13), e, seu reinado é de justiça (Hb 1.8).
Portanto, as leis santas e justas de Deus são absolutas, porque procedem de um
Legislador Absoluto.
Imutável. Imutável é a qualidade daquilo
que não muda. Os valores cristãos são imutáveis porque o Senhor Deus é
imutável. Ele não muda (1 Cr 29.10; Sl 90.2), é o mesmo em todas as épocas (Hb
13.8; Tg 1.17). Suas leis se conformam ao seu caráter moral, pois Ele é fiel (2
Tm 2.13). Portanto, os valores cristãos são imutáveis porque estão
fundamentados no caráter perfeito e imutável de Deus.
Lembremos que:
A verdade é absoluta, mas o conhecimento que os homens possuem
sobre ela pode ser relativo. Até fins da Idade Média, as
autoridades eclesiásticas de então, acreditavam, fundamentado no livro de
Josué, que a Terra era o centro do Universo. Outros, acreditavam que a Terra
era plana e que os mares eram habitados por serpentes aladas, sereias e outros
terríveis monstros. No Iluminismo e na época contemporânea, sabe-se que a Terra
é que circula em torno do Sol e, não o contrário. Que a Terra é uma esfera e
não um cubo. O que mudou? A verdade ou o conhecimento do homem sobre ela? A
Terra não mudou de cubo para esfera ou passou a girar em torno do Sol. O nosso
conhecimento que mudou, passando de falso para verdadeiro e, não a absoluta
verdade de que a Terra é uma esfera e que circula ao redor do Sol.
A verdade é absoluta, não existem verdades relativas. A verdade de uma sentença matemática é universal: 5 + 5 = 10, isto
em qualquer lugar a todas as pessoas. A verdade é absoluta ou veraz. A palavra
veraz é a raiz da palavra “veracidade”, que significa “verdade”, ou aquilo que
é sempre verdadeiro, sem qualquer sombra de dúvida. Quando você aprendeu a
simples verdade de que 2+2=4, o seu professor estava falando com uma autoridade
veraz. Este é um fato que não tem que ser arbitrado, discutido ou justificado.
Ele é verdadeiro. É uma declaração irrefutável de um fato matemático. Como no
exemplo acima, qualquer coisa que é verdadeira possui autoridade pelo fato de
ser verdadeira. O apóstolo Paulo reconheceu isto: “Porque nada podemos contra a
verdade... “ (2 Co 13.8).
A verdade tem Autoridade. Rejeitar a verdade é incorrer em julgamento: “Para que sejam
julgados todos os que não creram na verdade (...)” (2 Ts 2.12). Deus,
o Pai, fala a Verdade: Deus sempre diz a verdade; portanto, as palavras dele
têm autoridade veraz: “Deus não é homem, para que minta... porventura diria
ele, e não o faria? Ou falaria e não o confirmaria” (Nm 23.19). A
Bíblia é a Autoridade Veraz: É uma autoridade maior que qualquer posição na
Igreja, na Ciência ou na Filosofia. (cf. Is 8.1). Deus engrandeceu o seu
próprio nome e a sua Palavra acima de todas as coisas (Sl 138.2).
Filosofia e Religião
A descrença religiosa dos filósofos
Na filosofia, a religião não desfruta de uma
definição unívoca. Os filósofos ocidentais a definiram de modo distinto e
controverso. Uns criticaram acidamente a religião enquanto outros
a conceituaram de modo positivo.
Entre os que se opuseram à religião
encontramos FEUERBACH, que a considerava uma invenção humana que
se origina na fobia, no medo; KARL MARX, a definiu como "ópio para o
povo"; uma invenção da sociedade capitalista para exploração e um
instrumento de evasão para os oprimidos e de justificação para os opressores; COMTE, patrono do positivismo, ao descrever as vias do conhecimento
humano (religiosa, metafísica e científica), classificou a religião como um
estágio de ignorância, ultrapassada pela ciência; já NIETZSCHE, que afirmara a “morte de Deus”, mas nunca apresentou a certidão
de óbito, considerava a religião um empecilho ao desenvolvimento do
super-homem. A teoria resistiu até mesmo após a mudança ortográfica! FREUD criticou a
posição dos filósofos anteriores e acreditava que a religião era um processo de
sublimação de uma luta primordial entre os membros do clã doméstico. Para
Freud, Deus é uma projeção da culpa familiar e a religião uma neurose obsessiva
universal da humanidade, isto é, "um delito coletivo". HEIDEGGER, por sua vez, sustentava que a filosofia não pode falar
positivamente a respeito de Deus e da religião.
O fato de os filósofos da
descrença negarem a religião não reduziu o seu valor e muito menos sua presença
na mundanidade. Eles talharam a lápide, convocaram a elegia fúnebre, mas o
defunto nunca compareceu ao enterro!
Hoje, entretanto, o
desafio não é o da negação, mas da relativização da religião e do sagrado
difuso, hedonista e unidimensional.
Visão escatológica do progresso
Visão da história e progresso na obra dos filósofos e artistas
Paul Klee, o mestre da escola Bauhaus, deixou
à posteridade uma iconografia expressionista intitulada Angelus Novus. A pintura, por suas características rústicas, ilude o observador
desatento. Porém, não escapou à interpretação de um dos mais destacados
filósofos da Escola de Frankfurt, Walter Benjamin.
Em sua obra crítica, Teses Sobre a Filosofia da História (1940), Benjamin interpreta Angelus Novus de Klee como "um anjo a ponto de afastar-se para longe
daquilo que está olhando fixamente", com os olhos arregalados, boca aberta
e as asas estendidas. De acordo com a hermenêutica de Benjamin, o "anjo da
história" deve ter este aspecto. Para o filósofo, a visão que os homens
têm da história, como um encadeamento de acontecimentos racionais e positivos
é, na visão do anjo, uma catástrofe singular, que empilha incessantes escombros
diante de seus pés. Conclui, "o que chamamos de progresso é esta
tempestade".
O progresso intempestivo e inconsequente
mergulhou o homem num lamaçal de insegurança e desconfiança nos projetos rotos
da modernidade. O sucateamento das reservas hídricas, a ilógica ótica
industrialista predatória, e o progresso de rapinagem que depreda as florestas
colocando a vida humana e planetária em perigo, deixaram o homem pós-moderno
incerto acerca de seu presente e do futuro de suas gerações.
A visão pessimista da história e progresso humanos de Benjamin
só pode ser comparada à Ópera dos três vinténs, de Bertolt Brecht, que afirma em um
dos versetos: "Pensa na escuridão e no grande frio que reinam nesse vale,
onde soam lamentos."
Um futuro lúgubre e gélido, onde se
encontram a dor e o lamento, já manifestos no presente histórico. Na pena dos
artistas e filósofos, a visão escatológica da história semelha-se às denúncias
dos profetas e apocalíptica cristã. A constatação óbvia por todos os
observadores nacionais e internacionais, tanto no passado como no presente, é
que o nosso mundo está enfermiço: pela avareza, ingratidão e violência e, como
consequência, o planeta e suas reservas naturais estão comprometidos pela
ganância de seu inquilino.
Os cristãos, nós não somos contrários ao
progresso. Mas nos opomos à cultura industrial rapinante que hipoteca o futuro
das próximas gerações. Somos mordomos, administradores desse lindo e
maravilhoso lar ofertado pelo Criador! Não se pode salvar a terra, se primeiro
não sararmos o homem. O homem, para ser verdadeiramente curado das mazelas que
o aflige, necessita ser curado definitivamente da doença ignorada pela ciência,
não reconhecida pela psicologia e desprezada pela educação, o pecado. Não é
possível salvar o planeta se primeiro o homem não for salvo!
Teologia e Reducionismo Antropológico
As dimensões da natureza humana: mundanidade e espiritualidade
O eminente teólogo holandês, Edward Schillebeeckx (1914-2009),
diante das ameaças do secularismo e do existencialismo, buscou resgatar a
dimensão religiosa do homem de seu tempo. Schillebeeckx defendia o conceito de
que o homem é antes de tudo um ser-no-mundo, mas que transcende o mundo tanto
no plano horizontal, como também em uma trans-ascendência, definida pelo
teólogo como uma abertura para Deus.
Schillebeeckx lutava contra a indiferença religiosa de seu tempo que, fundamentada no existencialismo heideggeriano e no secularismo, reduzia o homem às dimensões física, lógica e mundana sem qualquer abertura para Deus. Em sua antropologia teológica entendia que o ser não pode ser reduzido à horizontalidade com o mundo, ao plano da mundanidade, limitado à concepção da filosofia do Dasein – ser-aí. Mesmo que ser-aí implique em uma abertura e possibilidade para o mundo, não pode o homem ser particularizado às dimensões terrenal e secular. O homem não se reduz à matéria e mundanidade, mas sublima a horizontalidade na verticalidade, entendida como uma abertura para Deus.
O existencialismo e secularismo afirmavam o fim da metafísica e a independência do homem de sua dimensão espiritual, o início do engajamento humano nas realidades existenciais e terrenas, e a indiferença religiosa. Schillebeeckx, no entanto, afirmava a existência e realidades terrenas (ser-no-mundo), mas enfatizava a trans-ascendência do homem sobre o mundo ao abrir-se para Deus. O homem não se reduz a ser-no-mundo, mas transcende os limites terrenos através de sua verdadeira identidade e dimensão espiritual.
Para compreendermos essa assertiva, permita-me o letor a uma breve digressão. Segundo a Bíblia, na criação entraram em processo duas importantes dimensões humanas: a mundanidade e a transcendência. Criado do “pó da terra” e posto em um paraíso terreno, o ser-aí estava aberto para se lançar compreensivelmente sobre o seu mundo; aberto à descoberta, cultura, ciência, existência e humores, entretanto, não estava reduzido à mundanidade.
A dimensão terrena foi criada a partir de matéria já presente na criação, tornando o homem um ser terrenal. Todavia, o fôlego de vida, a natureza e verdadeira identidade do homem, os elementos que o constituem diferente de todos os seres vivos, não foram criados por mediação (matéria existente), mas por imediação e doação graciosa. Deus soprou em suas narinas o fôlego de vida e o homem foi feito ser vivente – cônscio de si, do mundo (horizontalidade) e de Deus (verticalidade). Foi uma doação livre, espontânea. Deus tirou de si e doou ao homem. Criaram-se, por originação, a real identidade e natureza do homem. O homem foi criado aberto para o mundo e para Deus. Portanto, limitar o homem à dimensão terrenal é reducionismo antropológico.
Portanto, é necessário que a teologia cristã resgate a dimensão religiosa do homem e vença a indiferença religiosa de nosso tempo. A história encarregou-se de provar que as teorias filosóficas, psicológicas, sociológicas ou antropológicas, entre muitas outras correntes do pensamento humano, de fato, à parte das Sagradas Escrituras, não são capazes de responder as mais profundas indagações existenciais do homem moderno. O problema não se circunscreve à exterioridade: falta de moradias, de educação, de trabalho, de cultura, mas à interioridade, ao distanciamento do homem de seu Criador. Longe do Criador restaram ao homem apenas o vazio e a espera. O vazio em razão de perder o sentido da vida autêntica dada por Cristo, e a espera, porque vive na expectativa de amuletos tecnológicos e religiosos que preencham o vazio existencial. O vazio e a inquietação humana serão plenamente preenchidos e satisfeitos na relação certa com o Criador, através de Cristo – a pessoa divino-humana.
Em 1968 Schillebeeck foi alvo de processo da Congregação para a Doutrina da Fé em razão de sua defesa positiva e aproximação com o secularismo, mas isso é outra história.....
Schillebeeckx lutava contra a indiferença religiosa de seu tempo que, fundamentada no existencialismo heideggeriano e no secularismo, reduzia o homem às dimensões física, lógica e mundana sem qualquer abertura para Deus. Em sua antropologia teológica entendia que o ser não pode ser reduzido à horizontalidade com o mundo, ao plano da mundanidade, limitado à concepção da filosofia do Dasein – ser-aí. Mesmo que ser-aí implique em uma abertura e possibilidade para o mundo, não pode o homem ser particularizado às dimensões terrenal e secular. O homem não se reduz à matéria e mundanidade, mas sublima a horizontalidade na verticalidade, entendida como uma abertura para Deus.
O existencialismo e secularismo afirmavam o fim da metafísica e a independência do homem de sua dimensão espiritual, o início do engajamento humano nas realidades existenciais e terrenas, e a indiferença religiosa. Schillebeeckx, no entanto, afirmava a existência e realidades terrenas (ser-no-mundo), mas enfatizava a trans-ascendência do homem sobre o mundo ao abrir-se para Deus. O homem não se reduz a ser-no-mundo, mas transcende os limites terrenos através de sua verdadeira identidade e dimensão espiritual.
Para compreendermos essa assertiva, permita-me o letor a uma breve digressão. Segundo a Bíblia, na criação entraram em processo duas importantes dimensões humanas: a mundanidade e a transcendência. Criado do “pó da terra” e posto em um paraíso terreno, o ser-aí estava aberto para se lançar compreensivelmente sobre o seu mundo; aberto à descoberta, cultura, ciência, existência e humores, entretanto, não estava reduzido à mundanidade.
A dimensão terrena foi criada a partir de matéria já presente na criação, tornando o homem um ser terrenal. Todavia, o fôlego de vida, a natureza e verdadeira identidade do homem, os elementos que o constituem diferente de todos os seres vivos, não foram criados por mediação (matéria existente), mas por imediação e doação graciosa. Deus soprou em suas narinas o fôlego de vida e o homem foi feito ser vivente – cônscio de si, do mundo (horizontalidade) e de Deus (verticalidade). Foi uma doação livre, espontânea. Deus tirou de si e doou ao homem. Criaram-se, por originação, a real identidade e natureza do homem. O homem foi criado aberto para o mundo e para Deus. Portanto, limitar o homem à dimensão terrenal é reducionismo antropológico.
Portanto, é necessário que a teologia cristã resgate a dimensão religiosa do homem e vença a indiferença religiosa de nosso tempo. A história encarregou-se de provar que as teorias filosóficas, psicológicas, sociológicas ou antropológicas, entre muitas outras correntes do pensamento humano, de fato, à parte das Sagradas Escrituras, não são capazes de responder as mais profundas indagações existenciais do homem moderno. O problema não se circunscreve à exterioridade: falta de moradias, de educação, de trabalho, de cultura, mas à interioridade, ao distanciamento do homem de seu Criador. Longe do Criador restaram ao homem apenas o vazio e a espera. O vazio em razão de perder o sentido da vida autêntica dada por Cristo, e a espera, porque vive na expectativa de amuletos tecnológicos e religiosos que preencham o vazio existencial. O vazio e a inquietação humana serão plenamente preenchidos e satisfeitos na relação certa com o Criador, através de Cristo – a pessoa divino-humana.
Em 1968 Schillebeeck foi alvo de processo da Congregação para a Doutrina da Fé em razão de sua defesa positiva e aproximação com o secularismo, mas isso é outra história.....
Discernimento em tempos modernos
O desafio de discernir os modelos culturais modernos
O termo discernir, do hebraico nākar e do grego diakrinō, quer dizer "distinção”, “separação”, “julgar”; isto é,
“fazer distinção”, “fazer separação”. O termo hebraico aparece pela
primeira vez em Gênesis 27.23, no contexto em que Isaque é enganado por Rebeca
e Jacó. O vocábulo é traduzido por “não o conheceu” (RC) ou “não o reconheceu”
(RA). Na passagem em apreço, o termo significa literalmente “discernir algo por
alto”. Contudo, outros vocábulos hebraicos traduzem o sentido considerado: sāpat(Êx
18.16); shama (2 Sm
14.17); yada (2 Sm 19.35); nākar (Ed 3.13), entre outros. Todos com o sentido
que diz respeito à percepção, compreensão e julgamento (Jó 6.30; Sl 19.12; Ez
44.23; Jn 4.11).
No grego do Novo Testamento, a palavra diakrinō aparece dezoito vezes com o sentido de “julgar”, “discernir”, “fazer distinção”, “separar”. O termo descreve tanto o discernimento das coisas naturais quanto das espirituais. Nas páginas de o Novo Testamento o termo, ao que parece, é citado pela primeira vez em Mateus 16.3 (RC) aludindo ao “discernimento” dos tempos e estações naturais. Porém, o vocábulo não se restringe apenas a essa observação, mas prolonga-se no versículo, pois a supressão do vocábulo na parte seguinte pressupõe o seu uso: “...sabeis diferençar a face do céu e não conheceis os sinais dos tempos?”. Portanto, há o uso combinado de ginōskete diakrinein, isto é, “sabeis discernir”, nas duas sentenças: “sabeis discernir a face do céus”; “não sabeis discernir os sinais dos tempos”. Confira, por exemplo, o texto da RA “Sabeis, na verdade, discernir o aspecto do céu e não podeis discernir os sinais dos tempos?”.
No texto de 1 Coríntios 11.31, o vocábulo é usado em relação ao autojulgamento do crente: “Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos [heautous diekrinomen], não seríamos julgados”. Trata-se, na verdade, da auto-análise que o crente faz de si mesmo e, mediante a qual, participa conscienciosamente da Ceia do Senhor. Todavia, há outros que assentam-se à mesa do Senhor sem discerni-lhe o corpo: “Porque o que come e bebe indignamente come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo [diakrinōn to sōma] do Senhor”.
O discernimento pode manifestar-se também como um conhecimento sobrenatural que o Espírito Santo concede a determinados membros do Corpo de Cristo para julgar ou discernir os espíritos: “...e a outro, o dom de discernir os espíritos [diakriseis pneumatōn]...”. O discernimento de espíritos, aludido no presente texto, é um dos extraordinários dons que concede ao crente a capacidade de discernir os espíritos, julgar as profecias e as motivações cristãs, entre outras espetaculares manifestações. Embora certos membros do Corpo de Cristo possuam este dom, todos os crentes são desafiados a “provar se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1 Jo 4.1). O termo joanino para “provar”, não é diakrinō, mas dokimadzō, isto é, “colocar em prova”, “testar” ou “examinar”. Não somos escusados de frisar, que este último procede da raiz dok, cujo sentido é “perceber”, “pensar”, “pressupor”, “crer”. Traz a ideia de estar convencido de que isto ou aquilo está errado ou certo. Também pressupõe chegar a certeza das coisas mediante a repetidos testes. Portanto, somos advertidos e orientados pela Palavra de Deus a julgar a procedência das motivações humanas, das profecias, dos movimentos de caráter messiânico entre outros.
O discernimento, portanto, é uma capacidade do crente maduro de acordo com Hebreus 5.14: “Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal”. O crente maduro, no original teleiōn, é aquele que tem as suas faculdades cognitivas exercitadas na piedade e doutrina cristãs. Este é capaz de separar, julgar, testar, distinguir ou discernir tanto o bem como o mal [diakrisin kalou te kai kakou]. O termo kalōs, traduzido neste texto por “bem”, trata-se da capacidade para discernir a qualidade das ações morais humanas que lhes confere um caráter moral correto, bom ou útil. Já, o vocábulo kakōs, significa literalmente “erradamente”, “impiamente”, “mal”, ou seja, tudo o que se opõe à virtude, à probidade, à honra. Nesse âmbito, o crente é desafiado a discernir a cultura, a mídia, a política, a educação, a religião, comparando e confrontando-os com os postulados das Sagradas Escrituras.
Vejamos em perspectiva:
Mídia:
O crente é desafiado a discernir a indústria de entretenimento de seu tempo. Muitos produtores de filmes, novelas e outros tipos de programas de entretenimento não possuem qualquer tipo de compromisso com os valores morais e com as Sagradas Escrituras.
No grego do Novo Testamento, a palavra diakrinō aparece dezoito vezes com o sentido de “julgar”, “discernir”, “fazer distinção”, “separar”. O termo descreve tanto o discernimento das coisas naturais quanto das espirituais. Nas páginas de o Novo Testamento o termo, ao que parece, é citado pela primeira vez em Mateus 16.3 (RC) aludindo ao “discernimento” dos tempos e estações naturais. Porém, o vocábulo não se restringe apenas a essa observação, mas prolonga-se no versículo, pois a supressão do vocábulo na parte seguinte pressupõe o seu uso: “...sabeis diferençar a face do céu e não conheceis os sinais dos tempos?”. Portanto, há o uso combinado de ginōskete diakrinein, isto é, “sabeis discernir”, nas duas sentenças: “sabeis discernir a face do céus”; “não sabeis discernir os sinais dos tempos”. Confira, por exemplo, o texto da RA “Sabeis, na verdade, discernir o aspecto do céu e não podeis discernir os sinais dos tempos?”.
No texto de 1 Coríntios 11.31, o vocábulo é usado em relação ao autojulgamento do crente: “Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos [heautous diekrinomen], não seríamos julgados”. Trata-se, na verdade, da auto-análise que o crente faz de si mesmo e, mediante a qual, participa conscienciosamente da Ceia do Senhor. Todavia, há outros que assentam-se à mesa do Senhor sem discerni-lhe o corpo: “Porque o que come e bebe indignamente come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo [diakrinōn to sōma] do Senhor”.
O discernimento pode manifestar-se também como um conhecimento sobrenatural que o Espírito Santo concede a determinados membros do Corpo de Cristo para julgar ou discernir os espíritos: “...e a outro, o dom de discernir os espíritos [diakriseis pneumatōn]...”. O discernimento de espíritos, aludido no presente texto, é um dos extraordinários dons que concede ao crente a capacidade de discernir os espíritos, julgar as profecias e as motivações cristãs, entre outras espetaculares manifestações. Embora certos membros do Corpo de Cristo possuam este dom, todos os crentes são desafiados a “provar se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1 Jo 4.1). O termo joanino para “provar”, não é diakrinō, mas dokimadzō, isto é, “colocar em prova”, “testar” ou “examinar”. Não somos escusados de frisar, que este último procede da raiz dok, cujo sentido é “perceber”, “pensar”, “pressupor”, “crer”. Traz a ideia de estar convencido de que isto ou aquilo está errado ou certo. Também pressupõe chegar a certeza das coisas mediante a repetidos testes. Portanto, somos advertidos e orientados pela Palavra de Deus a julgar a procedência das motivações humanas, das profecias, dos movimentos de caráter messiânico entre outros.
O discernimento, portanto, é uma capacidade do crente maduro de acordo com Hebreus 5.14: “Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal”. O crente maduro, no original teleiōn, é aquele que tem as suas faculdades cognitivas exercitadas na piedade e doutrina cristãs. Este é capaz de separar, julgar, testar, distinguir ou discernir tanto o bem como o mal [diakrisin kalou te kai kakou]. O termo kalōs, traduzido neste texto por “bem”, trata-se da capacidade para discernir a qualidade das ações morais humanas que lhes confere um caráter moral correto, bom ou útil. Já, o vocábulo kakōs, significa literalmente “erradamente”, “impiamente”, “mal”, ou seja, tudo o que se opõe à virtude, à probidade, à honra. Nesse âmbito, o crente é desafiado a discernir a cultura, a mídia, a política, a educação, a religião, comparando e confrontando-os com os postulados das Sagradas Escrituras.
Vejamos em perspectiva:
Mídia:
O crente é desafiado a discernir a indústria de entretenimento de seu tempo. Muitos produtores de filmes, novelas e outros tipos de programas de entretenimento não possuem qualquer tipo de compromisso com os valores morais e com as Sagradas Escrituras.
Política:
O cristão exerce dupla cidadania – celeste e secular. É desafiado, portanto, a viver como cidadão dos céus, membro da família dos santos, mas sem deixar de relacionar-se com o contexto social que lhe é próprio. Neste sentido, deve exercer sua cidadania secular, participando como cristão das responsabilidades sociais que lhe cabe. É necessário e plausível que o cristão discirna entre os partidos políticos e candidatos que disputam entre si pelo voto da igreja. Que valores defendem? O que pensam seus candidatos sobre o aborto, a igreja, a família? Quais as motivações que os levam ao pleito? Essas questões são pertinentes aos desafios da igreja hodierna.
Entretenimento:
O homem é um ser lúdico. Se compraz em atividades que despertam sentimentos de bem-estar, quietude, divertimento. Mas, quais são os entretenimentos apropriados para os cidadãos celestes? Que tipo de ocupação lúdica merece o precioso tempo dos cristãos? O cristão é desafiado, diante da atual indústria de entretenimento, a discernir as atividades lúdicas de nosso tempo. Muitas denominações cristãs têm cometido equívocos e extravagâncias neste ponto.
Religiosa:
O contexto religioso atual exige que o crente exerça mais do que nunca, o modelo discernente de Daniel e de seus companheiros diante do politeísmo babilônico. Quando se trata de religiões politeístas, antropomórficas ou animistas, o cristão prontamente as rejeita. Mas quando está em voga uma pseudodoutrina, que mistura o sentido correto de um texto bíblico com uma aplicação errônea, ou vice-versa, muitos crentes sucumbem. Outros correm atrás de doutrinas e ensinos espetaculares, de novidades, de shows motivacionais que em sua maioria torcem a cruz de Cristo. Imagens religiosas que choram, que soltam raios, falsos cristos e profetas, falsas campanhas espirituais que prometem o céu na terra, terrenos no paraíso, entre outras mentiras materialistas, desafiam o crente fiel.
Visto que o crente santo e fervoroso, aspira por uma experiência que o eleve acima da mediocridade espiritual tão comum em tempos pós-modernos, é ele, e não os indolentes, quem mais necessita do discernimento espiritual.
O cristão exerce dupla cidadania – celeste e secular. É desafiado, portanto, a viver como cidadão dos céus, membro da família dos santos, mas sem deixar de relacionar-se com o contexto social que lhe é próprio. Neste sentido, deve exercer sua cidadania secular, participando como cristão das responsabilidades sociais que lhe cabe. É necessário e plausível que o cristão discirna entre os partidos políticos e candidatos que disputam entre si pelo voto da igreja. Que valores defendem? O que pensam seus candidatos sobre o aborto, a igreja, a família? Quais as motivações que os levam ao pleito? Essas questões são pertinentes aos desafios da igreja hodierna.
Entretenimento:
O homem é um ser lúdico. Se compraz em atividades que despertam sentimentos de bem-estar, quietude, divertimento. Mas, quais são os entretenimentos apropriados para os cidadãos celestes? Que tipo de ocupação lúdica merece o precioso tempo dos cristãos? O cristão é desafiado, diante da atual indústria de entretenimento, a discernir as atividades lúdicas de nosso tempo. Muitas denominações cristãs têm cometido equívocos e extravagâncias neste ponto.
Religiosa:
O contexto religioso atual exige que o crente exerça mais do que nunca, o modelo discernente de Daniel e de seus companheiros diante do politeísmo babilônico. Quando se trata de religiões politeístas, antropomórficas ou animistas, o cristão prontamente as rejeita. Mas quando está em voga uma pseudodoutrina, que mistura o sentido correto de um texto bíblico com uma aplicação errônea, ou vice-versa, muitos crentes sucumbem. Outros correm atrás de doutrinas e ensinos espetaculares, de novidades, de shows motivacionais que em sua maioria torcem a cruz de Cristo. Imagens religiosas que choram, que soltam raios, falsos cristos e profetas, falsas campanhas espirituais que prometem o céu na terra, terrenos no paraíso, entre outras mentiras materialistas, desafiam o crente fiel.
Visto que o crente santo e fervoroso, aspira por uma experiência que o eleve acima da mediocridade espiritual tão comum em tempos pós-modernos, é ele, e não os indolentes, quem mais necessita do discernimento espiritual.
3 comentário
Adoração aos Anjos
Os anjos na liturgia da igreja cristã
Haziel, Caliel, Lecabel, Manakel, Mumiah,
Ierathel, Omael, Mitzrael, estes são apenas oito nomes de anjos de uma classe
de setenta e dois retirados da Cabala Judaica e dispostos no livro Anjos Cabalísticos de Mônica Buonfiglio que, aliás, à época de sua publicação, vendia
cerca de três mil exemplares por dia!
Cada um desses anjos, assim como os signos do zodíaco, estão classificados e relacionados aos meses e aos dias da semana, a fim de que os consulentes descubram o seu “anjo da guarda” e a ele preste culto, de acordo com sua data de nascimento. Exércitos de pessoas foram arrebanhadas por essa “nova ordem” cúltica dos fins dos tempos.
Os anjos são invocados, pessoas pregam em nome deles, ministram terapias e evocam curas através de seus poderes. Afirma-se que estão mais próximos de nós do que Deus, e que resolveram revelar-se no fim dos tempos para ajudar a humanidade. O sol ainda não havia se posto no horizonte do ceticismo quando foi eclipsado pelas crenças desenfreadas nos gnomos, duendes e pedras energéticas e, agora, ao que parece, nos anjos.
O sofisma esotérico de que os anjos estão mais próximos de nós do que Deus, e por isso, são intermediadores entre o mundo espiritual e terrenal, não é novo. Na igreja em Colossos (2.18) Paulo debatia contra as religiões de mistério da antiga Grécia que afirmavam que os demiurgos ou aeons(seres espirituais entre os homens e Deus) estavam mais próximos de nós do que Deus. Os gnósticos tentaram introduzir esse falso ensino na igreja cristã. Os iniciados, os conhecedores dos mistérios mais profundos, eram os que cultuavam e reverenciavam os seres angélicos. Na cidade de Colossos, todos conheciam a lenda de que o arcanjo Miguel era o responsável pela existência do rio Lico. Por essa razão, um templo fora construído em sua homenagem às margens do rio da cidade.
Justino Mártir (século II) informa-nos de que alguns crentes veneravam as hostes dos anjos bons. No século IV, o culto aos anjos tornou-se uma prática generalizada entre a cristandade, da qual o arcanjo Miguel era o anjo principal. A proeminência dos seres angélicos nota-se até mesmo na arte da Igreja Medieval, principalmente no período lúgubre da Igreja, descrita pelos iluministas como a “Era das Trevas”.
Na modernidade ainda jorra um filete acanhado dessa vertente gnóstica nalgumas igrejas cristãs, principalmente pentecostais e neopentecostais. Nessas comunidades, a declaração da presença de um anjo ou uma visão deste arrebata freneticamente os cristãos, muito mais do que a exposição das Escrituras Sagradas. Nessas combalidas comunidades os anjos são canonizados através dos cânticos, dos chavões, da linguagem mítica e hierofânica. Os membros de algumas dessas igrejas são incentivados a terem experiências místicas com seres celestes – evoca-se mais a presença deles do que a do próprio Cristo que os criou (Cl 1.16,17; 2.18). É a igreja perdendo a direção e prioridade na modernidade tardia (Ef 3.10). Todavia, Paulo advertiu a igreja que estava em Colossos contra o culto aos anjos, e principalmente a respeito dos mestres e pregadores itinerantes que, sob a máscara da humildade, deturpavam o direito do próprio Deus – o culto, adoração.
O Apóstolo João, que recebeu na História da Igreja a alcunha de “o Divino”, por ser considerado o mais espiritual e místico dentre os apóstolos, no esplendor da glória que lhe havia sido revelada no Apocalipse, foi repreendido por duas vezes por um anjo, ao prostrar-se aos pés do que lhe falava a fim de adorá-lo: “Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus.” (Ap 19.10 cf. Ap 22.8,9). Isto confirma que os anjos são seres criados, conservos daqueles que guardam o testemunho de Cristo, espíritos que ministram a favor dos que herdarão a vida eterna, e por isso, não devem ser adorados. A verdadeira espiritualidade está na adoração centrada em Deus e somente nEle.
Cabem aqui as sensatas palavras de William Baker que afirmou: “Existe uma única maneira de desmitologizar as fantasias populares a respeito dos anjos – voltar à realidade bíblica”. Não me admiro de que o mundo não conheça a doutrina bíblica dos anjos, pois os próprios crentes a têm ignorado.
Cada um desses anjos, assim como os signos do zodíaco, estão classificados e relacionados aos meses e aos dias da semana, a fim de que os consulentes descubram o seu “anjo da guarda” e a ele preste culto, de acordo com sua data de nascimento. Exércitos de pessoas foram arrebanhadas por essa “nova ordem” cúltica dos fins dos tempos.
Os anjos são invocados, pessoas pregam em nome deles, ministram terapias e evocam curas através de seus poderes. Afirma-se que estão mais próximos de nós do que Deus, e que resolveram revelar-se no fim dos tempos para ajudar a humanidade. O sol ainda não havia se posto no horizonte do ceticismo quando foi eclipsado pelas crenças desenfreadas nos gnomos, duendes e pedras energéticas e, agora, ao que parece, nos anjos.
O sofisma esotérico de que os anjos estão mais próximos de nós do que Deus, e por isso, são intermediadores entre o mundo espiritual e terrenal, não é novo. Na igreja em Colossos (2.18) Paulo debatia contra as religiões de mistério da antiga Grécia que afirmavam que os demiurgos ou aeons(seres espirituais entre os homens e Deus) estavam mais próximos de nós do que Deus. Os gnósticos tentaram introduzir esse falso ensino na igreja cristã. Os iniciados, os conhecedores dos mistérios mais profundos, eram os que cultuavam e reverenciavam os seres angélicos. Na cidade de Colossos, todos conheciam a lenda de que o arcanjo Miguel era o responsável pela existência do rio Lico. Por essa razão, um templo fora construído em sua homenagem às margens do rio da cidade.
Justino Mártir (século II) informa-nos de que alguns crentes veneravam as hostes dos anjos bons. No século IV, o culto aos anjos tornou-se uma prática generalizada entre a cristandade, da qual o arcanjo Miguel era o anjo principal. A proeminência dos seres angélicos nota-se até mesmo na arte da Igreja Medieval, principalmente no período lúgubre da Igreja, descrita pelos iluministas como a “Era das Trevas”.
Na modernidade ainda jorra um filete acanhado dessa vertente gnóstica nalgumas igrejas cristãs, principalmente pentecostais e neopentecostais. Nessas comunidades, a declaração da presença de um anjo ou uma visão deste arrebata freneticamente os cristãos, muito mais do que a exposição das Escrituras Sagradas. Nessas combalidas comunidades os anjos são canonizados através dos cânticos, dos chavões, da linguagem mítica e hierofânica. Os membros de algumas dessas igrejas são incentivados a terem experiências místicas com seres celestes – evoca-se mais a presença deles do que a do próprio Cristo que os criou (Cl 1.16,17; 2.18). É a igreja perdendo a direção e prioridade na modernidade tardia (Ef 3.10). Todavia, Paulo advertiu a igreja que estava em Colossos contra o culto aos anjos, e principalmente a respeito dos mestres e pregadores itinerantes que, sob a máscara da humildade, deturpavam o direito do próprio Deus – o culto, adoração.
O Apóstolo João, que recebeu na História da Igreja a alcunha de “o Divino”, por ser considerado o mais espiritual e místico dentre os apóstolos, no esplendor da glória que lhe havia sido revelada no Apocalipse, foi repreendido por duas vezes por um anjo, ao prostrar-se aos pés do que lhe falava a fim de adorá-lo: “Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus.” (Ap 19.10 cf. Ap 22.8,9). Isto confirma que os anjos são seres criados, conservos daqueles que guardam o testemunho de Cristo, espíritos que ministram a favor dos que herdarão a vida eterna, e por isso, não devem ser adorados. A verdadeira espiritualidade está na adoração centrada em Deus e somente nEle.
Cabem aqui as sensatas palavras de William Baker que afirmou: “Existe uma única maneira de desmitologizar as fantasias populares a respeito dos anjos – voltar à realidade bíblica”. Não me admiro de que o mundo não conheça a doutrina bíblica dos anjos, pois os próprios crentes a têm ignorado.
FONTE CPAD NEWS
A escola dominical dos ateus
Por que até os ateus também estão adotando escolas dominicais?
“Nas manhãs de domingo, a maioria dos pais que não acreditam no
Deus dos cristãos, ou em qualquer deus, provavelmente estarão tomando café da
manhã ou numa divertida partida de futebol com as crianças, ou fazendo alguma
tarefa doméstica ou, com sorte, dormindo. Sem religião, não há nenhuma
necessidade por igreja, certo? Talvez. Mas alguns não crentes estão começando a
achar que necessitam de algo para os seu filhos. Quando você tem crianças, diz
Julie Willey, uma engenheira de design, você começa a notar que seus colegas de
trabalho ou amigos têm uma igreja e se reunem para ajudar a ensinar os valores
às crianças. Assim todas as semanas, Willey que é budista e nunca acreditou em
Deus, e o marido dela colocam suas quatro crianças em uma minivan azul e vão ao
Centro da Comunidade Humanista em Palo Alto, Califórnia, para a escola
dominical ateísta” [i].
Assim inicia a matéria intitulada “Sunday School for Atheist” (Escola Dominical Ateísta), publicada na revista americana, Time, em que traz à evidência uma prática relativamente recente entre ateus norte-americanos, que é a escola dominical para os filhos de não crentes. O programa pioneiro ocorreu em Palo Alto, Califórnia, com expectativas de abertura de novos trabalhos em Phoenix, Albuquerque, Portland e outras localidades dos Estados Unidos. Segundo a revista, o movimento crescente de instituições para crianças de famílias de ateus também incluia acampamentos de verão em cinco estados mais Ontario, e a Academia Carl Sagan, na Flórida, a primeira escola pública Humanista do país que abriu com 55 crianças no outono de 2005.
O Programa Palo Alto Family, registra a revista, usa música, arte e discussão para encorajar expressão pessoal, curiosidade intelectual e colaboração. Em um domingo de outono, anotam, pode-se encontrar até uma dúzia de crianças de até 6 anos de idade e vários pais que tocam instrumentos de percussão e cantam hinos como “Ten Little Indians”, em vez de canções como “Jesus me ama”. Em vez de ouvirem história da Bíblia, a classe lê parábolas seculares.
ALGUMAS REFLEXÕES
Assim inicia a matéria intitulada “Sunday School for Atheist” (Escola Dominical Ateísta), publicada na revista americana, Time, em que traz à evidência uma prática relativamente recente entre ateus norte-americanos, que é a escola dominical para os filhos de não crentes. O programa pioneiro ocorreu em Palo Alto, Califórnia, com expectativas de abertura de novos trabalhos em Phoenix, Albuquerque, Portland e outras localidades dos Estados Unidos. Segundo a revista, o movimento crescente de instituições para crianças de famílias de ateus também incluia acampamentos de verão em cinco estados mais Ontario, e a Academia Carl Sagan, na Flórida, a primeira escola pública Humanista do país que abriu com 55 crianças no outono de 2005.
O Programa Palo Alto Family, registra a revista, usa música, arte e discussão para encorajar expressão pessoal, curiosidade intelectual e colaboração. Em um domingo de outono, anotam, pode-se encontrar até uma dúzia de crianças de até 6 anos de idade e vários pais que tocam instrumentos de percussão e cantam hinos como “Ten Little Indians”, em vez de canções como “Jesus me ama”. Em vez de ouvirem história da Bíblia, a classe lê parábolas seculares.
ALGUMAS REFLEXÕES
Como se percebe, vários pais não crentes entenderam a
importância de levarem seus filhos a escolas dominicais localizadas em centros
humanistas onde possam, segundo eles, aprender a refutar os argumentos
religiosos dos cristãos. Assim, a ED ateísta nasceu com o principal propósito
de ensinar as crianças como responder à maioria dos cristãos, segundo
princípios humanistas e seculares.
Ao tomarmos conhecimento desse fato, nós, cristãos, somos inundados por um sentimento de estranheza e perplexidade, é claro. Isso porque, bem sabemos, a essência dessa instituição está intimamente relacionada ao cristianismo, ao ensino bíblico e à crença inabalável em um Deus que criou todas as coisas.
Apesar disso, tal acontecimento deve ser observado de modo reflexivo, a fim de tirarmos algumas conclusões, tendo por base a indagação: Por que até os ateus também estão adotando escolas dominicais?
A NOVA PERSPECTIVA ATEÍSTA
Ao tomarmos conhecimento desse fato, nós, cristãos, somos inundados por um sentimento de estranheza e perplexidade, é claro. Isso porque, bem sabemos, a essência dessa instituição está intimamente relacionada ao cristianismo, ao ensino bíblico e à crença inabalável em um Deus que criou todas as coisas.
Apesar disso, tal acontecimento deve ser observado de modo reflexivo, a fim de tirarmos algumas conclusões, tendo por base a indagação: Por que até os ateus também estão adotando escolas dominicais?
A NOVA PERSPECTIVA ATEÍSTA
Em um primeiro enfoque, é preciso assentar que a ED ateísta é
decorrência de uma nova perspectiva por parte dos antiteístas (incrédulos,
ateus, agnósticos, céticos etc) da atualidade. O ateísmo (pós) moderno
difere-se em muito do ateísmo de um passado não muito distante. Se outrora eles
não faziam questão de expor abertamente suas idéias, hoje estão a defendê-las
de maneira ostensiva, baseados em uma visão de mundo eminentemente
secularizada.
Com efeito, vislumbra-se no atual contexto uma espécie de ativismo ateu. Nesse sentido, podemos citar um dos seus principais precursores, o ateu Richard Dawkins, o qual, por exemplo, encabeçou recentemente uma campanha publicitária em que a frase “Provavelmente Deus não existe; então, pare de se preocupar e aproveite sua vida” foi estampada em centenas de ônibus no Reino Unido. Dawkins, inclusive, em seu livro “Deus, um delírio”, não satisfeito em simplesmente defender suas idéias, faz questão ainda de tecer duras críticas direcionadas aos cristãos, chegando ao ponto de escrever que “Deus é um delinquente psicótico, inventando por pessoas loucas, iludidas”.
Nesse foco, uma ala mais fanática dos ateus estão a defender sua descrença com contornos de verdadeira religiosidade, tanto é assim que Alister McGrath no livro “O delírio de Dawkins”, escreve que “tal como um evangelista, Dawkins prega a seus devotos do ódio a Deus, os quais se deliciam com o bombardeio retórico e erguem as mãos, prazenteiros”… “os verdadeiros cientistas rejeitam a fé em Deus! Aleluia!”[ii].
Como anotou Ravi Zacharias[iii], infelizmente o ateísmo está vivo e é mortal. Mais perigoso ainda agora com nuanças de religiosidade materialista para quem o homem é o seu próprio Deus e a lógica científica a única forma de revelação. E assim como uma igreja que possui escola para a instrução, ensino, e fortalecimento da fé de todos os seus membros, o ateísmo da atualidade tem buscado também formas de educar as crianças segundo a visão ateísta
Ora, se o ateísmo contemporâneo adquiriu características de religião, a criação de ED para o ensino do pensamento ateu é realmente uma decorrência lógica (apesar de triste) dessa nova onda de incredulidade. É a educação para a descrença!
ESCOLA DOMINICAL: MODELO A SER COPIADO
Com efeito, vislumbra-se no atual contexto uma espécie de ativismo ateu. Nesse sentido, podemos citar um dos seus principais precursores, o ateu Richard Dawkins, o qual, por exemplo, encabeçou recentemente uma campanha publicitária em que a frase “Provavelmente Deus não existe; então, pare de se preocupar e aproveite sua vida” foi estampada em centenas de ônibus no Reino Unido. Dawkins, inclusive, em seu livro “Deus, um delírio”, não satisfeito em simplesmente defender suas idéias, faz questão ainda de tecer duras críticas direcionadas aos cristãos, chegando ao ponto de escrever que “Deus é um delinquente psicótico, inventando por pessoas loucas, iludidas”.
Nesse foco, uma ala mais fanática dos ateus estão a defender sua descrença com contornos de verdadeira religiosidade, tanto é assim que Alister McGrath no livro “O delírio de Dawkins”, escreve que “tal como um evangelista, Dawkins prega a seus devotos do ódio a Deus, os quais se deliciam com o bombardeio retórico e erguem as mãos, prazenteiros”… “os verdadeiros cientistas rejeitam a fé em Deus! Aleluia!”[ii].
Como anotou Ravi Zacharias[iii], infelizmente o ateísmo está vivo e é mortal. Mais perigoso ainda agora com nuanças de religiosidade materialista para quem o homem é o seu próprio Deus e a lógica científica a única forma de revelação. E assim como uma igreja que possui escola para a instrução, ensino, e fortalecimento da fé de todos os seus membros, o ateísmo da atualidade tem buscado também formas de educar as crianças segundo a visão ateísta
Ora, se o ateísmo contemporâneo adquiriu características de religião, a criação de ED para o ensino do pensamento ateu é realmente uma decorrência lógica (apesar de triste) dessa nova onda de incredulidade. É a educação para a descrença!
ESCOLA DOMINICAL: MODELO A SER COPIADO
Sob um outro enfoque, porém, a utilização do modelo de ensino
cristão por parte dos ateus revela algo positivo: a importância da escola
dominical. A sua existência histórica tem se mostrado tão válida e necessária
que até mesmo os ateus copiaram o padrão educacional cristão a fim de
instruirem seus próprios filhos. Idealizada por Robert Raikes, a ED cresceu,
multiplicou e deu tantos frutos que é impossível não tê-la como um padrão de
sucesso educacional e digna de ser seguida. Como escreveu a missionária Ruth
Doris Lemos:
“No mundo, há muitas coisas que pessoas sinceras e humanitárias fazem, sem pensar ou imaginar a extensão de influência que seus atos podem ter. Certamente, Robert Raikes nunca imaginou que as simples aulas que ele começou entre crianças pobres, analfabetas da sua cidade, no interior da Inglaterra, iriam crescer para ser um grande movimento mundial. Hoje, a Escola Dominical conta com mais de 60 milhões de alunos matriculados, em mais de 500 mil igrejas protestantes no mundo. É a minúscula semente de mostarda plantada e regada, que cresceu para ser uma grande árvore cujos galhos estendem-se ao redor do globo”.[iv]
Mas, é importante ressalvar com o Pastor Antônio Gilberto em seu livro A Escola Dominical (citado por César Moisés), que a ED é uma instituição moderna da maneira como a conhecemos, mas que o seu princípio fundamental, ou seja, o do ensino bíblico determinado por Deus ao povo de Israel como aos gentios, remonta a alguns milênios. Segundo o Pastor Antônio Gilberto: “A Escola Dominical é a fase presente da instrução bíblica milenar que sempre caracterizou o povo de Deus”.[v]
Esse fato, por si só, é um excelente ponto de análise para aqueles que sempre olharam a ED com desconfiança ou a têm como desnecessária. A sua importância, vale dizer, não é somente história, mas, sobretudo, prática. Ken Hemphil, no livro Redescobrindo a alegria das manhãs de domingos, lembra que “a Escola Dominical não é um dinossauro”[vi], o que existe é uma compreensão equivocada sobre a forma como ela deve ser mantida, de modo que nossa intenção não deve ser preservá-la por simples nostalgia; temos de descobrir ferramentas e organizações que nos capacitem a cumprir a Grande Comissão da maneira mais eficiente possível”.
Em outros termos, a Escola Dominical deve ser mantida não somente por se tratar de algo histórico e que vem sendo utilizado ao longo dos anos; mas sim em razão da enorme e crescente necessidade de genuíno e sadio alimento espiritual que só pode ser obtido pelo estudo claro, metódico, continuado e progressivo da Palavra de Deus.
A VALORIZAÇÃO DA EBD
“No mundo, há muitas coisas que pessoas sinceras e humanitárias fazem, sem pensar ou imaginar a extensão de influência que seus atos podem ter. Certamente, Robert Raikes nunca imaginou que as simples aulas que ele começou entre crianças pobres, analfabetas da sua cidade, no interior da Inglaterra, iriam crescer para ser um grande movimento mundial. Hoje, a Escola Dominical conta com mais de 60 milhões de alunos matriculados, em mais de 500 mil igrejas protestantes no mundo. É a minúscula semente de mostarda plantada e regada, que cresceu para ser uma grande árvore cujos galhos estendem-se ao redor do globo”.[iv]
Mas, é importante ressalvar com o Pastor Antônio Gilberto em seu livro A Escola Dominical (citado por César Moisés), que a ED é uma instituição moderna da maneira como a conhecemos, mas que o seu princípio fundamental, ou seja, o do ensino bíblico determinado por Deus ao povo de Israel como aos gentios, remonta a alguns milênios. Segundo o Pastor Antônio Gilberto: “A Escola Dominical é a fase presente da instrução bíblica milenar que sempre caracterizou o povo de Deus”.[v]
Esse fato, por si só, é um excelente ponto de análise para aqueles que sempre olharam a ED com desconfiança ou a têm como desnecessária. A sua importância, vale dizer, não é somente história, mas, sobretudo, prática. Ken Hemphil, no livro Redescobrindo a alegria das manhãs de domingos, lembra que “a Escola Dominical não é um dinossauro”[vi], o que existe é uma compreensão equivocada sobre a forma como ela deve ser mantida, de modo que nossa intenção não deve ser preservá-la por simples nostalgia; temos de descobrir ferramentas e organizações que nos capacitem a cumprir a Grande Comissão da maneira mais eficiente possível”.
Em outros termos, a Escola Dominical deve ser mantida não somente por se tratar de algo histórico e que vem sendo utilizado ao longo dos anos; mas sim em razão da enorme e crescente necessidade de genuíno e sadio alimento espiritual que só pode ser obtido pelo estudo claro, metódico, continuado e progressivo da Palavra de Deus.
A VALORIZAÇÃO DA EBD
Outro ponto que deve ser considerado acerca da matéria da Time,
diz respeito à importância que os pais ateus dão à educação de seus filhos.
Essa observação faz-nos refletir acerca de como os cristãos, principalmente os
pais, tem valorizado a educação de seus filhos, a ED e até que ponto existe
verdadeiro investimento nela. Afinal, se os ateus começaram agora a valorizar o
modelo educacional da ED, mais ainda devem fazê-lo os cristãos, que conhecem de
perto o seu valor.
Essa conscientização torna-se necessária porque, não poucas vezes, percebemos um visão equivocada acerca dessa agência de ensino dentro mesmo das igrejas cristãs. Como bem anota Renato Vargens, “154 anos se passaram desde que os Kalley organizaram a EBD no Brasil, e de lá para cá muita água passou debaixo da ponte. Sem titubeios afirmo que inúmeras gerações foram impactadas pelo ensino das doutrinas bíblicas nas salas de aula das escolas dominicais esparramadas pelo nosso imenso território nacional”. Entretanto, escreve ele: “Hoje, em detrimento a pós-modernidade, o que era absoluto foi relativizado. Os que outrora pregavam sobre a importância da EBD, não o fazem mais. Para piorar a situação, os crentes optaram por fazer do domingo o seu dia de lazer deixando em segundo plano o estudo da Palavra de Deus”.[vii]
Portanto, além de outros elementos, a evidenciação da ED ateísta remete-nos a uma reflexão sobre o valor que temos dado à nossa escola dominical, afinal é nela que o cristão recebe alimento substancial para a sua caminhada cristã. Como arremata Antônio Gilberto:
“É evidente que se a igreja de hoje cuidasse devidamente do ensino bíblico junto à crianças e aos novos convertidos, teríamos uma igreja muito maior. Pecadores se convertem aos milhares, mas poucos permanecem porque lhes falta o apropriado ensino bíblico que lhes cimente a fé. Falta-lhes a raiz ou base sólida e profunda. A planta da parábola morreu, não porque o sol crestou-a, mas, sim principalmente, porque não tinha raiz” (MT. 13.6).”[viii]
Notas:
--------------------------------------------------------------------------------
[i] JENINNE LEE-ST, John. Sunday School for Atheist. Time. Disponível em http://www.time.com/time/magazine/article/0,9171,1686828,00.html. Acesso em 06/10/2009. (Tradução livre).
[ii] MCGRATH, Alister. O delírio de Dawkins. São Paulo: Mundo Cristão, 2007, p.23.
[iii] ZACHARIAS, Ravi. Pode o homem viver sem Deus? São Paulo: Mundo Cristão, 1997, p. 21.
[iv] LEMOS, Ruth Doris. A minúscula semente de mostarda que se transformou numa grande árvore. Disponível em http://www.cpad.com.br/artigos/artigo_1.htm. Acesso em 06/10/2009.
[v] GILBERTO, Antônio, citado por CARVALHO, César Moisés. Marketing para a Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.101.
[vi] HEMPHILL, Ken. Redescobrindo a alegria das manhãs de domingo. São Paulo: Eclesia, 1997, p.10.
[vii] VARGENS, Renato. Escola Dominical uma estrutura em extinção?. Disponível em http://renatovargens.blogspot.com/2009/09/escola-dominical-uma-estrutura-em_08.html. Acesso em 08/10/2009.
[viii] CARVALHO, César Moisés; op. cit.
[Artigo publicado na Revista Ensinador Cristão – Ano 11 n.º 41]
Essa conscientização torna-se necessária porque, não poucas vezes, percebemos um visão equivocada acerca dessa agência de ensino dentro mesmo das igrejas cristãs. Como bem anota Renato Vargens, “154 anos se passaram desde que os Kalley organizaram a EBD no Brasil, e de lá para cá muita água passou debaixo da ponte. Sem titubeios afirmo que inúmeras gerações foram impactadas pelo ensino das doutrinas bíblicas nas salas de aula das escolas dominicais esparramadas pelo nosso imenso território nacional”. Entretanto, escreve ele: “Hoje, em detrimento a pós-modernidade, o que era absoluto foi relativizado. Os que outrora pregavam sobre a importância da EBD, não o fazem mais. Para piorar a situação, os crentes optaram por fazer do domingo o seu dia de lazer deixando em segundo plano o estudo da Palavra de Deus”.[vii]
Portanto, além de outros elementos, a evidenciação da ED ateísta remete-nos a uma reflexão sobre o valor que temos dado à nossa escola dominical, afinal é nela que o cristão recebe alimento substancial para a sua caminhada cristã. Como arremata Antônio Gilberto:
“É evidente que se a igreja de hoje cuidasse devidamente do ensino bíblico junto à crianças e aos novos convertidos, teríamos uma igreja muito maior. Pecadores se convertem aos milhares, mas poucos permanecem porque lhes falta o apropriado ensino bíblico que lhes cimente a fé. Falta-lhes a raiz ou base sólida e profunda. A planta da parábola morreu, não porque o sol crestou-a, mas, sim principalmente, porque não tinha raiz” (MT. 13.6).”[viii]
Notas:
--------------------------------------------------------------------------------
[i] JENINNE LEE-ST, John. Sunday School for Atheist. Time. Disponível em http://www.time.com/time/magazine/article/0,9171,1686828,00.html. Acesso em 06/10/2009. (Tradução livre).
[ii] MCGRATH, Alister. O delírio de Dawkins. São Paulo: Mundo Cristão, 2007, p.23.
[iii] ZACHARIAS, Ravi. Pode o homem viver sem Deus? São Paulo: Mundo Cristão, 1997, p. 21.
[iv] LEMOS, Ruth Doris. A minúscula semente de mostarda que se transformou numa grande árvore. Disponível em http://www.cpad.com.br/artigos/artigo_1.htm. Acesso em 06/10/2009.
[v] GILBERTO, Antônio, citado por CARVALHO, César Moisés. Marketing para a Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.101.
[vi] HEMPHILL, Ken. Redescobrindo a alegria das manhãs de domingo. São Paulo: Eclesia, 1997, p.10.
[vii] VARGENS, Renato. Escola Dominical uma estrutura em extinção?. Disponível em http://renatovargens.blogspot.com/2009/09/escola-dominical-uma-estrutura-em_08.html. Acesso em 08/10/2009.
[viii] CARVALHO, César Moisés; op. cit.
[Artigo publicado na Revista Ensinador Cristão – Ano 11 n.º 41]
O
MDA e a falaciosa salvação por decreto
Muitas igrejas estão aderindo a modelos de crescimento, como
G12, M12 e MDA
Em 3 de março de 2011, o líder do MDA (Modelo de Discipulado Apostólico)
declarou, em um grande congresso, em Belo Horizonte-MG: “Aponta suas mãos em
direção à sua casa, ao seu bairro, à sua rua. E fala: ‘Eu decreto salvação,
perdão de pecados aos meus vizinhos’. Diga assim: ‘Belo Horizonte já é do
Senhor Jesus’. [...] Vai decretando perdão de pecados sobre seus vizinhos,
sobre seus parentes. [...] Eles já estão salvos. Eu vejo a maioria de Belo
Horizonte, mais de 50% salva”.
À luz do Novo Testamento, o dom de profecia é dado pelo Espírito Santo à Igreja
para edificação, exortação e consolação (1 Co 14.3); e para o que for útil
(12.7). Por meio desse dom, o Senhor fala conosco como e quando quer (12.11; At
13.1-4), e não quando uma pessoa resolve, por conta própria, “decretar”,
“determinar”, “declarar” ou mandar alguém fazer isso. Há alguns anos,
inclusive, uma famosa profetisa “decretou”, em um megaevento, o fechamento de
todos os bares e casas de shows do Rio de Janeiro! Ela disse que todos eles
seriam transformados em igrejas em pouco tempo... Isso aconteceu?
Penso que todos os cristãos que se prezam deveriam rejeitar essa prática
descabida e herética de “decretar” salvação, visto que à Igreja do Senhor cabe
apenas a pregação do Evangelho. Ele é quem salva, segundo a sua graça. E
sabemos que a prática de “decretar” salvação, além de não ter o abono da
Palavra do Senhor, não muda em nada as circunstâncias. Deus pode mudar a
situação de um país ou de um governo por meio de intercessão e influência do
seu povo, e não mediante palavras de ordem (1 Tm 2.1-3; 2 Cr 7.14,15).
Muitos evangélicos, enganados, pensam que é assim que o Brasil vai mudar:
mediante “decreto”. Mas, hoje, os crentes não incomodam nem influenciam
ninguém! Boa parte da igreja evangélica brasileira está misturada com o mundo,
envolvida em assuntos que não são de sua competência, e ainda prega um falso
evangelho, “contextualizado”, que agrada as pessoas do mundo, atraindo-as para
dentro dos templos, mas afastando-as da verdade.
É comum, em grandes eventos, ouvirmos crentes dizendo: “Eu estou aqui para
decretar que esta cidade é do Senhor Jesus”. Como os pregadores do evangelho
antropocêntrico — boa parte deles faz parte dos movimentos G12, M12 e MDA —
acreditam que são “a boca de Deus” na terra e que as suas palavras abrem e
fecham portas, “decretar” que uma cidade é do Senhor Jesus determinará que, de
fato, ela será dEle. Mas, se não houver compromisso com o Evangelho, as coisas
continuarão exatamente como estão! Não seria mais eficaz pregar o Evangelho com
verdade? Não só Belo Horizonte e o Brasil, e sim o planeta Terra e todo o
Universo pertencem àquEle que criou todas as coisas (Sl 24.1; Hb 11.3).
Entretanto, o mundo precisa ouvir as boas novas de salvação (Mc 16.15; Mt
28.19). Quantos pregadores e líderes já não “decretaram” que nosso país é do
Senhor Jesus?! A despeito disso, a nossa nação continua cheia de violência,
imoralidade, corrupção, injustiça... Quantos já não “decretaram” que as cidades
do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Belo Horizonte, de Vitória, de Curitiba, de
Fortaleza, de Brasília, de Manaus, etc. pertencem a Cristo?! Mas elas continuam
indo de mal a pior em matéria de segurança pública, educação, moralidade,
civilidade... O Brasil precisa ser conquistado pelo Evangelho, e não
politicamente. O Reino de Cristo é espiritual (Jo 18.36; Rm 14.17).
Precisamos abandonar essa ambição de “conquistar o Brasil na marra”, por meio
de “decreto”, na base do grito! Devemos orar pela nossa nação e pregar a
verdadeira mensagem do Evangelho! Mas, quando fizermos isso, de fato, estejamos
preparados para as perseguições (1 Co 16.9). Se o mundo nos trata bem e nos vê
com bons olhos, devemos ficar preocupados (Jo 15.18,19). Lembremo-nos das
palavras do Senhor Jesus: “bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e
perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa” (Mt
5.11).
FONTE CPAD NEWS
Sonhei
que eu era um neopentecostal místico e milionário
Na verdade, tive um pesadelo, na noite passada...
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