O que é ser teólogo moderno/liberal?
O que é ser teólogo moderno/liberal? O que é o tal modernismo/liberalismo teológico? Como podemos identificá-lo? Que conseqüência tem para a teologia? Quais suas conseqüências para uma vida pietista e com a espiritualidade da igreja? Confesso que quando ouvia falar sobre teologia moderna/liberal, taís perguntas invadiam minha mente, e deixava-me estarrecido por não ter respostas para as mesmas.
Só posso dizer nessa
introdução que essa teologia é um perigo para a vida de um cristão, como para
igrejas e seminários. Podemos confirma isso através do século passado. Ela não
é totalmente destrutiva, porém, seus 90% de ensinamentos acabam com a
veracidade da fé cristã. Usando uma palavra mais forte, diria que o
modernismo/liberalismo teológico “estripa” a genuína fé das pessoas.
Só para facilitar a leitura,
estarei usando a forma que é mais conhecida essa teologia, ou seja, teologia
liberal. Todavia, para entendermos essa teologia precisamos ver o pano de fundo
de sua nascente, que foi o iluminismo.
ILUMINISMO
O Iluminismo foi o legado do
modernismo que originou um movimento intelectual feito por pensadores
filosóficos que ocorreu no final do século XVII e no século XVIII, que
destacava a soberania da razão humana. Foi um tempo em que tiraram Deus do
centro para colocar o homem com sua razão. Nessa época eles só procuravam
entender o quê era possível para a razão humana, e tudo que não fosse racional
era colocado de lado. Portanto, todas as suposições metafísicas religiosas eram
abomináveis para eles, pois era tudo irracional.
Esse período da história
moderna tinha seus maiores pensadores na Alemanha e Holanda. Especialmente era
fundamentado no racionalismo e no anti-sobrenaturalismo de Descartes, Spinoza e
Leibniz, e, também, no empirismo de Locke, Berkeley e Hume. Não posso
esquecer-me de Lessing, que dizia que é impossível a aceitação das verdades
históricas do cristianismo; é bom guardamos esse conceito dele, pois veremos
que os teólogos usaram essa teoria mais tarde. Quando Kant (maior pensador
deste período) escreveu sobre a crítica da razão pura, fez com que o
racionalismo ganhasse mais espaço, e que o sobrenaturalismo decaísse. Nessa
obra fala que o saber do cientificismo genuíno é possível, porém, é um saber da
realidade do “fenômeno”. Ou seja, a realidade é como se apresenta a nós e não a
realidade em si. O que o homem pode conhecer sempre será manifestado pelo
espaço e pelo tempo da mente humana e das categorias providos pelo mesmo
entendimento, como a causalidade e substância. A única fé que pode ter é a fé
moral e racional. Vamos vê uma declaração de Kant sobre “A religião nos limites
da simples razão (1.783)”:
“A elevação do homem de um
estado auto-infligido de inferioridade. Um inferior é alguém incapaz de usar
seu conhecimento sem a ajuda de outro [...] Ter a coragem de usar seu
conhecimento é então o homem do Iluminismo (Douglas, p. 345 v. Racionalismo).” 1
Como eu já escrevi o
Iluminismo sempre enfatizou a razão e independência de suposições metafísicas
religiosas. Só podemos chegar à verdade quando obtivê-la pelo racional e pela
observação empírica. Esse movimento foi dominado pelo o anti-sobrenaturalismo.
E como resultado teve o pluralismo religioso que é a existência de várias
opções religiosas e verdades sobre religião, evitando julgar a religião mais
verdadeira, ou superior (relativismo religioso). Através dessa época surgiu o
deísmo, o
qual pressupõe que Deus criou o mundo, porém, não se interage e nem sustenta ele. Com isso, também, nasceu à crítica bíblica e a rejeição da revelação divina, pois o deísmo falava sobre uma religião natural, como pressuposto o racional. E através disso veio a nascer o Agnosticismo, Ateísmo e Ceticismo. Vamos vê rapidamente o significado de cada um:
qual pressupõe que Deus criou o mundo, porém, não se interage e nem sustenta ele. Com isso, também, nasceu à crítica bíblica e a rejeição da revelação divina, pois o deísmo falava sobre uma religião natural, como pressuposto o racional. E através disso veio a nascer o Agnosticismo, Ateísmo e Ceticismo. Vamos vê rapidamente o significado de cada um:
Ø Agnosticismo: Essa corrente
não crê em Deus (Ateísmo), todavia, não O nega (Teísmo). Eles declaram que é
impossível resolver a questão da existência de Deus, e com isso evitam o juízo
de valores.
Ø Ateísmo: Ao contrário do
Agnosticismo, esse afirma 100% à inexistência de Deus.
Ø Ceticismo: Ele nega o saber
humano completo e genuíno. Falam que não tem possibilidade de conhecimento do
mundo exterior. São totalmente críticos a qualquer suposição metafísica.
Com essa enfatização da razão
e da religião natural, dizendo que não há conhecimento completo de um
transcendente, a teologia cristã foi influenciada e conseqüentemente alcançada
por essas idealizações filosóficas iluminista. Fazendo assim que nascesse a
teologia moderna, mais conhecida como teologia liberal. E essa é nossa
preocupação nesse presente estudo, que estaremos a salientar no próximo tópico.
Só para deixar de passagem, o
iluminismo foi mais do quê estou escrevendo, como as reações contra as
autoridades políticas e o avanço dos conhecimentos científicos. Em países como
a França o iluminismo foi anticlerical e de orientação política; e o Iluminismo
Britânico desenvolveu um país onde já havia estabelecido uma monarquia liberal.
Contudo, devemos ter idéia de que o iluminismo que aqui estamos vendo é o que
ocorreu na Alemanha e Holanda, esses países que se preocupavam com o debate
intelectual sobre a metafísica e a religião, que atingiu a teologia cristã.
A ORIGEM DA TEOLOGIA MODERNA/LIBERAL.
Ao acontecer o evento iluminista, fez com que seus pressupostos alcançassem a teologia cristã, dando origem à teologia moderna/liberal no final do século XVIII e no século XIX. Fazendo que seus legados continuem até nos dias de hoje. Essa teologia nascera no protestantismo, todavia, hoje ela é mais influente no meio católico apostólico romano.
Sempre a alguém que origina
uma corrente teológica, e essa foi criada pelo alemão Friedrich Daniel Ernst
Schleiermacher (1768-1834). Esse homem negava a autoridade e os milagres de
Jesus, o Cristo que estavam escrito na bíblia. Ele acreditava que a religião
era auto-suficiente quando o sentimento humano mostrava, por exemplo, a
comunhão com Deus era feito quando o individuo sente que está se relacionando
com o Divino, e assim se torna salvo, mesmo que não creia no evangelho de
Cristo. Para ele a bíblia não poderia ser tratada como uma narrativa de
interveções divinas, ou como uma coletânea de pronuciamentos divinos. Ela era
uma obra de experiência religiosa. Logo, não era preciso levar a escritura a
sério em seus detalhes mais pequenos. Assim ele acreditava que as experiências
religiosas era o centro da essência da religião. E a essência da religião
encontra-se “no nosso senso da dependência absoluta”. Ou seja, na nossa
comunhão com Deus, é que encontramos a religião pura, e não na confiabilidade
da escritura. Vamos vê algumas palavras dele:
“O elemento comum nas
expressões da piedade, por mais diversas que sejam… é este: a consciência de
ser totalmente dependente ou de estar em relacionamento com Deus, o que é a
mesma coisa”. 2
Com este pensamento ela
elaborava novamente todas as doutrinas cristãs. E ele reinterpretou o pecado,
dizendo que não é uma trangressão com a moral que deve ter, como a bíblia
ensina, mas, sim, é a falta de busca da dependência com o Sagrado e o almejo pela
liberdade. A redenção só ocorrerá se esse senso de dependência for restaurado.
Agora chegamos no tocante da questão, a sua elaboração sobre quem era Cristo.
Ele negava o Cristo ensinado pela teologia histórica com seus concilios
cirstológicos, em outras palavras, ele negava a deidade de Cristo. Ensinava que
Cristo era um homem que buscou o senso da dependência absoluta com o Divino, ou
seja, buscou a comunhão com Deus, e essa comunhão foi tão intensa que poderia
dizer que Deus habitava nele. Vamos ver o que ele escveve:
“O redentor, portanto, é como
todos os homens em virtude da identidade da natureza humana, mas distinto de
todos eles pela potencialidade constante da
sua consciência de Deus, que era uma verdadeira existência de Deus dentro dele” 3
sua consciência de Deus, que era uma verdadeira existência de Deus dentro dele” 3
Tendo essa idéia de Cristo
ele diz que a obra redentora de Cristo, é a inspiração que ele dá através de
sua vida, dos homens se relacionarem e procurarem a comunhão com Deus. Já que
ele não acredita em Cristo como Deus, logo, não aceita a trindade como verdade.
Ele declara que essa doutrina é a amarração da doutrina cristã. Portanto, ele
dispensa essa doutrina e adota consigo o utilitarismo. Como ele definiria então
as três pessoas da trindade que ele não acredita? Deus para ele é existente
pois o homem busca o senso de dependência absoluta com Ele. Jesus é um homem
histórico que nos deu o exemplo de relacionarmos com Deus. E o Espírito Santo é
simplesmente como descrevemos a experiência religiosa, ou seja, a experiência
com o Deus da igreja. Vemos a mesma idéia de Deus, nos escritos de Paul
Tillich, mas, esse muda a nomenclatura para “o Fundamento do ser” e, também,
nos escritos de Robinson que chama de “preocupação última”.
Devemos que criar a
consciência de que, Friedrich Schleiermacher distanciou da teologia bíblica e
da teologia natural, e analisou a experiência religiosa como senso da
dependência abosoluta com o Sagrado. Para quem gostaria de aprender mais, é só
ler o livro dele: “The Cristian Faith”.
Com a abordagem de Friedrich
Schleiermacher vários pensadores foram influenciados. Muitas coletâneas
começaram a ser procuzidas falando sobre a “vida de Jesus”. Jesus começou a ser
reinterpretado com interpretações racionalistas e fictícias, partindo do
pressuposto de que os milagres e o sobrenaturalismo na bíblia não devem ter
créditos. Mais para frente não só Jesus, mas toda a bíblia começou a ser
reinterpretada sem os milagres e o sobrenatural, criando assim o conceito de
quê há mitos na bíblia. Esse presente estudo não estará mostrando todos os
pensadores dessa teologia, mas, citarei alguns nomes: Strauss, Renan, Seeley,
Drews, Harnack e Ritschl. Esse último partia da premissa de Kant, falando que a
bíblia é um livro de moral, e o cristianismo é uma religão de moralidade e não
de sobrenaturalismo. A maioria desses autores falava que Jesus era um pregador
de amor e moral. Todos buscam o Jesus Histórico, com isso tentavam levantar uma
nova historicidade de Jesus, além daquela que está na Bíblia. Alguém que
devemos dar uma atenção especial nesse espaço, é Albert Schweitzer. Esse montou
sua tese de doutorado chamado, “A busca pelo Jesus Histórico”, que se tornou
uma obra admirada para essa teologia. Aqui podemos ver a teoria de Lessing, que
citei acima. A história Cristã não é de se confiar e é precisso que seja revista,
e foi isso que Schweitzer fez. E sem dúvida foi quem mais influênciou o meio
liberal depois de Schleiermacher.
Schweitzer como os outros
fala que o centro da pregação de Jesus era a moralidade. Ele falava sobre a
escatologia e idéia do Reino da seguinte forma: Jesus acreditava que o Reino
iria vim naquela era, e daí ele se tornaria o Messias, mas, Sua dedução falhou.
Com isso ele ficou esperando esse acontecimento que resultou Sua morte.
Enquanto isso ele ficava apregoando a ética interina. Jesus para ele era um
político religioso e fanático, que andava pela vida sem destino. Seus ensinos
tinham Jesus, no entanto, o quê ele mais destacava era o “respeito pela vida”.
Acredito que esse ensino último, deu a base para a fonte da teologia
existencialista.
Devemos lembrar que não só a
historicidade de Cristo estava sendo questionada, mas, também, a crítica
bíblica. Vários pensadores levantaram suspeitas sobre a bíblia, como: Baur,
Lachmann, Weisse, Wilke, Holtzmann e Streeter. Só para termos uma idéia, foi
através desse tempo, dessa época e com esses pensadores que começou uma ótica
minuciosa dos evangelhos, onde surgiu a idéia do documento Q (que é uma suposta
coletânea de ditos de Jesus, usados por Mateus e Lucas, mas, por Marcos não).
Mais para frente na Europa continental, a crítica bíblica crescera,
especialmente no novo testamento, criando assim a crítica da forma, tendo como
maior pensador o famoso Rudolf Bultmann, um exegeta existencialista do novo
testamento, que tinha perspectivas liberais. Esse foi influenciado pela
filosofia existencialista de Martin Heidegger, e começou a reconstruir o Jesus
histórico e Suas pregações. Ele falava que o novo testamento deve ser
interpretado para a essência da existência. Para um conhecimento melhor da
existência e de como você pode se desenvolver como ser enquanto tal. E os
milagres e sobrenaturalismo que é mostrado na bíblia, ele acompanhava as idéias
do demais liberais.
As idéias filosóficas
influenciaram os estudos bíblicos, e criou um ceticismo acerca dos evangelhos.
Não somente o evangelho, mas, mais para frente à bíblia inteira. Junto com o
ceticismo moderno, começaram a questionar a veracidade do Cristianismo e da
Bíblia. Diziam e dizem que a bíblia só tem confiabilidade em regra de fé,
prática, ética e moral. Entretanto, o quê é histórico, cosmológico e
sobrenatural, ela é falível. Vamos vê alguns conceitos do liberalismo no
próximo tópico.
AS TENDÊNCIAS DA TEOLOGIA MODERNA/LIBERAL PARA A FÉ BÍBLICA
Essa teologia trouxe grande
divisão à ortodoxia. Seus ensinamentos gravaram rompimento em quase todas as
denominações históricas. Pelo crescimento dessa teologia em seminários e
igrejas, houve uma reação conhecida como Fundamentalismo. Eu não vou me
aprofundar neles aqui, mas, quero deixar algumas coisas relatadas sobre eles.
Os fundamentalistas dessa época, não podem ser confundidos com os mesmos
fundamentalistas de hoje. Hoje o movimento que se identifica com o velho
fundamentalismo chama-se de evangelicalismo.
O liberalismo começou ter
grande crescimento no século XX, especialmente nos EUA. Muitos saiam dos EUA,
para obterem pós – graduações na Europa, especialmente na Alemanha, onde
conheceram os grandes ensinamentos liberais, e começaram trazer esses para os
EUA. Com isso começou haver grandes batalhas entre os liberais e
fundamentalistas. Os liberais conseguiram criar uma grande força nessa época,
que ganhou um extremo espaço nos seminários e igrejas. Os fundamentalistas não
viram outra decisão, a não ser de saírem dessas denominações e montarem novas
denominações que foram: Batistas Regulares (que formam a Associação Geral das
Igrejas Batistas Regulares, em 1932), os Batistas Independentes, as Igrejas
Bíblicas, as Igrejas Cristãs Evangélicas, a Igreja Presbiteriana dos Estados
Unidos (em 1936, que mudou seu nome para Igreja Presbiteriana Ortodoxa), a
Igreja Presbiteriana Bíblica (em 1938), a Associação Batista Conservadora dos
Estados Unidos (em 1947), as Igrejas Fundamentalistas Independentes dos Estados
Unidos (em 1930) e muitas outras denominações que existem ainda hoje. 4
Voltando com a ótica só no
liberalismo, podemos falar que eles, negam as verdades de quase todos os
fundamentos da fé cristã. Eles criam sua ideologia, de que há “mitos” na
bíblia. Pois, os antigos não conseguiam compreender o que acontecia, portanto,
os exegetas críticos falavam que os autores bíblicos usaram fontes que são
revestidas de “mitos”, e lendas criadas por Israel e pela Igreja Primitiva.
Assim nasce um método novo de exegese, conhecido como exegese
histórico-critico/gramatical. Eles dizem que é preciso tirar os dogmas e a
teologia sistemática, e tentar reconstruir a história e os fatos daquela época,
para poder chegar às verdades que estavam por trás dos surgimentos da religião
de Israel e do cristianismo. Para que isso possa ocorrer, a principal
ferramenta a ser usada é a razão, com outras ferramentas como a crítica
bíblica, crítica da forma e a crítica literária. Quero mostrar a definição
dessa exegese que Uwe Wegner fez:
“Método
histórico-crítico/gramatical, analisa os textos considerando sua gênese e
evolução históricas. O método é crítico, pois as evidências apresentadas pelos
textos permitem juízos alternativos e, por vezes, até antagônicos, sendo
necessário avaliar criteriosamente as várias possibilidades de interpretação”. 5
Vamos desfragmentar para que
possamos compreender seu significado melhor. Ele é histórico, porque ele
trabalha com fontes históricas, e analisa dentro de uma evolução histórica,
tentando mostrar os seus progressos de formação e crescimento, até mostrar sua
forma atual. E, também, porque se interessa pelas histórias que geraram essas
fontes, nos seus estágios evolutivos. Ele é crítico, pois precisa ter uma série
de juízos sobre as fontes de estudo. Porém, o que quero destacar nesse método é
duas analises que são conhecidas como Alta-Crítica e Baixa-Crítica:
Ø A baixa-Crítica: Essa é
mesma coisa que a Crítica Textual. Sua analise é em restaurar o texto original,
tendo como base os manuscritos que foram escritos, que são em volta de 5.000
(só em grego). Com isso usa ferramentas como a Kurt – Aland e a Nestlé – Aland,
para o novo testamento. Para o velho testamento usa-se a Sturt Gartensia.
Olhando para seus aparatos críticos, e vendo as evidências oferecidas pelas
variações. Mostrando as diferenças nos textos que tem essas evidências nos
manuscritos. E isso se vê através de símbolos e sinais.
Ø A Alta-Crítica: Essa
analise mostra uma avaliação crítica da Bíblia. Não se permanece somente na
bíblia, mas vai além, investigando sua autoria, historicidade, datação, integridade,
sua forma de composição e estrutura, doutrinas ensinadas, procedências e as
idéias envolvidas, dentre outras coisas. Geralmente essa crítica tem entrado em
conflito com as doutrinas centrais da fé Cristã, para dar mais base ao
cientificismo, modernismo e o racionalismo. Para termos idéia como eles vão
além, eles chegam ao ponto de dizerem que Jesus não existiu, e foi inventado
pela igreja primitiva. O maior apologista de nossos tempos conhecido como
Norman Geisler declara que:
“A alta-crítica pode ser
dividida em negativa (destrutiva) e positiva (construtiva). A crítica negativa,
como o próprio nome sugere, nega a autencidade de grande parte dos registros
bíblicos. Essa abordagem, em geral, emprega uma pressuposição
anti-sobrenatural”. 6
Gostaria de salientar, que
esse método exegético não é totalmente ruim. Eu faço uso das palavras de Norman
Geisler, e digo que o método exegético histórico-crítico/gramatical, pode ser
destrutivo quando é usado por um liberal convicto. Todavia, ele pode ser construtivo
quando for usado por um evangelicalista convicto.
Nessa parte onde estamos, vou
citar alguns pontos do liberalismo teológico, dentre outros que eu já escrevera
nesse estudo:
Ø Eles falam que Deus é puro
Amor, e não tem padrões morais. Pelo seu amor e paternidade, todos têm filiação
divina e nenhum homem tem a separação por causa do pecado. Logo, eles adotam a
idéia do universalismo unitário, que é o conceito que todas as pessoas serão
salvas, e Deus dará um “jeitinho” até na situação do Diabo. Logo, não existe o
inferno, e o pecado é a falta de relacionamento com o Sagrado, e, também, uma
questão cultural. É a cultura em que você vive que define o que é pecado e o
que não é.
Ø Existe uma centelha divina
em cada pessoa. 7 Sendo assim, o homem é bom, ele só precisa de um incentivo
para fazer o que é correto.
Ø Jesus não é o Cordeiro
Salvador. Quando a bíblia diz que ele é Salvador, está querendo afirma de seu
exemplo de vida, de sua proximidade com Deus. Ele não teve concepção e
nascimento virginal, não realizou curas e milagres, não teve a morte expiatória
e nem ressuscitou dos mortos. Como já falado, eles chegam até negar a
existência do Jesus narrado, buscando assim a busca do Jesus Histórico. E
conseguem ir mais longe ainda, falando que Ele não passa de um personagem
criado pela igreja primitiva.
Ø Todas as religiões nos
levam a Deus, o cristianismo só é a forma melhor delas.
Ø A bíblia não é veraz,
confiável, inspirada e infalível. Somente ela é uma literatura para os Judeus e
Cristãos poderem praticar; e não uma revelação.
Ø As confissões criadas nos concílios, não são essenciais para o Cristianismo. O que faz o Cristianismo são suas experiências religiosas e a sua moralidade.
Ø As confissões criadas nos concílios, não são essenciais para o Cristianismo. O que faz o Cristianismo são suas experiências religiosas e a sua moralidade.
Ø Eles favorecem o
relativismo, negando a verdade absoluta. Com isso a bíblia deixa de ser verdade
absoluta. Falam que aqueles que a declaram de verdade absoluta são bibliolátras.
Na contra – capa do livro o
Cristianismo e o liberalismo, feito por J.G. Machem, ele escreve algo
interessante:
“O liberalismo representa a
fé na humanidade, ao passo que o cristianismo representa a fé em Deus. O
primeiro, não é sobrenatural, o último é absolutamente sobrenatural. Um é a
religião da moralidade pessoal e social, o outro, contudo, é a religião, do
socorro divino. Enquanto um tropeça sobre a ‘rocha do escândalo’, o outro
defende a singularidade de Jesus Cristo. Um é inimigo da doutrina, ao passo que
o outro se gloria nas verdades imutáveis que repousam no próprio caráter e
autoridade de Deus”. 8
Só resta fala para esses que
não tem como negociar o inegociável, como o próprio Danilo Raphael escreveu.
Contudo, eu dou graças a Deus que Ele levantou homens para defender a
veracidade da fé cristã e enfrentarem os liberais dizendo que eles estavam
afligindo verdades fundamentais do cristianismo, e lançaram “Os Fundamentos”,
em doze volumes que defendiam os pontos do cristianismo. E, também, criaram
cinco pontos para sua bandeira, a saber:
Ø A inspiração,
infalibilidade e inerrância da bíblia das Escrituras. Reagindo contra os
ataques do liberalismo que considerava que a bíblia estava cheia de erros de
todos os tipos.
Ø A divindade de Cristo.
Também negada pelos liberais, que insistiam que Jesus era apenas um homem
divinizado.
Ø O nascimento virginal de
Cristo e os Milagres. Para o liberalismo, milagres, nunca existiram, eram
construções mitológicas da Igreja primitiva.
Ø O sacrifício propiciatório
de Cristo. Para os liberais, Cristo havia morrido somente para dar o exemplo,
nunca pelos pecados de ninguém.
Ø Sua ressurreição literal e
física e seu retorno. Ambas as doutrinas eram negadas pelos liberais, que as
consideravam como invenção mitológica da mente criativa dos primeiros cristãos.
9
Não somente esses
fundamentalistas, mas, também, houve um grande apologista, considerado o maior
do século XX. Que fez uma apologia maestral contra essa teologia (especialmente
contra Bultmann). Esse homem é conhecido como C.S.Lewis, e sua apologia é chamada
de: “A teologia moderna e a crítica bíblica”. Encerro essa parte com algumas
citações desse documento:
“A autoridade de
especialistas naquela disciplina é a autoridade em deferência à qual somos
solicitados a desistir de um imenso acúmulo de crenças compartilhadas em comum
pela igreja primitiva, pelos pais da Igreja, pela Idade Média, pela Reforma
Protestante, pelos pregadores de século 19. Quero explicar aqui o que me deixa
cético quanto a essa autoridade, ignorantemente cético, conforme muitos diriam
após um exame superficial da questão. Mas o ceticismo é o pai da ignorância. É
difícil alguém perseverar em um estudo detalhado quando tal estudioso não pode
confiar prima facie em seus mestres… Em primeiro lugar, o que quer esses homens
possam ser como críticos da Bíblia, desconfio deles como críticos. A mim parece
que são fracos quanto a um bom juízo literário, mostrando-se incapazes de
perceber a própria qualidade dos textos que examinam… Se tal homem chega e diz
que alguma coisa, em um dos evangelhos, é lendária ou romântica, então quero
saber quantas lendas e romances ele já leu, o quanto está desenvolvido o seu
gosto literário para poder detectar lendas e romances, e não quantos anos ele
já passou estudando aquele evangelho… Esses homens pedem-me que eu acredite que
eles podem ler entre as linhas dos textos antigos; mas todas as evidências
levam-me a notar a óbvia incapacidade deles de lerem (em qualquer sentido digno
de discussão) as próprias linhas. Eles afirmam poder ver coisinhas minúsculas,
mas não podem ver um elefante a dez metros de distância, em plena luz do dia…
Os críticos só falam como apenas como homens; homens obviamente influenciados
pelo espírito da época em que cresceram, espírito esse talvez insuficientemente
crítico quanto às suas próprias conclusões… Os firmes resultados da erudição
moderna, na sua tentativa de descobrir por quais motivos algum livro antigo foi
escrito, segundo podemos facilmente concluir, só são ‘firmes’ porque as pessoas
que sabiam dos fatos já faleceram, e não podem desdizer o que os críticos
asseguram com tanto autoconfiança”. 10
CONCLUSÃO
Saliento aqui as palavras do
Dr. Augustu Nicodemos, ao ser entrevistado pelo ICP (Instituto Cristão de
Pesquisas). O liberalismo contribuiu para a teologia de uma forma positiva.
Ajudou para o nosso conhecimento acerca do antigo e novo testamento, e para
nossa consciência da importância da cosmovisão oriental na formação do mundo
dos autores da bíblia, mesmo que eles critiquem os mesmos. Contribuiu para um
estudo das religiões do período neotestamentário, como o surgimento do
Cristianismo, mesmo que suas conclusões sejam inaceitáveis para estudiosos
comprometidos com a veracidade e inerrância da bíblia. Eles ajudaram a teologia
indiretamente. Os seus pressupostos de estudos são interessantes, mas sua
totalidade é diabólica.
Essa teologia só trouxe
propostas para o mundo acadêmico, no entanto, uma verdadeira teologia vai além
disso. Uma verdadeira teologia implanta novas igrejas, evangeliza e traz novas
almas para Cristo, através da atuação do Espírito Santo. Porém, o liberalismo
nunca fez isso, pelo ao contrário, onde ele passa é destruição. O liberalismo
não funda novos campos missionários, igrejas, seminários e etc. Mas, espera o
quê deles? Já que os mesmo não acreditam na Salvação do Cordeiro e nem na
confiabilidade bíblica.
Devemos orar e estudar a
palavra de Deus, através da iluminação do Espírito Santo, para podermos nos
precaver contra essa teologia que tanto tem destruído e acabado com o povo de
Deus. Mas, eu não disse que ela contribuiu? Sim, não nego! Entretanto, faço uso
das palavras do Apóstolo Paulo aos Tessalonicenses em sua primeira carta, no
capitulo 5 versículo 21: “Examinai tudo. Retende o bem.”. No caso do
liberalismo, é o mínimo que podemos reter. O restante devemos jogar fora, para
podermos cumprir o versículo 22: “Abstende-vos de toda aparência do mal.”
NOTAS
1 GEISLER, Norman.
Enciclopédia de Apologética. Editora: Vida, 1999. Pg 411.
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